Notícias de Petrópolis
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Bem transada a loja Fabricário inaugurada na Nilópolis. Toda em madeira de demolição. Mas podia ter coisas mais bacanas para vender. A decoração é mais legal do que os produtos.
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Na carona do sucesso do Z da Nilópolis, o Bela Gulla agora abre à noite. E serve chope.
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Agora que é Nacional, o Febernatti fecha às 23h. E está tentando retomar a velha tradição de ser referência em importados. Mais uma razão para não ir ao Zaffari.
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Eu e a Rafa já demos uns quantos cartões amarelos e vermelhos para o Café Ventura. A infração é sempre a mesma: mau atendimento. Mas, escorado em privilegiada localização geográfica e bom cardápio, o lugar sempre acaba absolvido na justiça desportiva.
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Esses dias, depois de 15 minutos esperando um garçom resolvemos abandonar mesmo, o Ventura. Atravessamos a rua e fomos à champanharia DOC. Valeu a pena. A próxima meta é virar habitué da casa.
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O cardápio da DOC é razoável. Tem umas coisinhas interessantes, como "sorvete com espumante e molho de laranjinha" ou "morangos com açúcar cristal e pimenta". As bruschetas são boas, mas um pouco caras: 15 pilas um pratinho com oito.
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Bah, deu muito certo o novo sistema de aluguel de fitas por impressão digital da Back Video da Nilo. O cara encosta o dedinho no leitor e pronto: está feita a locação. Nem dá para acreditar - a tentação de conferir se o volante saiu com o nome correto é incontrolável.
"Não leio blogs; só o do Tião, porque é relevante", Filipe Maia, jornalista. "Às vezes o Tião escreve direitinho", Daniel Gallas, presidente. "Não gostar do Tião é uma falha de carácter", Rodrigo Müzell, jornalista. Sebastião Ribeiro é jornalista e mora em Porto Alegre. Leva uma vida pacata com a mulher e dois filhos em um apê no alto Rio Branco. A propósito, teu cu de bobes.
terça-feira, novembro 29, 2005
segunda-feira, novembro 28, 2005
Parece que Ele - que não é lá afeito a estas intervenções assim, tão diretas - refletiu sobre todo o campeonato, irritou-se com as 80 mil bandeirinhas de Penambuco, com um cara que quis assumir o seu papel de Grande Juiz, e decidiu colocar um dedinho lá nos Aflitos, só para mostrar "quem é que Manda".
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Também parece que não pretende voltar a fazer tal molecagem tão cedo.
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Também parece que não pretende voltar a fazer tal molecagem tão cedo.
quinta-feira, novembro 24, 2005
Tenho ouvido críticas à minha "visão preconceituosa" subjacente no post sobre gays discretos e indiscretos. A crítica é bem fundamentada - afinal não pode simplesmente o rapaz dar porque gosta ou a mulher esfregar porque lhe apraz? -, mas nunca esperem neste blog um raciocínio fechado e redondo. Apenas me dei conta de que uma afetação exagerada agride mais a um pai, a uma mãe, e quis manifestar isso. Agora, eu mesmo vivo dizendo que admiro mais as bichas loucas do que as enrustidas.
segunda-feira, novembro 21, 2005
domingo, novembro 20, 2005
Gente, antes de tudo, não, este não é um post de despedida, eu não penso em me matar, OK? Então, não se assustem (e nem me levem para a clínica São José). Agora sim, vamos lá, ao que eu ia dizendo:
***
Parem o mundo que eu quero descer. E talvez embarcar mais tarde, em outro ponto. Desconfio que talvez não valha a pena viver. Mas morrer deve ser tão pior...
***
Sobre morte. Morro de medo de morrer. Me cago até de falar em morte, escrever sobre morte, pensar em morte. Agora mesmo, estou assustado. Mas esses dias li um algo sobre o assunto que me provocou tanto, que quero dividir. Foi no livro de diálogos entre Borges e Sábato. Lá pelas tantas, o Borges diz:
"Eu acredito que se me dissessem que eu vou morrer esta noite e que não haverá dor física, eu ficaria muito tranqüilo e não faria nada diferente das coisas que faço todos os dias"
É isso: morro de medo que a morte atinja uma pessoa querida e morro de medo de morrer. Mas no meu caso pessoal, tenho medo da dor e do sofrimento. Sempre achei que morrer dói. Talvez se me dissessem que vou morrer esta noite e que nem vai doer, eu não tivesse tanto medo. Mas é bem possível que eu alterasse um pouco minha programação da tarde para aproveitar os últimos momentos.
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Parem o mundo que eu quero descer. E talvez embarcar mais tarde, em outro ponto. Desconfio que talvez não valha a pena viver. Mas morrer deve ser tão pior...
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Sobre morte. Morro de medo de morrer. Me cago até de falar em morte, escrever sobre morte, pensar em morte. Agora mesmo, estou assustado. Mas esses dias li um algo sobre o assunto que me provocou tanto, que quero dividir. Foi no livro de diálogos entre Borges e Sábato. Lá pelas tantas, o Borges diz:
"Eu acredito que se me dissessem que eu vou morrer esta noite e que não haverá dor física, eu ficaria muito tranqüilo e não faria nada diferente das coisas que faço todos os dias"
É isso: morro de medo que a morte atinja uma pessoa querida e morro de medo de morrer. Mas no meu caso pessoal, tenho medo da dor e do sofrimento. Sempre achei que morrer dói. Talvez se me dissessem que vou morrer esta noite e que nem vai doer, eu não tivesse tanto medo. Mas é bem possível que eu alterasse um pouco minha programação da tarde para aproveitar os últimos momentos.
Briguei com meu pai, ao vivo e por telefone, e até com minha mãe, por telefone. Me irritei tanto que joguei o celular na parede. O problema é que o aparelho ricocheteou e foi parar lá embaixo, na rua (da amargura).
Pleft. Silêncio. Guardinha murmurando com alguém na calçada. Aqui em cima, eu quebro o gelo.
- Busca lá, Rafa.
- Tá louco, tu que atirou. Agora vai lá passar vergonha.
Argumento irrefutável. Eu desço.
- Desculpa cara, não era para cair perto da tua cabeça, queria atirar mais para lá, para o meio da rua, saca?
- Ãrran.
Subo com o equipamento. Hora de um bate-papo reflexivo.
- Tu acha que eu sou louco, Rafa?
- Sei lá. Talvez não. Às vezes a gente atira coisas quando tá brabo.
- É mesmo.
Novo silêncio. Hora de checar o estrago. Mas que estrago? É só encaixar uma peça na outra e voilá: o telefone está funcionando. Nokia 2280: simplesmente indestrutível.
Pleft. Silêncio. Guardinha murmurando com alguém na calçada. Aqui em cima, eu quebro o gelo.
- Busca lá, Rafa.
- Tá louco, tu que atirou. Agora vai lá passar vergonha.
Argumento irrefutável. Eu desço.
- Desculpa cara, não era para cair perto da tua cabeça, queria atirar mais para lá, para o meio da rua, saca?
- Ãrran.
Subo com o equipamento. Hora de um bate-papo reflexivo.
- Tu acha que eu sou louco, Rafa?
- Sei lá. Talvez não. Às vezes a gente atira coisas quando tá brabo.
- É mesmo.
Novo silêncio. Hora de checar o estrago. Mas que estrago? É só encaixar uma peça na outra e voilá: o telefone está funcionando. Nokia 2280: simplesmente indestrutível.
sexta-feira, novembro 18, 2005
quarta-feira, novembro 16, 2005
Ontem, fizemos dois anos de namoro, eu e a Rafa. Íamos comemorar no Puppi Baggio, atraídos pela possibilidade de tomar champagne por um preço só uns 20% acima do cobrado da loja de vinhos do porão. Mas o restaurante estava fechado, bem como muitos outros da redondeza, e cogitamos o Usina das Massas, ao lado. Entramos, lemos a carta de vinhos, descobrimos que a champa mais barata seria a Chandon por R$ 54 e fomos embora. Não sem antes argumentar com o maître que com a concorrência da adega do Puppi ao lado, eles iam ter de reformular os preços. Ao menos dos espumantes, porque os outros vinhos estavam OK, alinhados com as sugestões da distribuidora Vinhos do Mundo. O rapaz foi bem simpático e sugeriu que levássemos a própria bebida, pagando a rolha de R$ 15, uma das mais baratas da cidade. (Vou poupa-los dos cálculos, desta vez).
Apesar da simpatia do funcionário, resolvemos tentar outras paragens. Oyster Box, fechado, Lê Bistrô, não, e cá estamos de novo em frente ao Usina. Melhor dar uma chance a esta casa que abriu com um ambiente asqueroso, luzes de churrascaria, me lembro, e agora já se apresenta com um certo requinte decorativo, além de bom atendimento.
O garçom fez uma educada explanação sobre o funcionamento do cardápio, os pratos são para um ou para dois e, sim, dá para jogar massas e molhos. Mas vamos ao que interessa: pedimos um branco Casa Valduga, R$ 30, e a Rafa quis a massa mais cara da casa. Mediterrâneo: fetuccine com molho de camarão, lula, tomate, azeite e R$ 60.
O menu vem em uma panela de ferro, bonita, mas que talvez continue cozinhando a massa na mesa. Umas garfadas e dá para ver que qualidade da pasta é o grande trunfo desta Usina. Fabricada pelo próprio restaurante, a massa não perde a consistência nem se o cozinheiro se passa um pouco no cozimento; é firme, sem deixar de ser leve. Uma beleza.
Os camarões vêm com cozimento adequado, apenas um pouco mais do que quase cru. Uma vez ouvi que existia o camarão e a camaroa e que um deles seria menos catinguento (alguém sabe algo sobre isso?). O da Usina tinha um gosto um pouco mais forte do que o ideal, mas totalmente aceitável. A lula, esta sim, estava chiclezenta acima da média. Não sei como fazê-la ficar menos elástica, mas sei que já comi umas melhorzinhas. Mas o maior problema do prato é o molho. O tomate é bom e siciliano, sim. Mas é muito. O molho vermelho enche até a metade da panela. Resultado: 50% da massa termina por passar, porque cozinha imersa no líquido quente, e a ficar um pouco mole demais. Pior: a quantidade de tomate, azeite e frutos do mar é totalmente desproporcional. O molho de tomate atrapalha os contrastes de sabores, impõe-se mais do que os outros ingredientes e faz a malha mediterrânea quase parecer massa ao sugo. Ainda assim, dá para sentir o gostinho da pimenta ao fundo.
Eu preferiria que a massa mediterrânea viesse num pratinho, com mais azeite, mais camarão, mais lula, mais pimenta e menos tomate. Mas essa coisa de fazer um monte de molho é mania em tudo quanto é restaurante italiano.
Apesar das críticas, a Usina passou no teste, com uma nota de 8,25. Ainda mais depois que o garçom chegou à nossa mesa, recolheu os pratos e disse que a sobremesa era por conta da casa. A propósito, o petit gateau não perde para os melhores da cidade, enquanto o sorvete com calda de frutas vermelhas pareceu-me pouco delicado, quase um milk shake de morango.
Apesar da simpatia do funcionário, resolvemos tentar outras paragens. Oyster Box, fechado, Lê Bistrô, não, e cá estamos de novo em frente ao Usina. Melhor dar uma chance a esta casa que abriu com um ambiente asqueroso, luzes de churrascaria, me lembro, e agora já se apresenta com um certo requinte decorativo, além de bom atendimento.
O garçom fez uma educada explanação sobre o funcionamento do cardápio, os pratos são para um ou para dois e, sim, dá para jogar massas e molhos. Mas vamos ao que interessa: pedimos um branco Casa Valduga, R$ 30, e a Rafa quis a massa mais cara da casa. Mediterrâneo: fetuccine com molho de camarão, lula, tomate, azeite e R$ 60.
O menu vem em uma panela de ferro, bonita, mas que talvez continue cozinhando a massa na mesa. Umas garfadas e dá para ver que qualidade da pasta é o grande trunfo desta Usina. Fabricada pelo próprio restaurante, a massa não perde a consistência nem se o cozinheiro se passa um pouco no cozimento; é firme, sem deixar de ser leve. Uma beleza.
Os camarões vêm com cozimento adequado, apenas um pouco mais do que quase cru. Uma vez ouvi que existia o camarão e a camaroa e que um deles seria menos catinguento (alguém sabe algo sobre isso?). O da Usina tinha um gosto um pouco mais forte do que o ideal, mas totalmente aceitável. A lula, esta sim, estava chiclezenta acima da média. Não sei como fazê-la ficar menos elástica, mas sei que já comi umas melhorzinhas. Mas o maior problema do prato é o molho. O tomate é bom e siciliano, sim. Mas é muito. O molho vermelho enche até a metade da panela. Resultado: 50% da massa termina por passar, porque cozinha imersa no líquido quente, e a ficar um pouco mole demais. Pior: a quantidade de tomate, azeite e frutos do mar é totalmente desproporcional. O molho de tomate atrapalha os contrastes de sabores, impõe-se mais do que os outros ingredientes e faz a malha mediterrânea quase parecer massa ao sugo. Ainda assim, dá para sentir o gostinho da pimenta ao fundo.
Eu preferiria que a massa mediterrânea viesse num pratinho, com mais azeite, mais camarão, mais lula, mais pimenta e menos tomate. Mas essa coisa de fazer um monte de molho é mania em tudo quanto é restaurante italiano.
Apesar das críticas, a Usina passou no teste, com uma nota de 8,25. Ainda mais depois que o garçom chegou à nossa mesa, recolheu os pratos e disse que a sobremesa era por conta da casa. A propósito, o petit gateau não perde para os melhores da cidade, enquanto o sorvete com calda de frutas vermelhas pareceu-me pouco delicado, quase um milk shake de morango.
terça-feira, novembro 15, 2005
Mais difícil do que imaginar o que fazer com o dinheiro ganho na Mega Sena, só imaginar a probabilidade de ganhar. Oquei, é só passar lá no site da Caixa e conferir. Para um jogo de R$ 1,50, seis números apostados, as chances são de uma em 50.063.860. Tá, e daí? Que diabos significa uma em 50.063.860?
É mais ou menos por isso que os jornalistas são orientados a fazer comparações. No caso de área, a tática é sempre a mesma. O terreno tem o tamanho de dois campos de futebol. Fácil de entender, né? Mas o Rodrigo tem razão e volta e meia uns passam dos limites e dizem que uma área equivale a 1.256 campos de futebol. E quem lá já viu ou imaginou 1.256 campos de futebol juntos?
Um amigo me disse que viu no Fantástico uma matéria sobre as possibilidades de ganhar na Mega Sena. Lá, ele deve ter aprendido que se cada brasileiro fizer uma aposta na loteria, apenas quatro ganhariam. Uma conta que não chega a assustar o apostador, porque, enfim, quatro ganhariam. Agora, se o programa tivesse feito o cálculo que eu sempre faço e se 100% da população brasileira tivesse visto o programa, então as apostas na Mega Sena chegariam à fantástica marca de zero. Meu raciocínio é o seguinte: a chance de dar 07-10-13-24-33-51 é a mesma de dar 01-02-03-04-05-06. O que leva à fascinante conclusão de que o idiota que joga 01-02-03-04-05-06 não é um idiota – ao menos não mais do que todos os outros apostadores.
Por outro lado, essa mesma reportagem do Fantástico mostrou um dado animador, contou meu amigo. É mais fácil ganhar na Mega Sena do que levar um raio na cabeça. Uau! Vou começar a apostar. Uma vez, à cavalo na fazenda, vi oito marmanjões criados no campo, galopando desesperadamente para fugir da tormenta. Imagina o afinco com que esta gente não joga na loteria? E também vi, nessa mesma vez, um raio cair a pouquíssimos metros de nós. Levando-se em conta que eu monto em um cavalo apenas umas três vezes por ano e que ainda assim eu já quase levei um raio na cabeça, então se eu jogasse três vezes por ano na loteria, teria já quase ganhado uma vez. Digamos que uma quina eu teria levado. E imagina se estas vacas do interior afora soubessem que é tão fácil ganhar na loteria quanto morrer de raio: fariam filas na lotérica, animadas com a quantidade de companheiras que já levaram uma descarga na cabeça.
E também nesta reportagem do Fantástico disseram que tem um cara que já levou quatro raios na cabeça. E nunca ganhou na loteria. É o supra-sumo do azar (ou da sorte, porque o cara também nunca morreu). Se ele fosse tão sortudo quanto azarado, teria levado a Mega Sena quatro vezes na vida. Por outro lado, o João Alves aquele ganhou umas centenas de vezes na loteria, né? Êta mundo injusto!
E diz o meu amigo que o Fantástico ainda disse que sete de cada dez ganhadores da Mega Sena vão à falência. Apenas 30% ficam ricos. Ou seja, depois de ser sorteado entre 50 milhões de apostas, o cara ainda tem de ter sorte para conseguir manter a grana. Parece nada, mas isso dificulta em três vezes as chances de virar rico com a loteria. O cálculo é o seguinte 1/50.063.860 vezes 3/10, o que dá igual a 3/500.638.600. Ou seja: a chance de ganhar na Mega Sena e ficar rico é de uma em 166.879.530.
Agora, vamos combinar, se o cara enfrenta uma em 50 milhões, tem de ser muito idiota, aí sim, para não ficar entre três de dez. Podem ter certeza que eu ficaria. Depois de tanta complicação, imaginar o que fazer com a grana não é problema para mim.
É mais ou menos por isso que os jornalistas são orientados a fazer comparações. No caso de área, a tática é sempre a mesma. O terreno tem o tamanho de dois campos de futebol. Fácil de entender, né? Mas o Rodrigo tem razão e volta e meia uns passam dos limites e dizem que uma área equivale a 1.256 campos de futebol. E quem lá já viu ou imaginou 1.256 campos de futebol juntos?
Um amigo me disse que viu no Fantástico uma matéria sobre as possibilidades de ganhar na Mega Sena. Lá, ele deve ter aprendido que se cada brasileiro fizer uma aposta na loteria, apenas quatro ganhariam. Uma conta que não chega a assustar o apostador, porque, enfim, quatro ganhariam. Agora, se o programa tivesse feito o cálculo que eu sempre faço e se 100% da população brasileira tivesse visto o programa, então as apostas na Mega Sena chegariam à fantástica marca de zero. Meu raciocínio é o seguinte: a chance de dar 07-10-13-24-33-51 é a mesma de dar 01-02-03-04-05-06. O que leva à fascinante conclusão de que o idiota que joga 01-02-03-04-05-06 não é um idiota – ao menos não mais do que todos os outros apostadores.
Por outro lado, essa mesma reportagem do Fantástico mostrou um dado animador, contou meu amigo. É mais fácil ganhar na Mega Sena do que levar um raio na cabeça. Uau! Vou começar a apostar. Uma vez, à cavalo na fazenda, vi oito marmanjões criados no campo, galopando desesperadamente para fugir da tormenta. Imagina o afinco com que esta gente não joga na loteria? E também vi, nessa mesma vez, um raio cair a pouquíssimos metros de nós. Levando-se em conta que eu monto em um cavalo apenas umas três vezes por ano e que ainda assim eu já quase levei um raio na cabeça, então se eu jogasse três vezes por ano na loteria, teria já quase ganhado uma vez. Digamos que uma quina eu teria levado. E imagina se estas vacas do interior afora soubessem que é tão fácil ganhar na loteria quanto morrer de raio: fariam filas na lotérica, animadas com a quantidade de companheiras que já levaram uma descarga na cabeça.
E também nesta reportagem do Fantástico disseram que tem um cara que já levou quatro raios na cabeça. E nunca ganhou na loteria. É o supra-sumo do azar (ou da sorte, porque o cara também nunca morreu). Se ele fosse tão sortudo quanto azarado, teria levado a Mega Sena quatro vezes na vida. Por outro lado, o João Alves aquele ganhou umas centenas de vezes na loteria, né? Êta mundo injusto!
E diz o meu amigo que o Fantástico ainda disse que sete de cada dez ganhadores da Mega Sena vão à falência. Apenas 30% ficam ricos. Ou seja, depois de ser sorteado entre 50 milhões de apostas, o cara ainda tem de ter sorte para conseguir manter a grana. Parece nada, mas isso dificulta em três vezes as chances de virar rico com a loteria. O cálculo é o seguinte 1/50.063.860 vezes 3/10, o que dá igual a 3/500.638.600. Ou seja: a chance de ganhar na Mega Sena e ficar rico é de uma em 166.879.530.
Agora, vamos combinar, se o cara enfrenta uma em 50 milhões, tem de ser muito idiota, aí sim, para não ficar entre três de dez. Podem ter certeza que eu ficaria. Depois de tanta complicação, imaginar o que fazer com a grana não é problema para mim.
sábado, novembro 12, 2005
Sobre o jogo.
***
Eu nunca deixei de acreditar. E foi bonito que a torcida, mesmo antes do primeiro gol do Grêmio, também mostrou ao time que dava.
***
Tinha um carinha que urrava no início do segundo tempo, chamando o Mano de burro por ter tirado o Ânderson. Saiu mais cedo do estádio. De vergonha, espero.
***
Também não faltaram as vaias pro Marcel. Mais uma vez, ele foi decisivo na volta por cima do time. Não é craque, mas corre o tempo todo, marca e, mesmo que atrapalhado, vai pra cima.
***
Futebol não é só paixão. Tem um pouco de razão.
***
Segunda-feira vou gritar no bar da Zero Hora, quando sentir a aproximação do Santana. "Grêmio com Ânderson: dois a zero para o adversário. Grêmio sem Ânderson: dois a zero pro Grêmio." Se der, vou babar também.
***
Antes do jogo, teve palestra com vídeo motivacional para os boleiros tricolores. Além de tremenda veadagem, a banalização desse instrumento me lembra a das musiquinhas, tão bem caricaturizada pelo Casseta.
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Eu nunca deixei de acreditar. E foi bonito que a torcida, mesmo antes do primeiro gol do Grêmio, também mostrou ao time que dava.
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Tinha um carinha que urrava no início do segundo tempo, chamando o Mano de burro por ter tirado o Ânderson. Saiu mais cedo do estádio. De vergonha, espero.
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Também não faltaram as vaias pro Marcel. Mais uma vez, ele foi decisivo na volta por cima do time. Não é craque, mas corre o tempo todo, marca e, mesmo que atrapalhado, vai pra cima.
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Futebol não é só paixão. Tem um pouco de razão.
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Segunda-feira vou gritar no bar da Zero Hora, quando sentir a aproximação do Santana. "Grêmio com Ânderson: dois a zero para o adversário. Grêmio sem Ânderson: dois a zero pro Grêmio." Se der, vou babar também.
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Antes do jogo, teve palestra com vídeo motivacional para os boleiros tricolores. Além de tremenda veadagem, a banalização desse instrumento me lembra a das musiquinhas, tão bem caricaturizada pelo Casseta.
quarta-feira, novembro 09, 2005
Acabo de voltar de um jantar na casa de meus pais. Discussão braba – aliás, como só ocorrer - com o véio. Ele tentando convencer-nos, a mim e à minha irmã, de que futebol não era o esporte mais adequado para a constituição física feminina; nós tentando convencê-lo de que ele não passa de um conservador preconceituoso. Bronca vai, bronca vem, e eu me irrito. Penso em uma coisa que prove minha tese, mas, principalmente, que o agrida:
- Pois eu já beijei homens. Duas vezes – minto.
Silêncio.
- E foi bom? – pergunta, condoído, mas fingindo não ter se importado, o pai.
- Nem sei, tava chapado, deve ter sido – respondo.
- Mas foi só selinho? – pergunta nervoso, o pai.
- Não, de língua – provoco.
Não, não estou escrevendo este post para tanqüilizá-lo. Por mim, ele que pensasse a vida toda que eu fosse gay, para se lembrar, a vida toda, de que é um grande conservador. Só fiquei preocupado com a Alba, cozinheira lá de casa, que escutou o papo da cozinha e deve ter ficado apavorada, afinal, ela me criou, tem certa responsabilidade sobre minhas escolhas. Mãe e Maria, por favor, digam pra Alba que era mentira, tá, que eu não beijei homens, muito menos de língua, e portanto nem posso saber se foi bom. Também botem uma carta preventiva nas caixas de correio do prédio, dizendo que minha confissão foi apenas retórica e não tem correspondência na vida real, caso algum vizinho tenha escutado o bate-boca.
Mas voltando ao objetivo real do post, o ocorrido me deu uma luz incrível para entender a opção homossexual. Acho que nada é mais frustrante para um pai médio do que descobrir que um filho é bicha. E é simplesmente impossível que por trás de um gay não tenha uma pontinha de desejo de magoar o pai. Uma pontinha, que seja.
Bom, ao menos essa é uma verdade em se tratando dos gays que assumem publicamente sua condição, ou para os que, embora não o façam, fazem questão de dar pistas. Seguindo esse raciocínio, me parece que há uma grande diferença, um abismo causal, entre o gay assumido e o enrustido. Um precisa agredir os pais e a sociedade; o outro, não. Donde se pode concluir que viado, mas viado mesmo, é o enrustido. Aquele que dá, sem nem precisar agredir o pai. Dá porque gosta e porque quer. A bicha discreta é muito mais bicha do que a bicha louca.
O que não quer dizer que eu admire mais o gay discreto. Aliás, pelo contrário.
- Pois eu já beijei homens. Duas vezes – minto.
Silêncio.
- E foi bom? – pergunta, condoído, mas fingindo não ter se importado, o pai.
- Nem sei, tava chapado, deve ter sido – respondo.
- Mas foi só selinho? – pergunta nervoso, o pai.
- Não, de língua – provoco.
Não, não estou escrevendo este post para tanqüilizá-lo. Por mim, ele que pensasse a vida toda que eu fosse gay, para se lembrar, a vida toda, de que é um grande conservador. Só fiquei preocupado com a Alba, cozinheira lá de casa, que escutou o papo da cozinha e deve ter ficado apavorada, afinal, ela me criou, tem certa responsabilidade sobre minhas escolhas. Mãe e Maria, por favor, digam pra Alba que era mentira, tá, que eu não beijei homens, muito menos de língua, e portanto nem posso saber se foi bom. Também botem uma carta preventiva nas caixas de correio do prédio, dizendo que minha confissão foi apenas retórica e não tem correspondência na vida real, caso algum vizinho tenha escutado o bate-boca.
Mas voltando ao objetivo real do post, o ocorrido me deu uma luz incrível para entender a opção homossexual. Acho que nada é mais frustrante para um pai médio do que descobrir que um filho é bicha. E é simplesmente impossível que por trás de um gay não tenha uma pontinha de desejo de magoar o pai. Uma pontinha, que seja.
Bom, ao menos essa é uma verdade em se tratando dos gays que assumem publicamente sua condição, ou para os que, embora não o façam, fazem questão de dar pistas. Seguindo esse raciocínio, me parece que há uma grande diferença, um abismo causal, entre o gay assumido e o enrustido. Um precisa agredir os pais e a sociedade; o outro, não. Donde se pode concluir que viado, mas viado mesmo, é o enrustido. Aquele que dá, sem nem precisar agredir o pai. Dá porque gosta e porque quer. A bicha discreta é muito mais bicha do que a bicha louca.
O que não quer dizer que eu admire mais o gay discreto. Aliás, pelo contrário.
segunda-feira, novembro 07, 2005
domingo, novembro 06, 2005
sábado, novembro 05, 2005
Diálogo de MSN (Sic)
Jana Jan diz:
ai, tu olha novela? a das oito, essa chata?
Jana Jan diz:
ah, olha sim. a nova do tião.
Acredita que meu irmão tá saindo com uma guria q se chama raíssa haydé?
sebastião diz:
como assim? então ela é recém nascida?
sebastião diz:
vou botar no blógui.
Jana Jan diz:
ela tem 17 anos
sebastião diz:
ah, é filha da mãe diná?
Jana Jan diz:
deve ser... engraçado, né?
sebastião diz:
improvável. deve ser mentira. tua, dele ou dela?
Jana Jan diz:
eu vi a carteira de identidade
Jana Jan diz:
ai, tu olha novela? a das oito, essa chata?
Jana Jan diz:
ah, olha sim. a nova do tião.
Acredita que meu irmão tá saindo com uma guria q se chama raíssa haydé?
sebastião diz:
como assim? então ela é recém nascida?
sebastião diz:
vou botar no blógui.
Jana Jan diz:
ela tem 17 anos
sebastião diz:
ah, é filha da mãe diná?
Jana Jan diz:
deve ser... engraçado, né?
sebastião diz:
improvável. deve ser mentira. tua, dele ou dela?
Jana Jan diz:
eu vi a carteira de identidade
sexta-feira, novembro 04, 2005
quinta-feira, novembro 03, 2005
Até meus 18 anos, o grande barato era furar festas. Passar pelas macegas laterais do Saigon, entrar e arrasar com o baile de 15 da filha do oculista, depositar vez que outra 5 pilas na mão do porteiro do Cord e ter acesso livre à casa.
Para ser sincero, eu pouco conseguia furar, ao passo que o Urso, o Roberto e o Negão até hoje são hectoplasmas invisíveis para a espécie leão-de-chácara. Talvez por isso mesmo, um dia decidi que todo o esforço para entrar "ilegalmente"em um evento é absurdo e constrangedor. Desde então, nunca tentei sequer negociar entrada com porteiro e pago o que me cobram. Se o lugar não merece o dinheiro, vou para outro. Se não sou convidado, faço questão de não ir.
Hoje, tenho mesmo orgulho de ser assim. E por isso saí arrasado do trabalho segunda-feira. O presidente da Monsanto mundial estava em Porto Alegre. Tentamos insistentemente por meio da assessoria marcar uma entrevista, mas a ordem era clara: ele não queria falar com a imprensa. Assim mesmo (ou por isso mesmo), meus editores me enviaram à festa oferecida pelo seu Hugh Grant (sim, é homônimo), CEO da multinacional.
Chegar ao Brittish Club sem ser convidado, gritar para um cara que você nem sabe se é mesmo o cara "Mister Hugh, could you talk to us a little?", tascar um flashaço na lata do primeiro careca que desce da van e implorar para falar com uma pessoa que disse expressamente que te dispensa (e despreza?). Pior que tudo isso, só o monte de gente olhando para ti como um furão que faz de tudo para se fazer presente onde não foi chamado.
Não tenho nem ânimo nem saco para discutir se tudo isso é necessário, faz parte do trabalho, etc... A verdade é que o episódio terminou com a minha semana e pela primeira vez me fez pensar: será que vale a pena essa vida? Ganhar tão pouco para se sentir menos ainda - está ficando demais para mim.
Para ser sincero, eu pouco conseguia furar, ao passo que o Urso, o Roberto e o Negão até hoje são hectoplasmas invisíveis para a espécie leão-de-chácara. Talvez por isso mesmo, um dia decidi que todo o esforço para entrar "ilegalmente"em um evento é absurdo e constrangedor. Desde então, nunca tentei sequer negociar entrada com porteiro e pago o que me cobram. Se o lugar não merece o dinheiro, vou para outro. Se não sou convidado, faço questão de não ir.
Hoje, tenho mesmo orgulho de ser assim. E por isso saí arrasado do trabalho segunda-feira. O presidente da Monsanto mundial estava em Porto Alegre. Tentamos insistentemente por meio da assessoria marcar uma entrevista, mas a ordem era clara: ele não queria falar com a imprensa. Assim mesmo (ou por isso mesmo), meus editores me enviaram à festa oferecida pelo seu Hugh Grant (sim, é homônimo), CEO da multinacional.
Chegar ao Brittish Club sem ser convidado, gritar para um cara que você nem sabe se é mesmo o cara "Mister Hugh, could you talk to us a little?", tascar um flashaço na lata do primeiro careca que desce da van e implorar para falar com uma pessoa que disse expressamente que te dispensa (e despreza?). Pior que tudo isso, só o monte de gente olhando para ti como um furão que faz de tudo para se fazer presente onde não foi chamado.
Não tenho nem ânimo nem saco para discutir se tudo isso é necessário, faz parte do trabalho, etc... A verdade é que o episódio terminou com a minha semana e pela primeira vez me fez pensar: será que vale a pena essa vida? Ganhar tão pouco para se sentir menos ainda - está ficando demais para mim.
Tem sido assim todos os dias, mas mais na quarta-feira. É quando a cama realmente me expulsa. Agora há pouco mesmo, tinha pegado no sono. Um minuto? Até a vizinha, a Maeve (Maevi?), pisar no hall de entrada. Um simples salto alto no chão foi o suficiente para me despertar. Não tivesse o 302 uma grade antes da porta é possível que eu tivesse conseguido redormir.
O fato é que depois de acordar, a inquietude foi infinita. Uma coceira atrás do joelho, outra junto ao lipoma, mais uma no pentelho. Depois, os calafrios. Três, quatro espíritos que passaram. Vira prum lado, desvira, até o golpe de misericórdia: um mosquito zunindo.
Agora, estou aqui, enquanto na pracinha da esquina, a disputa noturna dos garçons parece cada vez mais acirrada. Pena eu não ter um cão, uma desculpa para passear e bisbilhotar o futebol. Ou só para dar uma volta na quadra mesmo.
Sem companhia, só me resta mesmo navegar, a perninha balançando rápida e involuntariamente, e postar. Acho que vou ler blogs.
O fato é que depois de acordar, a inquietude foi infinita. Uma coceira atrás do joelho, outra junto ao lipoma, mais uma no pentelho. Depois, os calafrios. Três, quatro espíritos que passaram. Vira prum lado, desvira, até o golpe de misericórdia: um mosquito zunindo.
Agora, estou aqui, enquanto na pracinha da esquina, a disputa noturna dos garçons parece cada vez mais acirrada. Pena eu não ter um cão, uma desculpa para passear e bisbilhotar o futebol. Ou só para dar uma volta na quadra mesmo.
Sem companhia, só me resta mesmo navegar, a perninha balançando rápida e involuntariamente, e postar. Acho que vou ler blogs.