sábado, março 27, 2004
Temos tendência a mistificar experiências e coisas do passado. Com comidas isso sempre acontece. "Nunca mais vai ter cozinha como a do Fredolino em Porto Alegre", canso de ouvir dos velhos. Mentira. Existisse hoje o tal Floresta Negra, seria mais um bom restaurante na cidade. Ainda bem que tem coisas que sobrevivem ao tempo para nos dar lições. Temos mania de pensar que o sonho Girassol, em Torres, é o melhor do mundo. Mas, ao contrário do Floresta, ele está lá, todos os verões. Prová-lo hoje é sempre uma decepção. Não tem nada demais. Alguns ainda resistem, sucumbem à nostalgia, dizem que mudou a receita. Mudou nada ! O problema é que o sonho Girassol vinha polvilhado com um punhado de jogo de taco-bola, volta na quadra de bicicleta, mingau na Sapt. Mas, como diz a música, o que foi nunca mais será. Por isso mesmo desconfiei quando a minha sogra disse que me levaria à sorveteria Reis, em Taquara. Quando criança, ela ia lá. A filha da dona nasceu no mesmo dia que ela, no mesmo hospital e tem o mesmo nome: Elizabeth. Estava preparado para uma grande decepção. Me enganei. A sorveteria não tem marca, não tem placa, nem letreiro. Fica praticamente dentro da casa do proprietário e a gente come no pátio mesmo. O sorvete é artesanal e, de fato, um dos melhores do mundo. Dá até medo de voltar lá. De descobrir, que, de repente, na verdade, ele é feito só de Rafaela, amor, paixão.
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Um comentário:
tenho que concordar... até que tu escreve direitinho.
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