terça-feira, fevereiro 27, 2007

Um retrato da cultura gaúcha (será?), parte I.

Fui à Sala Eduardo Hirtz, na Casa de Cultura, hoje à tarde, ver O Labirinto de Fauno (não saiam de casa para ver esse filme). Cheguei em cima da hora, acompanhado de meu amigo Marco Maciel, também de férias. Um senhor de bigode abriu a cortina que dá acesso à sala. Quando dei as costas, ele fechou. Vi-me em um breu absoluto. Não havia cordão de luz na escada, luzes indiretas no chão e talvez nem a placa "saída de mergência", sinalizações obrigatórias em cinemas "comerciais". Se uma senhora cai ali, processa o Estado e quem paga somos nós!
Meu Deus, cadê o lanterninha? Esqueceram de sinalizar a sala e extinguiram o lanterninha - nisso eles imitaram a "concorrência". Tentei ligar o celular para iluminar o chão, mas a luzinha era muito fraca. Os trêileres eram de filmes escuros (óbvio).
- Sai da frente! - rosnou uma velha atrás de mim.
Tinha gente sentada atrás de mim! Nesse momento, minha única referência era a tela. Empacado, decidi que só havia uma coisa a fazer: seguir em frente. Se o bigodudo havia me deixado ali era porque a saída não era complicada. Dei um passo. Minha pança bateu na cabeça de um senhor.
- Cuidado!
- Desculpa, desculpa.
Numa breve cena em que a tela clareou, descobri que a sala estava lotada e que o caminho para as únicas cadeiras vagas, no gargarejo, era pela direita. Tateando na parede me aproximei da tela, não sem tropeçar em algo que eu creio ter sido o extintor de incêndio. Sentamos, eu e Marco, na segunda fileira. Passado o desespero, comentamos, em baixo e mal som, o inusitado. Passava ainda o último trêiler, de forma que uma conversa sussurrada seria algo normal (ao menos no "circuito comercial").
- Shhhhhh. Cala a boca. Ó o respeito - a platéia protestou.
- Vão tudo tomar no cú bando de intelectualóides de bosta. Vão trabalhar, seus vagabundos! - eu devia ter gritado, mas me segurei.
As próximas duas horas foram de estresse térmico, devido ao forno em que se transfomou a sala (ar condicionado, não trabalhamos), e de pequenas irritações causadas pelo filme. Quando a sessão acabou, olhei para trás. Só magrinho vegetariano de óculos e cabelo despenteado. Óbvio, todos permaneceram sentados, para ver nos créditos quem tinha segurado o pau de luz na cena do bosque.
Estava de férias. Vocês devem ter reparado. Se é que vocês existem. Toc, toc, toc: tem alguém aí, do outro lado? Rafa, irmã, pai, mãe, amigos? Aliás, ainda tenho amigos? Se não, culpa minha, absolutamente minha. Confesso - "confeti, confesso que chorei". Quando foi mesmo que deixei de ser aquele ser amado e dedicado que fui aos 17, para me tornar esta pessoa dura e misantropa? "Misantropo", no feminino, não funciona, vai dizer... Tinha de ter palavra mais bonita para isso, ah tinha. Ainda se eu fosse bom de metáforas, podia lançar mão de uma, para substituir. É no que dá ter escanteado a poesia por uma vida toda. Enfim, é o que se qué, resmungava o jardineiro da minha tia.
Pois estava eu na Gamboa, quando num belo dia de chuva, que neste carnaval não teve sol, num belo dia de chuva... Putz. Cadê o verbo, cadê a ação? Isso, isso, isso, dizia o Chavez, não o Hugo. É que não houve ação nestas férias. Se foram boas? Dá preguiça até de pensar.
Sabem por que gosto da Gamboa? Não é porque ela é GamBOA. Amanhã explico. Amanhã, não.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Barbosa no campo, seu novo (já velho) lar:

- Grrrrrrr. Sou um fox terrier. Tenho 750kg de força na mandíbula. Te cago a pau, colorado.

- Ah, se eu corcoveio! Ah, se eu escaramuço (homenagem a Maria e Rodrigo).

- Hace calor, hace calor... Sou recordista mundial dos 25 metros rasos modalidade cachorrinho, sabiam?

quarta-feira, fevereiro 07, 2007


PPR na conta. Primeiro dia de férias. Vou na exposição de fotos de Pierre Verger, no Margs. Saio com um livro de R$ 170 debaixo do braço. Adoro perder o controle.
***
A propósito. Eu e a Rafa compramos um apartamento (com ajuda dos pais, óbvio). Uma coberturinha na Fabrício Pillar.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Quanto menos tempo falta para eu sair de férias, mas os segundos demoram a passar.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Há uma senhora que é nossa vizinha. Peraê, linguagem de gente: tem a véia do 402. Toda santa vez que ela vê eu ou a Rafa diz a mesma coisa.
- Tu mora muito tempo aqui?
- Sim, há mais de dois anos, dona Maria.
- Estranho, nunca te vi por aqui.
Eu sempre quero responder, mas nunca tenho coragem de dizer:
- Dona Maria, com todo o respeito, é a vigésima vez que temos esse diálogo. Creio que a senhora está seqüelada.