Quando a edição passa a faca no teu texto, quando transformam uma matéria de produção em notícia, só te resta espernear e usar o blógui.
As meninas de ouro
As ginetas de ouro
Elas têm muito em comum, admiravam-se mutuamente, mas nunca tinham se falado. Até quinta-feira, quando o Blógui do Tião promoveu um encontro, no Parque Assis Brasil, em Esteio.
- Oi. Te conheço por fotos – apresentou-se, com despretensiosa intimidade, a gaúcha Eliana Sussenbach, 27 anos, primeira mulher a ir a uma final de Freio de Ouro, há exatos 10 anos.
- E eu já te vi muitas vezes. Lembro bem que te olhava competir e pensava: "quero ser como esta menina". Tu tinhas cabelos bem longos na época – lembrou a uruguaia Soledad Ferreira, 34 anos, única mulher entre os 36 ginetes do Freio de Ouro deste ano.
Fisicamente, as duas ginetas têm pouco a ver uma com a outra. A castelhana é loura, tem a fala firme e decidida e a pele marcada de quem passa horas montando debaixo do sol. A brasileira é morena, tem a voz craquelada e a tez bem cuidada de quem trocou as gineteadas pela faculdade de medicina e hoje faz residência em dermatologia.
As diferenças, no entanto param por aí. Ainda crianças e adolescentes, ambas trocaram verões na praia por férias na fazenda, em volta de cavalos. Uma paixão tão forte que superou até mesmo a descrença da família.
- Quando eu era pequena, dizia que um dia seria domadora e ninguém me levava a sério – conta a hoje a agrônoma e domadora Soledad.
O sonho infantil começou a se tornar realidade quando, por volta de 1994, aos 23 anos e quase formada, a uruguaia foi convidada para treinar cavalos na fazenda de uma amiga da mãe. A história ficou ainda mais séria em 2002, quando abriu um centro de treinamento próprio, no município de Entre Rios, e classificou o primeiro animal para a final do Freio de Ouro, experimentando uma glória já vivida por Eliana.
- Eu entrava na pista e já começavam a bater palma e a gritar. No final, ainda ficavam de pé para aplaudir – lembra, arrepiada, a brasileira.
Em 1995, Eliana classificou o cavalo Relâmpago Tupambaé para a final. O feito causou surpresa e os organizadores da competição tiveram de se reunir para discutir se se permitia ou não uma mulher entre os homens. No fim, Eliana se apresentou de igual para igual em Esteio e fez bonito na prova de paleteada – a mais "dura" e perigosa de todas, na qual dois ginetes em alta velocidade têm de conduzir um terneiro em linha reta.
- Antes da prova, fiquei sabendo que minha dupla estava insegura, que tinha perguntado: "como é que eu vou paletear com uma menina?". Daí, meu treinador, o Vilson Souza, disse para eu já sair prensando o terneiro, para me impor. No fim, tiramos uma nota super boa – lembra Eliana.
Hoje, a meta da médica, que agora só monta por lazer, é classificar o filho de Relâmpago, que cria na fazenda da família, em Bagé, para uma final do Freio de Ouro. Já Soledad é mais ambiciosa.
- Meu primeiro sonho era me classificar para o Freio. Meu segundo sonho é ganhar o Freio – arremata a uruguaia, que apresenta-se com o colete número 12, montando a égua Del Paye Pa´Que Llores.
"Não leio blogs; só o do Tião, porque é relevante", Filipe Maia, jornalista. "Às vezes o Tião escreve direitinho", Daniel Gallas, presidente. "Não gostar do Tião é uma falha de carácter", Rodrigo Müzell, jornalista. Sebastião Ribeiro é jornalista e mora em Porto Alegre. Leva uma vida pacata com a mulher e dois filhos em um apê no alto Rio Branco. A propósito, teu cu de bobes.
domingo, agosto 28, 2005
quinta-feira, agosto 25, 2005
quarta-feira, agosto 24, 2005
Cheguei em casa e me deparei com o seguinte bilhete, afixado sob uns imãs na geladeria.
Abre aspas:
"Gordo (sou eu*),
Regras básicas da boa convivência:
- Fechar o corn flakes (ele fica mole)
- Fechar a pasta de dentes (ela fica dura)
- Guardar o leite aberto na geladeira
- Fechar o desodorante
- Colocar o lixo podre na lixeira
- Arrumar a cama todos os dias
- Pagar a conta de luz em dia"
* Nota do digitador
Abre aspas:
"Gordo (sou eu*),
Regras básicas da boa convivência:
- Fechar o corn flakes (ele fica mole)
- Fechar a pasta de dentes (ela fica dura)
- Guardar o leite aberto na geladeira
- Fechar o desodorante
- Colocar o lixo podre na lixeira
- Arrumar a cama todos os dias
- Pagar a conta de luz em dia"
* Nota do digitador
sábado, agosto 20, 2005
Quinta-feira de manhã. Me acordo ligeiro, enfio uma roupa, boto o Correinho debaixo do braço e me toco para a terapia. Na sala de espera, consigo dar só uma bizoiada na editoria de Rural. O suficiente para descobrir que eu trocara o nome de uma fonte na matéria para a Zero. O nome do cara era Fábio – como estava no Correio – e eu pusera Alexandre. Não, não foi um erro despropositado, como fiz esses dias, quando sumária e arbitrariamente chamei Cristiano de Antônio. Fábio e Alexandre são irmãos (primos?), são leiloeiros rurais, têm o mesmo sobrenome (Crespo) e são crespos. Mas, enfim, era um erro e teria de ser corrigido.
Pronto. Qualquer variação da palavra “correção” já me deixa desesperado. ZH anda numas neuras de evitar correções, métodos e mais fórmulas para eliminar erros, checagens e rechecagens, tabelas comparando o número de correções do mês passado com o deste mês... Teve um cara que chegou a enlouquecer com isso. Juro. Um dia trocou um nome em uma matéria e recebeu um puxão de orelha da editora-chefe. Dessas carraspanas públicas – uma mensagem com cópia para toda a redação. A partir daí, o colega pirou. A cada nota que ia escrever pedia para duzentas pessoas checar e ligava quatro vezes para a mesma fonte para confirmar o nome.
- Alô, seu José, o seu nome é José mesmo, não? O senhor tem certeza, né? Não quer dar uma olhadinha aí na sua identidade, só para garantir?
Chegou uma hora que o cara não guentou. Pediu demissão, se mandou para a França. Apareceu na redação meses depois. Completamente transformado. Ele era magro, quieto, barbudo, usava camiseta de hippie. Voltou fornido, barba feita, superfalante, cabelinho aparado e jeitão metrossexual. Juro por Deus, nem reconheci.
Mas, então, como eu ia dizendo, ZH anda numas de perseguir os erros. E descobrir no Correinho que eu tinha errado bastou para estragar meu dia. Entrei na terapia arrasado. Tão arrasado, que optei pelo divã. Joguei o braço por sobre o rosto e comecei a desabafar, ser jornalista é foda, a pressão é muito grande, ZH é uma merda, cumé que eu vou encarar mais esta correção, tou fodido, etc... Meia hora assim e saí da sala disposto a ligar para a fonte, para pedir desculpas. E foi o que fiz. Telefonei para uma outra fonte que tinha o telefone do Fábio.
- Alô, doutor, é o Sebastião, da Zero Hora. É que eu queria o telefone do Fábio, que eu errei o nome dele, coloquei Alexandre, e queria pedir desculpas...
- É, eu vi, Sebastião, saiu errado mesmo. Mas se não me engano foi o Correio que errou, porque vocês falaram ontem com o Alexandre mesmo. O nome certo é Alexandre, que nem saiu na Zero Hora.
Quer dizer que EU estava certo e ELES errados. Mal pude acreditar – que mania de confiar mais no Correio do que em mim mesmo! Quase saí pulando em plena 24 de outubro, de tanta felicidade.
Depois, liguei logo pro meu psiquiatra para contar a boa nova e pedir meu dinheiro de volta.
Pronto. Qualquer variação da palavra “correção” já me deixa desesperado. ZH anda numas neuras de evitar correções, métodos e mais fórmulas para eliminar erros, checagens e rechecagens, tabelas comparando o número de correções do mês passado com o deste mês... Teve um cara que chegou a enlouquecer com isso. Juro. Um dia trocou um nome em uma matéria e recebeu um puxão de orelha da editora-chefe. Dessas carraspanas públicas – uma mensagem com cópia para toda a redação. A partir daí, o colega pirou. A cada nota que ia escrever pedia para duzentas pessoas checar e ligava quatro vezes para a mesma fonte para confirmar o nome.
- Alô, seu José, o seu nome é José mesmo, não? O senhor tem certeza, né? Não quer dar uma olhadinha aí na sua identidade, só para garantir?
Chegou uma hora que o cara não guentou. Pediu demissão, se mandou para a França. Apareceu na redação meses depois. Completamente transformado. Ele era magro, quieto, barbudo, usava camiseta de hippie. Voltou fornido, barba feita, superfalante, cabelinho aparado e jeitão metrossexual. Juro por Deus, nem reconheci.
Mas, então, como eu ia dizendo, ZH anda numas de perseguir os erros. E descobrir no Correinho que eu tinha errado bastou para estragar meu dia. Entrei na terapia arrasado. Tão arrasado, que optei pelo divã. Joguei o braço por sobre o rosto e comecei a desabafar, ser jornalista é foda, a pressão é muito grande, ZH é uma merda, cumé que eu vou encarar mais esta correção, tou fodido, etc... Meia hora assim e saí da sala disposto a ligar para a fonte, para pedir desculpas. E foi o que fiz. Telefonei para uma outra fonte que tinha o telefone do Fábio.
- Alô, doutor, é o Sebastião, da Zero Hora. É que eu queria o telefone do Fábio, que eu errei o nome dele, coloquei Alexandre, e queria pedir desculpas...
- É, eu vi, Sebastião, saiu errado mesmo. Mas se não me engano foi o Correio que errou, porque vocês falaram ontem com o Alexandre mesmo. O nome certo é Alexandre, que nem saiu na Zero Hora.
Quer dizer que EU estava certo e ELES errados. Mal pude acreditar – que mania de confiar mais no Correio do que em mim mesmo! Quase saí pulando em plena 24 de outubro, de tanta felicidade.
Depois, liguei logo pro meu psiquiatra para contar a boa nova e pedir meu dinheiro de volta.
sexta-feira, agosto 19, 2005
Certa vez eu elogiei aqui a tortinha de maçã do Z Café da Nilo. Pois é. Esqueçam. Mudou. Tá uma bosta. Ontem me serviram uma esfiha gorda (banha de porco?) com recheio de maçã queimada. Para acompanhar, uma bola de sorvete congelada.
Por outro lado, como vive alertando o Políbio Braga, o Press Café tem doces da antiga Thompson. E um pãozinho d´água com salsicha que é a quintessência dos cachorros-quentes.
Por outro lado, como vive alertando o Políbio Braga, o Press Café tem doces da antiga Thompson. E um pãozinho d´água com salsicha que é a quintessência dos cachorros-quentes.
quarta-feira, agosto 17, 2005
segunda-feira, agosto 15, 2005
Era para ser apenas um café em um posto de beira de estrada. Mas quando eu ia entrando na lanchonete, senti aquele olhar. Tentei virar o rosto, fingir que nem percebi. Em vão. Não pude parar, raciocinar, escolher. Foi inevitável. Quando me dei conta, meus olhos tocavam os dela. E aí, já estava perdido. Eu, transtornado, baratinado com aquelas bolitas me mirando fixo. Ela ali, toda meiga, dentinhos de cordeiro, sorriso liso, toda minha e só minha. Irresistível. Troquei umas palavras e então a tinha em meus braços. Grazi, se eu não amasse a Rafa, te amaria. Foste a primeira a me conquistar depois de um jejum de quinze anos. Minha última Playboy tinha sido a da Vanusa Spindler, lá por mil novecentos e oitenta e tantos.
P.S.: Este post foi previamente analisado pela censura doméstica e aprovado sem modificações.
P.P.S.: O pôster em tamanho real da Grazi tá D+ - o caixa do posto disse que nunca viu uma Playboy sair tanto.
P.S.: Este post foi previamente analisado pela censura doméstica e aprovado sem modificações.
P.P.S.: O pôster em tamanho real da Grazi tá D+ - o caixa do posto disse que nunca viu uma Playboy sair tanto.
sexta-feira, agosto 12, 2005
Indicação do Solonzinho. Vale a pena. Melhor propaganda de cerveja da história: http://www.bigad.com.au/
quarta-feira, agosto 10, 2005
segunda-feira, agosto 08, 2005
Sucesso na renegociação do aluguel. A contra-proposta é justa.
"Sebastião,
Andei viajando, mas no início da semana resolvi o assunto do teu aluguel com a imobiliária, nos seguintes termos:
1) Não realizar o aumento previsto contratualmente, ou seja, manter o aluguel do último ano por mais um período.
2) Realizar um desconto por três meses para que possas te reorganizar.
Aguardo as fotos prometidas com as benfetorias do apartamento.
Abraços"
"Sebastião,
Andei viajando, mas no início da semana resolvi o assunto do teu aluguel com a imobiliária, nos seguintes termos:
1) Não realizar o aumento previsto contratualmente, ou seja, manter o aluguel do último ano por mais um período.
2) Realizar um desconto por três meses para que possas te reorganizar.
Aguardo as fotos prometidas com as benfetorias do apartamento.
Abraços"
quarta-feira, agosto 03, 2005
Estas noites de inverno no verão, estas noites de verão no inverno, já falei sobre isso, estas noites, elas têm um quê de sobrenatural. Estas noites fora de estação, se um dia o mundo acabar, acabará numa delas, se um dia os Ets baixarem, baixarão numa delas. Estas noites quentes de agosto, estas noites precipitam os fatos, são fermento para os acontecimentos.
Ontem mesmo, quanta coisa estranha aconteceu por causa de uma destas noites malucas! Por volta das 21 horas a vizinha bateu em nossa porta, na porta de nosso apartamento, meu e da Rafa. Soubera que eu pedira renegociação do aluguel e agora estava ali, baixinha e de pantufas, querendo seguir o exemplo, querendo cópia do boleto da minha imobiliária, para provar para a dela que eu pagava menos. Sei lá que coisa me deu que a convenci de batermos em todos os outros apartamentos para ver quanto cada um pagava. Não lembro muito como as coisas se deram, sei que de repente estava o prédio inteiro de pijamas, meias pantufas e camisetões, no hall do segundo andar, discutindo o valor dos aluguéis, trocando boletos bancários, bradando contra os locadores, "porcos capitalistas"! Os discursos duraram uma meia hora. Quando terminaram, os moradores do terceiro e do quarto subiram assoviando a Internacional. Não sei bem como tudo começou, eu nem lembrava da melodia, mas de repente estava lá a assoviar o hino.
Outras coisas ainda se sucederam por conta dessa noite doida, as meninas assaltadas sob a mira de armas, o grito ecoando na rua vazia - "não quero nem ouvir tua voz" -, a sinfonia dos cães, o silêncio dos cães e fico por aqui. Dá até medo de lembrar.
Ontem mesmo, quanta coisa estranha aconteceu por causa de uma destas noites malucas! Por volta das 21 horas a vizinha bateu em nossa porta, na porta de nosso apartamento, meu e da Rafa. Soubera que eu pedira renegociação do aluguel e agora estava ali, baixinha e de pantufas, querendo seguir o exemplo, querendo cópia do boleto da minha imobiliária, para provar para a dela que eu pagava menos. Sei lá que coisa me deu que a convenci de batermos em todos os outros apartamentos para ver quanto cada um pagava. Não lembro muito como as coisas se deram, sei que de repente estava o prédio inteiro de pijamas, meias pantufas e camisetões, no hall do segundo andar, discutindo o valor dos aluguéis, trocando boletos bancários, bradando contra os locadores, "porcos capitalistas"! Os discursos duraram uma meia hora. Quando terminaram, os moradores do terceiro e do quarto subiram assoviando a Internacional. Não sei bem como tudo começou, eu nem lembrava da melodia, mas de repente estava lá a assoviar o hino.
Outras coisas ainda se sucederam por conta dessa noite doida, as meninas assaltadas sob a mira de armas, o grito ecoando na rua vazia - "não quero nem ouvir tua voz" -, a sinfonia dos cães, o silêncio dos cães e fico por aqui. Dá até medo de lembrar.