domingo, julho 31, 2005

O domingo é ensolarado e quente, apesar do inverno. Saio de casa, não há Gre-Nal nem eleição. Passo debaixo da ameixeira, as ameixas estourando de tão amarelas. Da praça, vem a gritaria da criançada. Do outro lado da rua, um casal sobe a lomba com dois carrinhos de bebê. São gêmeos, só pode.
Na casa da dona do estacionamento, tem horta e tem churrasco. A família instalou as mesas no pátio, o marido cuida da carne, a gurizada corre com os cães. O fox dá um baile no basset e eu dou a partida no auto. Dirijo ignorando as sinaleiras, mas paro para a dupla cruzar a rua de bicicleta. Na esquina da Silva Só, tem o vendedor de bergamota.
– Uma por dois, três por cinco.
– Me dá uma.
– Me dá mais um que te dou duas.
– Não tenho. Me dá uma.
Um relógio maluco marca 37 graus. Nem sinto, o ar está ligado. Na Cabo Rocha, as lojas de peças automotivas estão fechadas. A negradinha chuta uma bola no meio da rua e nem pára o jogo para meu carro passar. Difícil imaginar putas por aqui. Mas diz que eram muitas. Também eram outros tempos.
Deixo o auto no estacionamento. No caminho até o prédio, dá para ver que metade das bergas está podre. Agora estou aqui, na redação. Um lugar onde o sol é proibido e que não me deixa esquecer: ainda há uísque de ontem em meu corpo.

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