Não aguento mais Fórum Social Mundial.
"Não leio blogs; só o do Tião, porque é relevante", Filipe Maia, jornalista. "Às vezes o Tião escreve direitinho", Daniel Gallas, presidente. "Não gostar do Tião é uma falha de carácter", Rodrigo Müzell, jornalista. Sebastião Ribeiro é jornalista e mora em Porto Alegre. Leva uma vida pacata com a mulher e dois filhos em um apê no alto Rio Branco. A propósito, teu cu de bobes.
sexta-feira, janeiro 28, 2005
quarta-feira, janeiro 26, 2005
segunda-feira, janeiro 24, 2005
sexta-feira, janeiro 21, 2005
Semana passada, me irritei com a tecnoburocracia e com os preços da Vivo e decidi trocar de operadora. Quase entreguei-me à sedutora Cris - amável e insistente operadora de telemarketing da Claro, que já havia conquitado minha simpatia por causa das bolhinhas vermelhas que percorrem as mais belas praias na TV. Depois, encantei-me com a BrasilTelecom. Ontem mesmo, passei a noite pulando e (para a irritação da Rafa) cantando: "você paga num mês e não paga no outro...". Hoje de manhã, disposto a avaliar todas as propostas, liguei para a Vivo.
- O senhor tem recebido assédio de outras operadoras? - perguntou a guria do call center.
- Sim.
- Então o senhor pode estar aguardando um pouquinho que vamos estar lhe passando para a nossa "equipe de contra-ataque".
Ah, como eu amo o capitalismo!
- O senhor tem recebido assédio de outras operadoras? - perguntou a guria do call center.
- Sim.
- Então o senhor pode estar aguardando um pouquinho que vamos estar lhe passando para a nossa "equipe de contra-ataque".
Ah, como eu amo o capitalismo!
Se eu fosse o homem que planejo todas as noites antes de dormir, ah, que homem eu seria! Quantos feitos geniais teria protagonizado!
Provavelmente, se eu fosse o homem que planejo todas as noites antes de dormir, vestiria hoje a toga de juiz de direito e estaria faceiro por estar sendo transferido da comarca de Não-Me-Toque para São Leopoldo. Ou então: quanto dinheiro teria ganho eu fazendo com o Tiago vídeos institucionais para as maiores cabanhas do país. De todo o modo, seria um intelectual, leria dois livros por semana e escreveria belos artigos, crônicas e textos publicados nos melhores jornais do país.
Se eu fosse o homem que planejo todas as noites antes dee dormir, a Ana Gabriela teria sabido do meu amor naquele Natal de 95, o Tamper teria levado uma bordoada quando se achou dono da rua e pegou meu skate emprestado sem pedir, a Camila e a Márcia se impressionariam com a minha desenvoltura nas reuniões dançantes que nunca tive coragem de ir.
É justamente antes de dormir que construímos nossas utopias. Não é durante o sono que sonhamos; é um pouco antes do torpor. Porque quando sonhamos, no fundo, sabemos que estamos sonhando. Ao contrário, rolando na cama de cá para lá, de lá para cá, nossos sonhos se tornam possíveis - e somos capazes de tudo: de reconstruir nossas vidas, de correr três vezes por semana na praça da Encol, de escrever aquela matéria sobre o culto ao santo Cruzeiro na zona sul de Porto Alegre, de chamar o Rigotto para um tete-a-tete e explicar, por A mais B, porque uma TV estatal não funciona.
Mas de manhã, quando acordamos, puf: tudo isso se esvai, entra pelo ralo, percorre a tubulação do DMAE, cai no dilúvio, deságua no Guaíba e evapora. Nossos planos, há poucas horas tão exequíveis esbarram em tantas coisas - isso quando não nos soam como ridículos, absurdos ou, no mínimo, irrealizáveis.
Mas, ah, se a humanidade fosse o que os homens planejam todas as noites antes de dormir...
Provavelmente, se eu fosse o homem que planejo todas as noites antes de dormir, vestiria hoje a toga de juiz de direito e estaria faceiro por estar sendo transferido da comarca de Não-Me-Toque para São Leopoldo. Ou então: quanto dinheiro teria ganho eu fazendo com o Tiago vídeos institucionais para as maiores cabanhas do país. De todo o modo, seria um intelectual, leria dois livros por semana e escreveria belos artigos, crônicas e textos publicados nos melhores jornais do país.
Se eu fosse o homem que planejo todas as noites antes dee dormir, a Ana Gabriela teria sabido do meu amor naquele Natal de 95, o Tamper teria levado uma bordoada quando se achou dono da rua e pegou meu skate emprestado sem pedir, a Camila e a Márcia se impressionariam com a minha desenvoltura nas reuniões dançantes que nunca tive coragem de ir.
É justamente antes de dormir que construímos nossas utopias. Não é durante o sono que sonhamos; é um pouco antes do torpor. Porque quando sonhamos, no fundo, sabemos que estamos sonhando. Ao contrário, rolando na cama de cá para lá, de lá para cá, nossos sonhos se tornam possíveis - e somos capazes de tudo: de reconstruir nossas vidas, de correr três vezes por semana na praça da Encol, de escrever aquela matéria sobre o culto ao santo Cruzeiro na zona sul de Porto Alegre, de chamar o Rigotto para um tete-a-tete e explicar, por A mais B, porque uma TV estatal não funciona.
Mas de manhã, quando acordamos, puf: tudo isso se esvai, entra pelo ralo, percorre a tubulação do DMAE, cai no dilúvio, deságua no Guaíba e evapora. Nossos planos, há poucas horas tão exequíveis esbarram em tantas coisas - isso quando não nos soam como ridículos, absurdos ou, no mínimo, irrealizáveis.
Mas, ah, se a humanidade fosse o que os homens planejam todas as noites antes de dormir...
quinta-feira, janeiro 20, 2005
No meu armário na casa de meus pais repousam dezenas de camisas que resolvi não levar pro meu apê. Todas elas xadrez ou listradas. Se eu as usasse hoje, certamente seria alvo de chacota - caipira e empacotador do Dosul seria o mínimo que sobraria para mim. Mania esta que temos de cuspir nos pratos que comemos! Não faz muito - menos de dez anos - estávamos no Le Cap Ferrat e depois no Saigon e depois ainda no Dado, todos uniformizados.
Corta. Teve um reveillon em Punta que passamos na casa de uma gente muito fina. E isto que vou contar seria normal se não fosse verdade. Mas, juro, não há exageros nesta história para torná-la mais atraente: das 40 pessoas da festa, apenas minha família não vestia Ralf Laurent. Juro. Me senti muuuuito envergonhado com o jacarezinho no peito. Era como se todos aqueles cavalinhos o estivessem encarando ameaçadoramente. Imagina meu tio, que tem mania de tirar as costuras das marcas, que mico! Descorta.
E as gurias adoravam o xadrez e o listrado, parece que julgavam-nos pelo vestir: quanto mais jeca, mais chique éramos. Misturar uma calça creme com uma camisa xadrezinha vermelha e branca e azul era o auge do bom gosto e indicava um nível elevado de mauricice. E eu me esforçava para comprar camisas xadrez cada vez mais bonitas. Até hoje me orgulho de uma - Diesel, eu acho - comprada em Buenos Aires, cuja mistura de laranja, azul e branco é única. Está certo que parece um pouco roupa de palhaço, mas que roupa de palhaço! Juro: ainda hoje a acho bonita, embora perca em conforto para uma meio de flanela da Elle et Lui azul, verde e branca que costumava usar.
Corta. Lembram Elle et Lui? Ainda existe no Rio eu acho, mas sei que já não é a mesma. A loja aqui de Porto Algre ficava no Iguatemi, cheia de espelhos. As vendedoras davam cafezinho pra minha mãe e balas para mim. Rapaz, se eu soubesse naquele tempo o valor que tinham aquelas camisas pólo, teria comprado um estoque para a vida toda. Aquele logotipo pequenino azul, branco e vermelho - a bandeira da França - é tudo. A marca mais elegante e discreta que já vi. É como Tommy Hilfiger sem ser Tomy Hilfiger. Usar Elle et Lui era (é) dizer: "olha, eu não me preocupo com marca, gosto de discrição e qualidade, sou chique, mas não sou exibido". Eu sempre soube disso! O Andrei Kampff também. Descorta.
Sabem que estou tomando coragem de reativar minhas camisas xadrez e listradas? É um absurdo mesmo deixar de lado tanta roupa boa só porque elas não estão mais na moda. Isso mesmo: vou levá-las para a Jaime Telles. Aguardem: o empacotador do Dosul vem aí!
Corta. Teve um reveillon em Punta que passamos na casa de uma gente muito fina. E isto que vou contar seria normal se não fosse verdade. Mas, juro, não há exageros nesta história para torná-la mais atraente: das 40 pessoas da festa, apenas minha família não vestia Ralf Laurent. Juro. Me senti muuuuito envergonhado com o jacarezinho no peito. Era como se todos aqueles cavalinhos o estivessem encarando ameaçadoramente. Imagina meu tio, que tem mania de tirar as costuras das marcas, que mico! Descorta.
E as gurias adoravam o xadrez e o listrado, parece que julgavam-nos pelo vestir: quanto mais jeca, mais chique éramos. Misturar uma calça creme com uma camisa xadrezinha vermelha e branca e azul era o auge do bom gosto e indicava um nível elevado de mauricice. E eu me esforçava para comprar camisas xadrez cada vez mais bonitas. Até hoje me orgulho de uma - Diesel, eu acho - comprada em Buenos Aires, cuja mistura de laranja, azul e branco é única. Está certo que parece um pouco roupa de palhaço, mas que roupa de palhaço! Juro: ainda hoje a acho bonita, embora perca em conforto para uma meio de flanela da Elle et Lui azul, verde e branca que costumava usar.
Corta. Lembram Elle et Lui? Ainda existe no Rio eu acho, mas sei que já não é a mesma. A loja aqui de Porto Algre ficava no Iguatemi, cheia de espelhos. As vendedoras davam cafezinho pra minha mãe e balas para mim. Rapaz, se eu soubesse naquele tempo o valor que tinham aquelas camisas pólo, teria comprado um estoque para a vida toda. Aquele logotipo pequenino azul, branco e vermelho - a bandeira da França - é tudo. A marca mais elegante e discreta que já vi. É como Tommy Hilfiger sem ser Tomy Hilfiger. Usar Elle et Lui era (é) dizer: "olha, eu não me preocupo com marca, gosto de discrição e qualidade, sou chique, mas não sou exibido". Eu sempre soube disso! O Andrei Kampff também. Descorta.
Sabem que estou tomando coragem de reativar minhas camisas xadrez e listradas? É um absurdo mesmo deixar de lado tanta roupa boa só porque elas não estão mais na moda. Isso mesmo: vou levá-las para a Jaime Telles. Aguardem: o empacotador do Dosul vem aí!
quarta-feira, janeiro 19, 2005
terça-feira, janeiro 18, 2005
Chegou aqui:
"A maioria dos profissionais americanos que recebe US$ 75 mil ou mais por ano trabalha em mesas bagunçadas. 2/3 dos que ganham US$ 35 mil ou menos por ano se confessam obcecados por arrumaçao. As informaçoes sao de pesquisa da Ajilon, de recursos humanos. O estudo diz ainda que profissionais com melhor formaçao acadêmica sao mais bagunceiros do que aqueles que tiveram menos formaçao."
"A maioria dos profissionais americanos que recebe US$ 75 mil ou mais por ano trabalha em mesas bagunçadas. 2/3 dos que ganham US$ 35 mil ou menos por ano se confessam obcecados por arrumaçao. As informaçoes sao de pesquisa da Ajilon, de recursos humanos. O estudo diz ainda que profissionais com melhor formaçao acadêmica sao mais bagunceiros do que aqueles que tiveram menos formaçao."
Que raiva da badalação sobre a morte do brasileiro no Aconcágua. A TV chegou a esperar o corpo do tal no aeroporto. Coisa mais previsível é morrer, quando se escala um dos mais altos picos do mundo. Enquanto nos interessávamos pelo alpinista, dezenas de brasileiros seguiam sumidos em meio aos restos do tsunami. Esses, sim, são uns coitados. Queriam sombra e água fresca. Não tiveram a mínima culpa pela própria morte. Tou nem aí pro aventureiro.
terça-feira, janeiro 11, 2005
domingo, janeiro 09, 2005
sexta-feira, janeiro 07, 2005
Do Lá Nacion:
Argentino sobrevive a megaterremoto, 11 de setembro e tsunami
O jornal La Nación, de Buenos Aires, conta nesta sexta-feira a história do argentino que sobreviveu a um terremoto, aos ataques de 11 de setembro de 2001 e, agora, aos tsunamis na Ásia.
Jorge Fallus, de 62 anos, estava na Cidade do México em 1985 quando um terremoto matou 30 mil pessoas. Em 2001, ele estava perto do World Trade Center, em Nova York, durante os atentados.
Na semana passada, Fallus estava em Phuket, na Tailândia, passando as férias quando a cidade foi atingida por um tsunami.
Fallus diz ao jornal que, depois de 35 anos passando as férias sempre no Brasil, decidiu justamente neste ano ano variar um pouquinho e experimentar a Tailândia, onde chegou com sua família na noite anterior à tragédia.
"Meus amigos me dizem: Avise onde você vai passar as férias, que a gente vai para o outro lado", disse Fallus ao La Nación.
Argentino sobrevive a megaterremoto, 11 de setembro e tsunami
O jornal La Nación, de Buenos Aires, conta nesta sexta-feira a história do argentino que sobreviveu a um terremoto, aos ataques de 11 de setembro de 2001 e, agora, aos tsunamis na Ásia.
Jorge Fallus, de 62 anos, estava na Cidade do México em 1985 quando um terremoto matou 30 mil pessoas. Em 2001, ele estava perto do World Trade Center, em Nova York, durante os atentados.
Na semana passada, Fallus estava em Phuket, na Tailândia, passando as férias quando a cidade foi atingida por um tsunami.
Fallus diz ao jornal que, depois de 35 anos passando as férias sempre no Brasil, decidiu justamente neste ano ano variar um pouquinho e experimentar a Tailândia, onde chegou com sua família na noite anterior à tragédia.
"Meus amigos me dizem: Avise onde você vai passar as férias, que a gente vai para o outro lado", disse Fallus ao La Nación.
quinta-feira, janeiro 06, 2005
quarta-feira, janeiro 05, 2005
terça-feira, janeiro 04, 2005
Diz que enfim vão começar a erguer o Shopping Cristal ao lado do Jockey. Não conheço o projeto, mas morro de medo. Aquela é uma área bonita, abandonada e mal explorada de Porto Alegre. Tenho receio de que encravem ali outro caixotão asqueroso como aquele Big Cristal. Por outro lado, um empreendimento bem desenhado podia dar vida não só à região, mas também ao prado. Imaginem um barzinho transado com vista para as pistas e possibilidade de apostas fáceis - nada daquele jargão turfístico, dos tradicionais aficcionados, enfim, dos placês, trifetas e quadrifetas que afastam o cidadão comum das corridas de cavalo. Tudo isso em um prédio bonito com vista para o Jockey e para o Rio.
Aliás, vocês sabiam que o projeto do Jockey de Porto Alegre - de um arquiteto ururguaio chamado Fresnedo Siri - é badaladíssimo pelos entendidos? Dizem que o prédio é lindo, leve, com vigas de metal finas como fios e muito vidro, interligando o rio e as pistas e blá blá blá blá blá...
Aliás, vocês sabiam que o projeto do Jockey de Porto Alegre - de um arquiteto ururguaio chamado Fresnedo Siri - é badaladíssimo pelos entendidos? Dizem que o prédio é lindo, leve, com vigas de metal finas como fios e muito vidro, interligando o rio e as pistas e blá blá blá blá blá...