"Não leio blogs; só o do Tião, porque é relevante", Filipe Maia, jornalista. "Às vezes o Tião escreve direitinho", Daniel Gallas, presidente. "Não gostar do Tião é uma falha de carácter", Rodrigo Müzell, jornalista. Sebastião Ribeiro é jornalista e mora em Porto Alegre. Leva uma vida pacata com a mulher e dois filhos em um apê no alto Rio Branco. A propósito, teu cu de bobes.
quinta-feira, junho 04, 2015
sexta-feira, abril 17, 2015
Nota Legal (mas nem tanto)
Pois. Como ontem passei três horas e meia da minha nem tão preciosa vida arrancando cabelos da minha nem tão basta cabeleira, tentando extrair uma nota fiscal eletrônica, tomo a liberdade, sem a licença da Lucia Porto, de usar os comentários que fiz sobre o desabafo dela e de vários contribuintes do meu feed. Quais sejam:
1.
Eu só fico louco que tem um FDP ganhando muita grana com aquela leitora de cartão, e parece que é o mesmo que ficou milionário com a troca das tomadas, fabricando benjamins e adaptadores. Porra: é uma maquininha chulé, que o Banrisul dá de graça, nos custou 50 pilas porque nosso Departamento de Compra é Ninja e foi buscar na Assis Brasil, mas na Certisign e na maioria das lojas sai por 150 paus! CENTO E CINQUENTA DILMAS vezes o número de emissores de nota em POA: gira mais dinheiro do que toda a safra gaúcha de SORGO!
2.
Eu resolvi sozinho a bronca, laralaralala! Depoia de 3 horas, me senti como se tivesse concluído a Travessia do Pontal de Tapes. Primeiro, tive de instalar o driver da leitora de cartão; depois, atualizar o Java (atenção: "atualizar o Java" não é um eufemismo sexual); depois, tive de limpar cookies (tampouco "limpar cookies") e mexer numas configurações de Java, de novo ele, seguindo um tutorial. Ato contínuo, descobri que não tinha o programa da Certisign e o instalei. Ainda assim, o problema persistia. O SAC da Certisign me mandou fazer um teste e descobrimos que a falha era da leitora de cartão, aquela dos 50 pilas. Já estava com a leitora da Certisign, aquela de 150, no carrinho virtual de compras e planejando sair correndo pra buscá-la a seguir na Oswaldo Aranha, em frente ao Julinho, quando resolvi tentar uma última cartada: colocar o cartão de cabeça pra baixo na leitora. Bingo!!! É isso: é um esquema pensado para você terminar com a sensação de que a culpa é toda sua, da sua burrice! Ora bolas, estúpido: achar que o cartão deve ser inserido com a face pra cima...
3.
A mensagem que ralou todo mundo era a da 'applet'. Pois, esta da applet eu resolvi com um tutorial, mas é impensável pensar que o contribuinte tenha de ir até esse nível de configuração para poder emitir uma nota. Disseram pra ele que era simples, que ele podia ter empresa, que com um papel e uma caneta ele emitia uma nota. Podia ser em letra de forma mesmo. Ou cursiva, até. Não aceito nada mais complexo online do que um papel e uma caneta!
sexta-feira, março 13, 2015
Pais e filhos
Hoje foi meu dia de levar o piá ao colégio. Ele recém entrou na primeira série do primeiro grau - agora diz ensino fundamental. Ainda está deslumbrado com o 'colegião'.
Cruzamos a catraca de entrada, e eu pensando... até quando?
- Meu filho, mais uns dias e já dá pra te deixar aqui na roleta, né?
- Acho que sim.
- Sabe como chegar na sala?
- Sei. Se tá sol é pra ir pro pátio de areia e se tá chovendo é na área de convivência - sim, ele disse 'área de convivência'.
Atravessamos o patiozão de mãos dadas. E eu pensando... até quando?
Assim que chegamos à entrada do pátio de areia, o João sussurra.
- Pai, olha ali a Ana...
Aqui um parênteses. Em três semanas de escola, o guri já se apaixonou por três colegas. Primeiro a Rafa, depois a Lavínia, e agora a Ana. Quando penso nisso, me dá um orgulho. Garanhão! Mas daí me reprimo. Pensamento sexista! E se ele for gay? Só fala nas gurias, nunca nos guris. Se ele for gay, tudo bem, se ele for gay, tudo bem... fico me repetindo.
Olho pra Ana, magrinha, pequenina, duas caxuxas laterais. Está com medo de ir sozinha pro pátio de areia, enrabichada nas pernas dos pais. Olho para eles, esperando uma cumplicidade que não vem.
- Então, esta é a famosa Ana?
- A-han. E esse é o João gremista?
- É!
O guri me dá um abraço apertado, de 20 segundos. Diz que me ama. Dá beijo. Às vezes ele faz isso. Fico pensando: será que vou morrer hoje? Ele previu algo? Por que esse abraço tão caloroso, assim, do nada? Até quando?..., eu penso.
Fico tonto com o abraço, com o beijo. Quando ergo a cabeça, ele já está dois metros longe. Deu a mão pra Ana. Eles se afastam no pátio de areia. De costas. Cada vez menores. Mãos dadas. Não olham pra trás. E é tão lindo!
Viro de costas e me vou. Sim, ele previu. Eu morri um pouco hoje. E também morri de amor!
Te amo, meu filho!!!