Fui na nutricionista. Esporadicamente, vou na nutricionista. Não funciona, eu sei. A culpa é minha, só minha. Mas, sei lá, eu e a nutricionista, a gente se dá bem, bate-papo, faz piada. Mais importante: é só no consultório que tomo coragem para subir na balança. Acho que ando meio mulherzinha, mesmo, me preocupando com estas coisas de corpo. Enfim...
O seguinte: tou meio pesado. Muito pesado. Pra não dizer gordo, palavra grotesca. Ok, Ok, eu (quase) sempre fui gordo, e ainda mais gordo que a maioria pode pensar. Nenhuma novidade, então. Apenas uma revolta com as regras da vida.
Porque, ano passado, andei meio mal. Down, deprê, na fossa. Por uns bons três meses. Nessa época, sem esforço algum, emagreci quase dez quilos. Cheguei perto do peso ideal. Olha, nem quero o peso ideal, não sou de utopias. Sempre quis um peso normal, e era justo o que tinha atingido. Mas quanto mais bonito ficava meu corpo, mais baços e menos capazes de ver a beleza do mundo ficavam meus olhos. De que adianta ser magro e triste? Pergunta que me faz lembrar a frase do Tim Maia citada na biografia escrita pelo Nelson Motta e que foi reproduzida pela Veja. Pois o Síndico resolveu iniciar um regime: “em duas semanas de dieta, perdi 14 dias”, concluiu ele.
Agora, a minha última visita à nutricionista me fez perceber uma cruel relação entre felicidade e peso. Porque, sim, eu ando muito feliz. Domingo, cheguei a abrir uma champanha às 11 da manhã para celebrar a vida, o sol, as plantas e a mangueira da minha laje (ok, a champanha era da marca Garibaldi, podre de ruim e de bagaceira, e me deixou abobado o resto do dia, mas isso é detalhe). Parece não haver dúvidas de que a felicidade é diretamente proporcional ao peso, ou, por outra, o peso é diretamente proporcional à felicidade.
Isso não é uma tese infundada. É conclusão científica, baseada em anos de observação de um ser – no caso, eu mesmo – submetido a diferentes condições psíquicas. A ligação entre gordura e felicidade faz parte do ser humano. Quanto mais feliz o vivente fica, mais ele tem vontade de comer, menos ele tem culpa por sentir prazer e, por isso mesmo, mais feliz ele fica. Donde concluo que esta obsessão moderna pelo corpo e pela magreza vai contra as regras da natureza. De novo, estamos querendo questionar o que Deus criou.
Eu queria terminar este post aqui. Mas minha sinceridade não permite. Tudo bem, eu confesso: comecei academia. Mas não deixei e nunca vou deixar de achar exercícios físicos uma tortura. Ok, um futebolzinho, uma partida de padel até valem a pena – e se valem. Mas jogging, bicicleta, musculação, natação e outros esportes individuais são para matar. De tédio. De sofrimento.
Não entendo como tem gente que pode ficar feliz correndo. Dizem que exercícios ajudam na produção de serotonina, susbtância associada à felicidade. Mas chocolate também é ótimo para ativar esta tal serotonina.
Tudo bem que depois de uma corrida ou uma nadada se tenha uma sensação de prazer. Claro, o esportista se martiriza por minutos e depois se regogiza com o fim do sofrimento. Como o cara da propaganda que pede pastel seco no deserto e depois acha Teen a melhor coisa do mundo. No esporte, o sofrimento causado pela prática é sempre muito mais duradouro e intenso do que um possível prazer que possa ser gerado.E se o lance é ter prazer, porque não buscar o prazer sem sofrimento? Como? Por exemplo: com um chope bem gelado acompanhado de uma costela gorda.
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