quarta-feira, abril 17, 2024

Pessoa de Segurança

Seguindo alguns perfis de autistas, maioria nível de suporte 1 e com diagnóstico tardio, conheci o conceito de PESSOA DE SEGURANÇA. E achei tão lindo. É aquele amigo, familiar ou colega que conhece todas as tuas dificuldades e, quando consultado por ti, ou mesmo ao notar que estás enfrentando dificuldade em compreender alguma situação, interfere e te ajuda a traduzir o mundo. 

Actedito que esse conceito, sem invisibilizar a dificuldade de quem tem diagnóstico, não precisa se restringir aos atípicos. Sinto a @isabelmarchezan como minha pessoa de segurança. A gente pode andar afastado, mas sempre que estou passando um perrengue ou situação extraordinária na vida, ela brota tipo o Mestre dos Magos.

E me tira da inércia, me espinha com suas urtiguices, me chacoalha no samba, me traduz o mundo. Para o sem-freio aqui, isso significa até mesmo avaliar se uma atitude, manifestação ou texto estão adequados.

Este aqui vai ser publicado sem o selo Urtigão de adequação: não passou por ela. Mas as pessoas de segurança também servem para isso: nos dar segurança para que possamos ser quem somos.

Obrigado, Isa, por ser minha pessoa de segurança!


sábado, março 16, 2024

sexta-feira, março 15, 2024

Do neida

Do neida, toalhas desbordadas.
Do neida, lágrimas quentes.
Do neida, dor lancinante.
Do neida, no colo da filha.
Do neida, cama, pão, salame.
Do neida, torto na rua.
Do neida, cruzando a noite.
Do neida, pobre(s) criatura(s)
Do neida, xeque-mate com água.
Do neida, droga e salada.
Do neida, tecnobloco no pique.
Do neida, bafejo do samba.
Do neida, colchão e tapete.
Do neida, minha toca.
Do neida, eu e eu.
Do neida, do neida...



quinta-feira, março 14, 2024

É doido, né, Lari?

Do nada, apareço
Um dia anverso,
Outro do avesso.

quarta-feira, março 06, 2024

Fernet-Cola (editado)

Até ontem eu dizia que não estava pronto para qualquer coisa que não fosse suave e na rua, vendo a paisagem passar, talvez num barzinho destes de calçada.

Mas então a Isabel me levou a um boteco na Praça Garibaldi, arrisquei entrar pra um pipizinho, e a primeira bafejada de samba, ouriço e suor na fuça funcionou como um jato de Jimo Penetril Desengripante em uma sólida engrenagem Klingelnberg, que só estava meio enferrujada, mas era feita do mais resistente aço alemão, dotada de um mecanismo preciso para rodar no ritmo do samba, do Fernet-Cola e do Xeque-Mate.

Então, eu olho em volta e, do neida, beijo triplo, quádruplo, os caras, as minas, elus todes... E era como se eu tivesse dado 20 voltas ao mundo e chegado no mesmíssimo 15 de novembro de 2003, logo depois do primeiro beijo que definiu duas décadas de vida. Assim, descrevi, no post sobre essa conquista, o momento que a sucedeu, na buate, com as amigas:

_Beija, beija, tá calor, tá calor! Baba, baba, sem amor, sem amor! Lambe, lambe, sem pudor, sem pudor!_

Agora na Praça Garibaldi, era como se nada tivesse mudado, senão eu. Como se eu tivesse saído da festa na Plataforma 15 de Novembro, embarcado no metrô, vagado vinte anos pela cidade com ela, depois com nossos pequenos, e sido expelido na mesmíssima plataforma. E ali estavam todos os brincantes, ainda me esperando.

Quando desembarquei, quem me deu a mão foi bem a amiga que deu tchau e desejou tudo de bom e de melhor em 2003.

-Foi bom o rolê? Também dei uma voltinha, mas eles ainda estavam aqui, nos esperando...

Obrigado, amiga.

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(Para o post original, voltar a dezembro de 2003)