domingo, junho 13, 2010

Já era cego. Fiquei ainda mais. Foi uma conjuntivite. Das brabas. Infernal. Olhos vermelho, chatos e gosmentos por duas semanas. Já faz mais de 15 dias que me recuperei. Mas ficaram sequelas. Se havia alguma dúvida, já não há: sou um sequelado. Desde a maldita, não enxergo direito. Não que eu enxergasse antes, claro. Mas calhou de o João quebrar meu óculos justo agora. Hoje mesmo, fui ao supermercado, desprovido de muleta ótica. Um carro andava em zigue-zague a 100km/h na 24 de outubro. Liguei pro 190. Mas óbvio, não consegui dizer nem a marca, nem a placa. Depois, no meio das bergamotas, me aparece uma amiga. Sorrindo.
- Oi. Como é que tá? Como é que tá a Rafa?
- Tudo bem. E contigo? E o pecorrucho, como está?
- Er*... Ahn... Ainda não temos filhos, mas é por uma boa razão.
Putz, troquei as bolas. Confundi a guria com uma prima, a Bibs (a minha prima, não o chocolate). Ainda por cima, estou até agora com esse "é por uma boa razão" na cabeça. Que raios a guria queria dizer com isso? Mas vá perguntar depois de ter trocado as bolas! Não que se eu tivesse nas condições de visão pré-conjuntivite eu a teria reconhecido certo. Mas seria mais provável. Ao menos eu teria tido mais tempo entre o avistar um rosto familiar e a aproximação para pensar, refletir sobre a verdadeira identidade da pessoa. Pior é que nem posso fazer óculos novos. Estou louco pra ir na Valéria, da Masson do Moinhos (queria até falar mais dela aqui, deixa pra depois), ver uma armação e uma lente novas. Mas a Dra. Carla, minha oftalmologista, colega da Dra. Maria Cláudia, as duas são bem bonitas e atendem ali na Clínica Visão, na Bordini, é só estacionar no Zaffari e depois comprar um vinho pra disfalçar, mas, enfim, a Dra. Carla recomendou que eu postergasse a encomenda dos óculos. Foi uma forma delicada de dizer: você pode ficar assim, cegueta, pra sempre, amiguinho, portanto, empenhe-se em pingar o colírio cinco vezes ao dia,
Resta a mim, então, curtir minha hipermiopia (não confundir com hipermetropia). Afinal, há uma certa beleza em enxergar assim, distorcido. Dizem que naquele filme, Janela da Alma, um documentário, falam disso. Nunca tive paciência de ver. Uma vez, na Fabico, estavam exibindo-o para um grupo de cegos (ou seria de surdos?). Enfim, vi cinco minutos e achei um saco. E uma mentira. O que pode ter de belo em ver tudo feito debaixo d'água, as luzes da cidade como eternas estrelas de Natal, as árvores, um tronco marrom com uma massa verde unicolor em cima. O míope não vê as folhas, os muitos sóis que batem nelas, os contrastes. O míope vê um borrão.
Agora, por favor, vamos parara de palhaçada e alguém instala um limpador de parabrisas na minha retina (ou seria córnea?)! 

* Vai dizer, "er" só se diz em gibi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário