Quando me dei por conta, tinha uma floresta dentro do meu apartamento. A Amazônia de Petrópolis começou sorrateiramente. Para ser preciso, nem matéria orgânica existia em sua gênese. Simplesmente, viajei por uma semana e ao chegar me deparei com a parede da sacada que não é sacada mas sim churrasqueira pintada de verde. Verde-pistache, verde-limão-verde. Achei bonito. Não sabia para onde aquilo evoluiria.
Condescendente, aceitei a primeira árvore - uma palmeira que deixou mais verde a sacada verde. Daí por diante, não sei como as coisas se deram. Hoje, olho para sacada (que não é sacada...) e só vejo plantas. Um vaso de tostão que cresce só para um lado, o lado da janela, o lado da luz, e simplesmente não pára de crescer. Três suculentas que uma vez por mês têm de ser encharcadas para então ser esquecidas por mais trinta dias até ser encharcadas de novo. Um vaso com umas folhas verdes e umas flores rosas envolto em um papel celofane escandalosamente... verde. Umas gérberas que morreram, mas prometem ressuscitar. Uma orquídea que só cresce para cima, fina e longa como uma varilha de catavento. E, por fim, minha plantinha que fica no parapeito, onde, não importa a chuva ou o vendaval, permanece inabalável, sem nunca ter tentado suicídio.
Não gosto muito da floresta de minha casa, mas, enfim, sou refém dela. Afinal, o que se pode fazer contra estas pobres plantas que alguém um dia pôs aqui?
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