sábado, junho 02, 2007

Últimos capítulos da novela "Giovani: o estacionador".
 

Vontade de chorar ao me despedir da dona do estacionamento.

Giovani – Vou sentir falta, sabia?

Ela – Eu também. Me acostumei em te ver aqui, sempre assim...

(Que será que ela quis dizer com "assim"?).

Giovani ...Glup...

Ela – Calma, não fica assim... Vocês vão para um lugar melhor. Tudo novinho.

Giovani – Posso te perguntar uma coisa? Será que eu podia deixar o carro aqui às vezes sem pagar. Sei lá, só pra matar a saudade, quando eu vier no Ventura ao meio-dia. Meia horinha. Daí a gente se vê às vezes.

Ela – Claro!

Abraçamo-nos.

***

Cumpre retroceder dois meses e publicar um capítulo-chave inédito de nossa relação.

Chego para pagar a mensalidade. Mais uma vez, sem dinheiro. Claro que ela já sabe que eu não sou Giovani, já recebeu mil cheques meus, mas impossível não ter um medinho de que tudo se desfaça de repente.

Assino o cheque e entrego. Ela olha, olha, olha...

Ela – Mas... Tu não é Giovani?!

Eu congelo. Tonteio. Perco o equilíbrio, os ouvidos zunindo. Não acredito que dois meses antes de me mudar a mágica vai se desfazer. Não, isso não pode estar acontecendo. Preciso agir. Agir rápido.

Giovani – Não, sou Sebastião. Sempre fui. Mas por favor, pelo amor de Deus, te rogo: continua me chamando de Giovani. Olha só: se tu parar de me chamar de Giovani, eu fico brabo, nunca mais estaciono aqui. Combinado?

Ela – Combinado. Tchau, Giovani,

Ela me chamou de Giovani de novo. Menos mal. Mas alguma coisa mudou. Parece que se quebrou o encanto. Dirijo até a Zero Hora no automático. Quase bato duas vezes. Um vazio, um vazio... Isso durou dois dias. Até eu ver que ela continuou me chamando de Giovani com tanta naturalidade e espontaneidade que seria injusto pensar que algo estava diferente entre nós.

***

A propósito. Desde hoje, estou em casa nova. Agora, sou de Mont Serrat.  

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