sexta-feira, agosto 22, 2008

Eu sei quando um atleta é vira-lata. E quase todos os brasileiros são. É o que explica tantos chegarem na disputa do ouro e só levarem o bronze. Ou a prata.
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É só olhar firme no rosto do atleta, pode ser pela TV mesmo, que posso dizer: este é vira-lata. Excepcionalmente na terça-feira fitei (e tenho o poder de fitar por meio da minha super LCD) Maurren Maggi, Maurren Maggi fitou-me também, e eu disse: esta não é vira-lata. A Rafa está de prova.
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Maurren Maggi não é vira-lata porque antes de saltar na terça-feira rangeu os dentes, misturou traços de raiva e empolgação, olhou firme para a platéia, bateu palmas, recebeu de troco palmas, e saltou.
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Note-se que nem todos que levam a prata ou o bronze são vira-latas. As meninas do Jangadeiros, Fernanda e Isabel, podiam claramente perder o pódium, mas na última regata foram para a frente cheias de gana, velejaram em primeiro, e garantiram o bronze. A dupla de prata no vôlei de praia é o símbolo da vira-latice. Está no alto do pódium dos vira-latas, dividindo a primeira colocação com Diego Hipólito.
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Aliás, o Diego Hipólito não devia ser do hipismo? OK, OK, desculpem.
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O conceito de vira-lata não é fácil de entender. As meninas do futebol, por exemplo, são vira-latas, porque chegaram lá e no final abriram as pernas. Os guris do futebol não o são. Perderam porque eram piores, porque o Dunga é ruim, porque se acham demais. Um vira-lata nunca se acha demais.
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Eu sou o típico cara que, como a Isabel Marchezan, diria: eu odeio Olimpíadas. Mas a verdade é que eu adoro. Sou vira-lata.

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