domingo, outubro 30, 2005

Definitivamente, a Rafa está aprendendo a cozinhar. E começa do melhor jeito: com o trivial. Quem não sabe passar um bife na chapa, refogar uma cebolinha, ferver um brócoli jamais será um gourmet. Ninguém vira um grande jogador de futebol se não aprende a fazer balãozinho. Ninguém dirige um Fórmula 1 se não sabe dirigir um kart. Ninguém aprende a pilotar em um boeing. O básico é sempre o essencial.
É por isso que estou extremamente contente com as incursões semanais de minha mulher à cozinha. Semana retrasada foi peito de frango com arroz e legumes, semana passada, guisadinho com arroz e legumes e agora, franguinho desfiado refogado com arroz e legumes. Sim pode ser repetitivo, mas quantas vezes você teve de somar para aprender a multiplicar? Cada refeição é uma evolução. Se na primeira tentativa o brócoli se desmanchava na panela, agora é firme e mantém sua forma de flor. A boa cozinha sabe trabalhar com os cinco sentidos e ninguém faz um grande prato se não sabe que a vagem tem de cozinhar apenas o suficiente para exalar seu cheiro, mas não perder na água a cor, a consistência crocante e o sabor. Não há chef que tenha feito um bom canard a l`orange sem antes ter cozido centenas de frangos.
Fora que esta coisa de preparar marmitas para toda a semana é muito gostosa - e romântica, por incrível que pareça. Escolher o menu, ir para a cozinha, testar tempeiros e depois separar as comidinhas em pequenas marmitas, dosando as cores e sabores de forma equilibrada... É quase uma arte. Melhor que isso, só saber que você vai chegar em casa depois do trabalho e não terá de encarar um yakisoba Sadia.
Agora há pouco, na videolocadora, vi um antigo casal de amigos. Se conheceram há uns cinco anos. Ele, metade oriental, filho de pai japa com mãe brasileira. Ela, mulata, pêlo-duro mesmo. Agora, tudo mudou. A guria alisou os cabelos e deu para ficar com os olhos puxados - parece uma ninfetinha tailandesa.
É incrível como a convivência faz as pessoas ficarem iguais. Claro, se dois se aproximaram é porque não eram lá tão diferentes. A guria de camiseta do Metallica bem que gosta de um metaleiro cabeludo. O casal do abriguinho Adidas conheceu-se na academia, porque, enfim, ambos gostavam de estar na academia e admiravam o estilinho esportivo. E assim por diante.
Mas é inegável que a convivência vai tornando os amantes ainda mais parecidos. A tal ponto que muitas vezes já não dá para ver dois como dois, senão como um mesmo ser. É difícil imaginar Rodrigo sem Larissa, Afonso sem Magnólia, Gallas sem Clarissa (ops, esses se separaram).
Até nos gestos, nos tiques, nas bobagens, os apaixonados se entendem. Eu e a Rafa, por exemplo. Era só olharmo-nos com um olhar assim meio enviesado e sem vergonha que o diálogo pronto começava:
- Como te chamas?
- Pedro Machuca.
- Más fuerte!
- Pedro Machuca.
- Más fuerte.
- PEDRO MACHUCA!!!
Pausa de dois segundos. Os dois juntos, em côro:
- Son novios, son novios, son novios!
Natural. Tínhamos visto juntos o trailer sobre o filme, gostamos, brincamos e inventamos de repetir a besteira.
Mas não é só isso que torna os casais parecidos. Há algo, assim, inexplicável, intangível que fez a mulata virar japa. Tanto que tenho dois amigos que começaram como namorados e agora são irmãos.

sábado, outubro 29, 2005

Não perca, nesta segunda, em América: "Nossa Senhora Aparecida deixa Tião na porta do purgatório".

A pedido da Joelma
Isto é mais uma questão pro Blógui da Larissa, mas não custa tentar obter uma ajudinha aqui também. Há mais de uma semana, um peixe apodreceu na minha geladeira. O câncer foi extirpado, mas o cheiro permanece, contaminando todo e qualquer alimento posto a gelar. Pelamordedeus: que fazer? Em tempo: já tentei café. Não está adiantando muito.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Em vez de aprender a andar de pé, aprendi a me erguer. Esse é o maior perigo.
Por que a gente diz "nas costas" e "nas paleta" em vez de "na costa" e "na paleta"???
Pelo amor de Deus, não tomem suco de amora. Faz mijar preto. Depois, tem que ficar tomando água e fazendo pipi em copinho plástico para ver se é sangue. Se o pretume reduz, de copo a copo, não dá nada: é amora. Se aumentasse, acho que seria sangue e aí deve ter de ir pro hospital, né? Na dúvida, melhor evitar suco de amora.
Eu preciso de um Sonrisal. Mas Sonrisal não é o tipo de coisa que um casal recém casado tenha em casa. Sonrisal é coisa de casa de pai, de mãe, de sogro. Agora, eu juro, tivesse a Panvel da Nilo aberta, ia até ali, a pé. Desde que começou o horário de verão que eu estou assim: perdido, e de pança cheia. Alguém aí sabe por que o adiantado da hora, ou a hora adiantada, dão uma sensação de enfado? Há uns 15 dias que não durmo antes das três e nem levanto antes do meio-dia. Minha vida está alucinante. Meio-dia, bom-dia, All-Bran, carne, legumes e arroz, aftosa, aftosa, aftosa, aftosa, comida árabe ou churrasco, crepe de banana, licor ou vinho do porto... Mas sempre falta o Sonrisal. Uma das alternativas que vinha pensando para tornar as coisas um pouco melhores é ficar mais amigo dos garçons do Barranco. Eu já sou meio amigo, bem que eles podiam convidar pro futes na madruga que até há pouco tava rolando na pracinha. Uma lástima que não convidem. Acho que vou ler blogs.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Clarissa Barreto lança seu blógui: "...mas definitivamente, não esperem grande coisa. Eu não to boa, medeixem quieta. É aquela dor de cabeça de novo".
http://aspedrasdopoder.blogspot.com/

Fotinho no senado frances para descontrair...
A família do Paulinho tem uma fazenda legal. Fica na Estrada do Mar, entre as lagoas de Osório e o Rio Tramandaí. A casa é antiga e durante um tempo funcionou como hotel. Mora lá o Tio Ricardo, que é um cara boa praça. Às vezes o Paulinho vai passar um fim-de-semana lá e convida os amigos, inclusive eu. É sempre uma boa chance para descansar. Dá para caminhar pelos campos e cruzar por conchas. Dá para atravessar as plantações de arroz e chegar ao rio. Esquecendo os sangue-sugas ou os agrotóxicos, ameaças que nem sei se existem, dá para tomar banho no Tramandaí. E esquecendo os aguapés e os jacarés, dá para se jogar na lagoa, do outro lado da estrada. Se o sol tiver bom, uma das opções é ir à praia - Imbé, Capão, Atlântida Sul, é só escolher. No fim de tarde, um programão é subir no morro e ver o entardecer sobre as lagoas. À noite, rola churrasco na parrilla, cerveja gelada e, se alguém tiver paciência, uma caipirinha. De madrugada, solteiros podem ir a Osório, onde há atendentes de supermercados bonitas, ou a Imbé, onde há namoradas de surfistas e bicuíras feias, mas gostosas. Os casados podem ir para a caminha e curtir uma noite de silêncio. Mas a Rafa não gosta de ir lá, não. Acha que tem muito homem, muito trago e alguma maconha. Diz que na última vez que fomos eu nem dei atenção a ela. Considera os cachorros brabos, também. Uma pena...
A Rafa comprou filé de merluza, congelou, descongelou na pia, botou na geladeira, tirou da geladeira, sentiu o cheiro e botou no lixo. Resultado: faz uma semana que nossa geladeria tem fedor de peixe, mas não tem peixe. Aliás, o sistema de alimentação aqui de casa melhorou muito. Minha mulher aprendeu que é muito prático fazer um montão de comida de uma vez, separar em pequenas porções e botar no freezer. Agora ficou fácil. Quando dá fome, é só tirar o potinho do congelador, enfiar no microondas e comer, claro. O único contratempo é que a gente não troca o menu por cinco dias. Esta semana, é guisadinho com pirê e juliana de legumes. Adoro este nome, juliana de legumes. Falando nisso, eu tenho pavor de jornal formato standard. Me sinto sufocado com tanto papel. Na Europa, os grandes jornais estão migrando pro tablóide. Muitos passaram para uma versão standard reduzido. Por isso, achei muito legal ver o Rogério Ceni tomando aquele gol de contra-ataque depois de bater a falta. Finalmente pegaram ele com as calças na mão. E vocês notaram como o Blóguidotião está bonito? Compacto, sóbrio, sem firulas, sem figuras. Agora isto aqui tá com cara de blógui. É mesmo impressionante que 95% dos amantes falem com voz de criancinha com seus amados. Até a Isabel fica melosa. Que coisa, né?

quinta-feira, outubro 20, 2005

O mundo é injusto e só os sábios vencem. Vejam só: meu detrator, o Charles, por seu conhecimento de informática, sabe deixar lá seus posts antigos à disposição do Google. Eu, que tanto queria isso, não. Logo que iniciei este blógui, fiz um importante post restabelecendo a verdade sobre meu nobre antepassado José de Araújo Ribeiro, tão injustamente vilipendiado pelo Tabajara Ruas. Quando inseri as palavras chaves ao registrar meu site nos buscadores, fiz questão de incluir em todos a expressão "José de Araújo Ribeiro" e "Visconde do Rio Grande". Vai lá no Google e digita o nome do meu digníssimo antepassado e vê se aparece o relevante "Blógui do Tião". Agora, um post de importância histórica nula sobre mim, está sempre lá, na testa do buscador. Ó, mundo cruel.

quarta-feira, outubro 19, 2005

A perseguição frenética aos erros em ZH está atingindo minha vida privada. Não só porque passo noites sem dormir pensando naquele nome que eu posso ter trocado na matéria do dia. Mas também porque agora até os posts do blógui me apavoram. Hoje, no trajeto do trabalho para casa, uma dúvida inquietante me assaltou: seria mesmo aquela florzinha da dona do estacionamento camomila (como eu escrevera ontem aqui)? Rapaz, foram os dez minutos mais torturantes já vividos no Celta. Tanto mais depois que estacionei e manifestei minha dúvida ao guardinha do estacionamento, tendo como resposta a informação de que aquela florzinha era maçanilha. Ainda bem que antes de fazer a correção imprescindível no blógui fui pro Google e digitei "maçanilha camomila" e descobri que as duas coisas são na verdade uma, cujo nome científico parece ser "Maçanilha Chamomile". Ufa! Sei que na Internet a audiência é implacável. Aliás, até hoje digito "´sebastiao ribeiro´ jornalista" no Google, e lá aparece na primeira página um post de um blógui alheio tecendo críticas à minha pessoa.

terça-feira, outubro 18, 2005

Aliás, 50 metros do portão do prédio ao estacionamento do carro:

Abri a porta do prédio e senti o cheiro de jasmim das primaveras. Caminhei com cuidado para não escorregar na geléia formada pelas flores do jacarandá. Subi num murinho para alcançar a pitanga mais preta e mais alta da árvore. Só não colhi a camomila da dona do estacionamento porque não sou ladrão. É linda a primavera na Jaime Telles. Tem jeitinho de Rafaela.
Abro os olhos e ainda bem que tem a persiana para filtrar a luz. Devagar, por entre as lâminas, consigo distinguir o início de um temporal. Dá para ouvir os galhos chacolhando, as flores desabam, roxas. É como se tivessem vivido toda a vida só esperando aquele instante que agora tentam prolongar, o percurso do do jacarandá ao chão. Nesses segundos (dois? três?), cada flor é uma flor. Antes, lá no alto, minha vista míope nem distinguia uma da outra, eram um amontoado, roxo. Depois, na calçada, vão formar uma pasta que é divertida por ser colorida, por escorregar, por ser gosma. Mas agora, embaladas pelo vento, cada flor é uma flor. E cai. Uma, outra, outra, outra... até eu fechar os olhos. É domingo. É primavera.
Cinco lugares na Europa:
1 - Rue du Cler, Paris
2 - Pont Des Arts, Paris
3 - Bar da Tate Modern, Londres
4 - Bricabraque da Chaussée de Charleroi, Bruxelas (aos sábados)
5 - Mercado de Barcelona

sábado, outubro 15, 2005

Tava lendo a revista Flash, agora há pouco... Que motivo o cidadão tem para viver depois de comer a Daniela Sarahyba?

quinta-feira, outubro 13, 2005

A melhor coisa da Bélgica é... Sim, exatamente isto: a cerveja. Em um bar, você pode tomar algumas das melhores do mundo por 2 Euros, um pouco mais, um pouco menos. Se quiser tentar aqui no Brasil, também dá, mas o preço é salgadinho. Fui no Nacional da Lucas agora de manhã e eles têm uma gama interessante de cevas belgas e, também, irlandesas. Tem a ótima Duvel (uns R$ 20), a tradicional Leffe (uns R$ 20), a Chimay (trapista, feita por monges, uns R$ 25) e a Deus (R$ 199). Para tomar sozinho em casa, com grãos de soja transgênica tostados e salgados, de repente valha a pena. Uma boa idéia é começar com uma belga, passar para a Baden Baden, seguir com a Bohemia Confraria, depois Brahma Extra, Malt 90 e fechar com a Kayser. Que tal?

quarta-feira, outubro 12, 2005

Comer um churros de carrocinha, eis um gesto que eu acho que nunca vou ter coragem para fazer em minha vida adulta.

terça-feira, outubro 11, 2005

Cinco coisas que perdi na viagem, em ordem cronológica. O que, onde e o preju:
1. O óculos de grau que tinha comprado dois dias antes da viagem, no embarque do aeroporto de Guarulhos, R$ 250.
2. Um guia de Londres, no Design Museum, zero Libras (foi recuperado).
3. Um cartão semanal de metrô, nas ruas de Londres, 10 Libras.
4. Uma garrafa de Lemoncello italiano (presente do cunhado, que ficou com o presente dos colegas de ZH, que ficaram sem presente), no aeroporto de Guarulhos, 6 Euros.
5. Dois boarding pass que dariam direito a milhas da Varig (por Deus, eu não sabia que eles eram necessários), em algum lugar, milhares de milhas.

domingo, outubro 09, 2005

Você encontra alguém e a pergunta é inevitável: e aí, como é que tava? Eu devia mesmo ter escrito um pequeno relatório sobre a viagem de férias e então eu carregaria o texto no bolso e o entregaria ao interlocutor cada vez que inquirido. "Saímos, no dia 15. Esperamos seis horas no aeroporto de São Paulo. Dormimos na sala VIP do Banco do Brasil, a mais chinela de todas as salas VIPs - a única na qual você não tem vergonha de tirar o sapato e se atirar no sofá. Embarcamos no vôo para Paris. Estava muito quente. Chegamos no Charles de Gaulle às...etc...etc...". Fora que a gente nunca sabe contar o que rolou numa viagem, porque as coisas mais bacanas são sempre momentos simples, mas que encerram em si um sentimento normalmente inefável.
Mas uma listinha básica talvez ajude a contar as férias. Tipo: o que comprei.

1 - Um vidro grande de perfume Calvin Klein One no Free-Shop de São Paulo (44 dólares)
2 - Uma lata antiga de Kellog´s Corn Flakes num brique de rua de Bruxelas (3 euros)
3 - Um casaco apeluciado da Umbro azul e vermelho num torra-torra de uma loja esportiva de Londres (8 libras)
4 - Um livro de fotografia do fotógrafo Yann Arthus-Bertrand, com imagens do projeto A Terra Vista do Céu, em uma loja junto à exposição, em Londres (25 libras)
5 - Uma garrafa de vinho do Porto Sandeman (16 dólares) e uma garrafinha de licor Amarula (8 dólares), no Free-Shop de São Paulo
Nunca entendi aqueles amiguinhos que no tempo do colégio chegavam das férias dizendo estar morrendo de saudades das aulas. O que eu lembro é dos finais de fevereiro em Torres, as pessoas instalando os tampos de madeira nas janelas, eu deitado na rede podre de deprimido porque o fim se aproximava - ou melhor, já tinha chegado - e mesmo assim querendo levar aquele sofrimento até o fim, esticar o verão até o último minuto. Pois é assim que me sinto agora, depois de 20 dias na Europa e mais quatro sem fazer absolutamente nada em Porto Alegre, e sabendo que amanhã, 13h, estarei chegando na Zero. Acho que vou me acordar ao meio-dia.

sábado, outubro 08, 2005

Os brasileiros que moram na Europa confirmam: não existem formigas no Velho Continente.
Bah, vai todo mundo por aqui votar NÃO, né? Até eu, que costumo ser do contra.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Maldito autofocus, malditos e pequeninos visores de máquinas digitais. Logo entenderão minha queixa, amigos.
Uma mochila escolar Company, daquelas que todos desejávamos lá pelos 90s, é certamente mais resistente do que uma backpack do exército americano. A minha sobreviveu bravamente - sem arranhões - aos 20 dias de viagem, incluindo o transporte de dezenas de quilos de livros de arquitetura adquiridos em trânsito.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Pela primeira vez nos últimos dias acessei noticias do Brasil. Desde que sàí de fèrias as únicas coisas que fiquei sabendo foram os resultados dos jogos do Grêmio e a eleiçao do Rebelo. E só. gora, me deparei com um monte de coisas as quais nao entendo, tipo: como o Inter foi parar em terceiro? Que história é essa de corrupçao no futebol? Que mais de importante aconteceu nas últimas três semanas?
Volto de fèrias quinta'feira. A partr de entao, blog (bem) atualizado. Prometo.