terça-feira, maio 03, 2005

A Reconquista do Oeste - Parte 2

Quando devoro a última mordida da última fatia, o farol da Mitsubishi Pajero já ilumina o hotel. Em um pulo, estou de pé e então dentro do auto, tentando decifrar o painel: aquilo é uma bússola? Seu Aymoré Xavier está bem desperto – desde que se entende por gente sai da cama antes do sol sair da terra. Ainda está escuro, mas o velho usa um chapéu de tecido creme bem caído na cabeça. É a única coisa nova e elegante no seu figurino. No mais uma camisa de mangas curtas e bolso no peito, uma calça social preta bem batida e uma botina de cano curto – como tantas outras que tem em sua casa na cidade ou na fazenda.Desde que o encontrei à tarde da feira agrícola tive a certeza de que ele não tinha a menor idéia do que efetivamente eu queria. O olhar displicente e a mania de responder a perguntas que não foram feitas contrastavam com a imediata disposição de levar-me até sua propriedade. O fato é que, entendendo ele ou não o que eu queria, estava disposto a me ajudar – e isso é o que importava. É por isso que me surpreende tanto agora, ao começarmos nossa viagem. Deixa para o início de nossa conversa o lead da matéria.

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