"Não leio blogs; só o do Tião, porque é relevante", Filipe Maia, jornalista. "Às vezes o Tião escreve direitinho", Daniel Gallas, presidente. "Não gostar do Tião é uma falha de carácter", Rodrigo Müzell, jornalista. Sebastião Ribeiro é jornalista e mora em Porto Alegre. Leva uma vida pacata com a mulher e dois filhos em um apê no alto Rio Branco. A propósito, teu cu de bobes.
quarta-feira, março 30, 2005
segunda-feira, março 28, 2005
É muito triste entrar nestes condomínios da Serra. Patético, porque você os vê não prontos, mas ainda virgens, de forma que o único pensamento que vem à cabeça é: "as mototsseras vão roncar. Neste fim-de-semana, visitei o Reserva da Serra (www.reservadaserra.com.br). Na entrada, uma sede esportiva, um club house, e que diabos é um club house?, um pórtico, tudo imitando as casas da Toscana. A pintura como se desbotada por décadas de contato com a terra italiana, com o vento italiano, com a chuva italiana, o reboco liso adornado aqui e ali por uma luminária que podia ser um lampião no século XIX, tudo isso na Canela do século XXI. Em princípio, toda imitação soa brega, kitsch, coisa de novo rico ou de velho pobre, mas dá até uma vontadezinha de gostar do faz-de-conta. Até que uma mirada no horizonte se impõe e faz cair a ficha. Araucárias, caneleiras, troncos manchados de branco, aranhas peludas, aranhas peladas, veados, diz uma placa de trânsito em uma das muitas ruas que entrecortam a mata nativa. E de vinte em vinte metros uma placa: lote Q11 - 25, Q1 - 12, Q5 - 07, sendo Q sempre uma quadra. Em cada terreno, a certeza de que o mato está com seus dias contados e de que todos vão preferir a vastidão e a ostentação de um imenso gramado a um bosque na porta de casa - como aliás já acontece nas únicas duas casas construídas. 38% da área total do condomínio será preservada. 100% da aranhas e dos veados terão de coabitar 38% do terreno - e ainda conviver com o jogging nas trilhas ecológicas. Isso dói, mas dói mais ainda saber que nem uma viva alma trepará numa caneleira para que as motosserras sejam desligadas. Não sou contra nem a favor dos condomínios, mas me doeu em algum lugar visitar essa Toscana canelense.
terça-feira, março 22, 2005
terça-feira, março 15, 2005
segunda-feira, março 14, 2005
sexta-feira, março 11, 2005
sábado, março 05, 2005
De dentro de um carro em alta velocidade, uns caras passaram na frente do Ossip e dispararam uma saraivada de tiros. Só de raiva daquela gente. Não sei se foi isso o que aconteceu. Para mim foi e basta. Entendo os atiradores. Muitas vezes tive muito ódio de publicitários e jornalistas descolados. Só nunca atirei porque não tenho arma. E quando chegava na loja de caça e pesca para comprar a pistola, a raiva já tinha passado e se transformado em amor e mesmo numa vontade de tomar cerveja no Ossip. Eu amo e odeio tanto tantas coisas, várias vezes por dia, e o que detesto agora posso estar adorando daqui a cinco minutos. Já me imaginei liquidando todos em uma fila da Touch, na praça de alimentação do Iguatemi, na pista da Hípica, no avarandado do Café do Porto, nas mesas do Mamma Mia, nas ruas da Praia da Guarda, na quadra da Imperadores, nas areias do Rosa, no Acampamento Farroupilha, na calçada do Ossip. Mas por ser volúvel me livrei de ser um sujeito que sai por aí atirando no que não gosta. Afinal, mais dia menos dia, ia acabar atirando em mim mesmo.
Tinha uma escritora agora dando entrevista na Maria Gabriela. Aí, ela perguntou pra velha:
- O que você mais gostaria que acontecesse para você hoje?
- Como? - retucou a entrevistada.
- É. O que você mais gostaria que lhe acontecesse não hoje, mas nos dias de hoje?
- Não queria nada, não. Sou uma mulher feliz, tudo de bom me acontece, minha vida é boa, escrevo meus livros, tenho meus amigos. Não queria nada mesmo.
Rapaz, e eu ali, atirado na cama, sem nada pra fazer, na maior fossa... Pelo menos fez com que decidisse pegar o Barbosa e sair um pouco pra rua. Fui. Estou indo. Tentarei ser um pouco mais feliz nos próximos 60 minutos. Eu disse "um pouco" mais feliz (partindo de uma base muito pequena).
- O que você mais gostaria que acontecesse para você hoje?
- Como? - retucou a entrevistada.
- É. O que você mais gostaria que lhe acontecesse não hoje, mas nos dias de hoje?
- Não queria nada, não. Sou uma mulher feliz, tudo de bom me acontece, minha vida é boa, escrevo meus livros, tenho meus amigos. Não queria nada mesmo.
Rapaz, e eu ali, atirado na cama, sem nada pra fazer, na maior fossa... Pelo menos fez com que decidisse pegar o Barbosa e sair um pouco pra rua. Fui. Estou indo. Tentarei ser um pouco mais feliz nos próximos 60 minutos. Eu disse "um pouco" mais feliz (partindo de uma base muito pequena).