"Não leio blogs; só o do Tião, porque é relevante", Filipe Maia, jornalista. "Às vezes o Tião escreve direitinho", Daniel Gallas, presidente. "Não gostar do Tião é uma falha de carácter", Rodrigo Müzell, jornalista. Sebastião Ribeiro é jornalista e mora em Porto Alegre. Leva uma vida pacata com a mulher e dois filhos em um apê no alto Rio Branco. A propósito, teu cu de bobes.
terça-feira, junho 22, 2004
Já tinha decidido. Não iria escrever nada aqui sobre a morte do Brizola, porque simplesmente não tenho nada de relevante a dizer sobre isso. Tinha até pensado em lembrá-los de que ele era meu tio-avô emprestado, marido da irmã da minha avó, que era irmã de um cara que já foi Presidente da República. Mas daí pensei: devem haver uns quinhentos sobrinhos-netos emprestados do Brizola. Cogitei falar sobre a função que enfrentaremos nos próximos dias: vela no Rio, os jornalistas ouvem amigos e políticos, seguem o corpo até o aeroporto (como se ele fosse fugir), outros o esperam no Salgado Filho, para segui-lo até o Piratini e, novamente, ouvir amigos e políticos e acompanhá-lo, de novo, até o aeroporto, até que ele embarque para São Borja, para ser, mais uma vez, recepcionado pelos jornalistas e pela família... Mas daí pensei: todos os meus colegas estão pensando nisso e torcendo para serem ou não serem escalados para tão magnífica e edificante cobertura. Considerei a possibilidade de escrever sobre quando eu fui para São Borja, recebê-lo na sua chegada do exílio, das lembranças que tenho da parede mofada do quarto em que, bebê de colo, descansava, enquanto os figurões recepcionavam o Grande Líder na sala de estar. Mas daí pensei: pra que brincar de mentir de novo (vai que alguém pense que eu estou mentindo sem brincar) ? Óbvio que não me lembro de quando eu tinha um ano ! Tive vontade de reproduzir histórias da ditadura, contadas pelos meus pais, envolvendo o Brizola; de falar que eu o achava um cara divertido, engraçado; de dizer que ele nunca representou absolutamente nada para mim; de lembrar das vezes que o entrevistei, de como falava, de como era chato e simpático ao mesmo tempo. Mas daí pensei: nada que eu falar será novo, relevante, importante, digno de um post. Até que li o blog da Mariela e constatei que ela dedicou umas linhas ao Brizola. E então pensei: a gente sempre tem vontade de dizer alguma coisa quando caras como esse morrem. Nem que seja: "Bah, ele morreu". Eu não sou anormal ! Eu só queria escrever um post sobre o Brizola, porra !!!! Desculpem-me.
Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu
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