quarta-feira, abril 24, 2013



Se você pensa que cachaça é água...

Era no tempo das marchinhas. E dos bailes. Quando ainda se dizia "pular" carnaval.

Ô balancê, balancê...

Só se dizia. Porque naquele 1995 dançava-se de um modo muito peculiar. Caminhando. Um folião podia andar quilômetros em uma mesma noite. Em círculos.

Chegou, a turma do funil...

É difícil explicar uma rodinha de Carnaval. Na Sapt, em Torres, tinha um raio de mais ou menos seis metros. Os foliões dançavam abraçados, em fileiras que convergiam ao centro.  Sempre andando em círculos. Era mais ou menos como uma roda de moinho.

As águas vão rolar...

No centro da rodinha ficavam os guris. E as gurias mais despudoradas. Fingindo não sentir uma, duas, três, dez mãos alheias, roçando-lhes a bunda. Tirando melzinho.

Caiu na rede é peixe...

Nas escadas, nos corredores, nas sacadas, um tempo para a contabilidade. E aí, quantas? Oito! Bah! E tu? Peguei quatro. Até agora. Hahaha. E tu, Bastião? Duas.

Tem francesinha no salão...

Ela usava uma camiseta do Penharol. A clássica, listras amarelas e pretas. Cabelos castanhos, uma tranca escorrendo por cada lado do rosto já lavado de suor - mas isso é só imaginação. A verdade é que não lembro. Deu uma, duas, três voltas na rodinha. Vou ou não vou? Quatro, cinco voltas. Não fui. Ela escapou da roda, parou na minha frente e me beijou. Beijo roubado, beijo de língua, beijo raspado.

A Canoa virou...

Assim como apareceu, se foi. Sem dizer nada.


Um pierrot abandonado...

Foi meu primeiro beijo.

Bandeira branca, amor...

Só sei que foi no carnaval de 1995, na Sapt, em Torres. E que ela vestia uma camiseta do Penharol.

Pã-pã-pã-pã-pã-pã!

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