sábado, dezembro 10, 2005

Não há novo prédio de rico em Porto Alegre que não seja neoclássico. Agora, inauguraram aquele monstro, o Carlos Gomes 222, na Carlos Gomes 222. Umas colunas gregas magnânimas – parece um anexo do Partenon. É apenas o mais grandioso exemplo entre os tantos que enfeitam os fôlderes entregues a cada esquina de domingo na Bela Vista. Quanto maior o lixo arquitetônico, mais dinheiro vale.
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Mês passado, teve a Bienal de Arquitetura de São Paulo. A mais democrática de todas, diziam as notícias. Dei risada foi de uma entrevista com o curador.
- Quer dizer que nesta Bienal vale tudo, é? – perguntou o entrevistador.
- Tudo, menos neoclássico. E eu encho a boca pra dizer isso – respondeu o entrevistado.
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É incrível o descompasso existente entre nossa elite intelectual e nossa elite financeira. É como se a opção pelo mau gosto fosse uma provocação dos ricos aos artistas e acadêmicos. Por que diabos ter dinheiro hoje significa renunciar a qualquer tipo de refinamento estético e artístico?
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Se nossos velhos novos ricos já eram de dar dó, imaginem nossos novos novos ricos!
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Sem contar que esta gente vem sendo formada por auto-ajuda travestida de literatura de administração. Nas livrarias, já nem tem separação entre os dois gêneros. Mas isso já é outra coisa.

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