sábado, fevereiro 18, 2006

À direita da saída da porta dos fundos da casa de Tramandaí dos pais da Rafa falata uma laje do piso. É um espaço de 50 centímetros por 50 centímetros com terra, no canto de um pátio calçado. Trata-se do menos de metro quadrado mais fértil do mundo. Do mundo.
No verão de 2005, a conta no aramazém da Gorda, que é parenta do Bino, que também tem armazém, a uma quadra dali, sofreu uma redução de 4%. Não foi preciso comprar um único tomate. Quando chegamos para a temporada (naquele tempo ainda se fazia temporada de praia) havia um enorme tomateiro. Um arbusto vergado de tanta fruta, com mil e uma ramificações, que deu para o verão inteiro e mais um pouco. A planta foi recebida de bom grado por todos, e não poderia ser diferente, mas instalou-se uma discussão sobre a origem dela. Até que a vó Wally matou a charada: ao lado da porta se punha o lixo e no lixo havia tomatos e tomatas, de forma que um tomato se apaixonou por uma tomata, uma sementinha surgiu e ali mesmo germinou.
Neste verão, o verão de 2006, chegamos para o primeiro fim-de-semana (já não se faz temporadas como antigamente), e novamente uma surpresa atrás da porta: um arbusto de funcho. É, funcho, tipo erva doce, pra fazer chá ou mascar feito caubói gay. Desta vez, a conta na Gorda não baixou, ninguém compra funcho, mas a discussão sobre a origem da planta voltou a se instalar rompendo a paz da família. Até que novamente a vó, desta vez a Alice, veio com a explicação. Era praxe jogar erva mate - sempre enriquecida com chazinhos - para nutrir o tomateiro, de forma que um funcho misturado no chimarrão encontrou uma funcha e deu no que deu.
Que será que as velhas vão jogar atrás da porta neste ano?

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