quarta-feira, outubro 28, 2009

O Paulo Franken era fotógrafo lá de ZH. Gente boa e figuraça. Tem mais cara de indiano do que qualquer indiano. Mas é brasileiríssimo, acho. Lembrei dele porque minha sócia Clarissa Barreto disse que em uma época braba havia dias nos quais a única pessoa que lhe perguntava "tudo bem?" era uma assessora dada a simpatias em relises enviados para toda a imprensa. 
Antes de explicar a relação, deixa eu dizer uma do Franken. Ele tava numa pauta no Centro com o Alexandre de Santi quando de repente, sem avisar, ou pedir licença, dirigiu-se à lotérica. Diante da perplexidade do repórter com a atitude intempestiva, o fotógrafo, pintando os numerozinhos da Mega, apenas disse, ou melhor, sentenciou em tom definitivo e irrebatível:
- É a única saída...
O Franken era chegado em uma melancolia. Estava definhando, a pele amarela, tinha problema no fígado. Ou no rim, nunca sei a diferença. Até que teve de se operar e se aposentou, por invalidez, acho. Meses depois foi visitar a ZH de bermuda, todo arrumadinho, 20 anos mais jovem, um sorrisão no rosto, jeito de guri. 
Agora sim, a relação do Franken com a constatação da Clarissa. Em sua fase melancólica, estávamos saindo eu e ele para uma pauta. Nas escadas de ZH, passou um colega de longa data e o saudou efusivamente.
- Grande Franken! Como tá?
O fotógrafo não esboçou reação. Nem um alô. Nem um aceno. Passou reto e segundos depois apenas rosnou.
- Perguntar como eu estou hoje em dia é até uma falta de respeito.
Adoro esta frase!
 

2 comentários:

  1. eu penso igualzinho a ele. de vez em quando. ;)

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  2. grande lembrança essa, a do tudo bem. e excelente frase

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