Agora há pouco, na videolocadora, vi um antigo casal de amigos. Se conheceram há uns cinco anos. Ele, metade oriental, filho de pai japa com mãe brasileira. Ela, mulata, pêlo-duro mesmo. Agora, tudo mudou. A guria alisou os cabelos e deu para ficar com os olhos puxados - parece uma ninfetinha tailandesa.
É incrível como a convivência faz as pessoas ficarem iguais. Claro, se dois se aproximaram é porque não eram lá tão diferentes. A guria de camiseta do Metallica bem que gosta de um metaleiro cabeludo. O casal do abriguinho Adidas conheceu-se na academia, porque, enfim, ambos gostavam de estar na academia e admiravam o estilinho esportivo. E assim por diante.
Mas é inegável que a convivência vai tornando os amantes ainda mais parecidos. A tal ponto que muitas vezes já não dá para ver dois como dois, senão como um mesmo ser. É difícil imaginar Rodrigo sem Larissa, Afonso sem Magnólia, Gallas sem Clarissa (ops, esses se separaram).
Até nos gestos, nos tiques, nas bobagens, os apaixonados se entendem. Eu e a Rafa, por exemplo. Era só olharmo-nos com um olhar assim meio enviesado e sem vergonha que o diálogo pronto começava:
- Como te chamas?
- Pedro Machuca.
- Más fuerte!
- Pedro Machuca.
- Más fuerte.
- PEDRO MACHUCA!!!
Pausa de dois segundos. Os dois juntos, em côro:
- Son novios, son novios, son novios!
Natural. Tínhamos visto juntos o trailer sobre o filme, gostamos, brincamos e inventamos de repetir a besteira.
Mas não é só isso que torna os casais parecidos. Há algo, assim, inexplicável, intangível que fez a mulata virar japa. Tanto que tenho dois amigos que começaram como namorados e agora são irmãos.
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