domingo, outubro 30, 2005

Agora há pouco, na videolocadora, vi um antigo casal de amigos. Se conheceram há uns cinco anos. Ele, metade oriental, filho de pai japa com mãe brasileira. Ela, mulata, pêlo-duro mesmo. Agora, tudo mudou. A guria alisou os cabelos e deu para ficar com os olhos puxados - parece uma ninfetinha tailandesa.
É incrível como a convivência faz as pessoas ficarem iguais. Claro, se dois se aproximaram é porque não eram lá tão diferentes. A guria de camiseta do Metallica bem que gosta de um metaleiro cabeludo. O casal do abriguinho Adidas conheceu-se na academia, porque, enfim, ambos gostavam de estar na academia e admiravam o estilinho esportivo. E assim por diante.
Mas é inegável que a convivência vai tornando os amantes ainda mais parecidos. A tal ponto que muitas vezes já não dá para ver dois como dois, senão como um mesmo ser. É difícil imaginar Rodrigo sem Larissa, Afonso sem Magnólia, Gallas sem Clarissa (ops, esses se separaram).
Até nos gestos, nos tiques, nas bobagens, os apaixonados se entendem. Eu e a Rafa, por exemplo. Era só olharmo-nos com um olhar assim meio enviesado e sem vergonha que o diálogo pronto começava:
- Como te chamas?
- Pedro Machuca.
- Más fuerte!
- Pedro Machuca.
- Más fuerte.
- PEDRO MACHUCA!!!
Pausa de dois segundos. Os dois juntos, em côro:
- Son novios, son novios, son novios!
Natural. Tínhamos visto juntos o trailer sobre o filme, gostamos, brincamos e inventamos de repetir a besteira.
Mas não é só isso que torna os casais parecidos. Há algo, assim, inexplicável, intangível que fez a mulata virar japa. Tanto que tenho dois amigos que começaram como namorados e agora são irmãos.

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