sábado, dezembro 24, 2005

Tu passas pela frente de qualquer loja de roupas masculinas e à porta estão aqueles oito lobos asquerosos a postos. Seres peludos, cabelo sempre seboso e empapado de gel, a gravata de décima quinta categoria alinhada no colarinho. Basta o cliente colocar meio pé dentro da loja que um já se apresenta para tornar a compra um ato de desgosto. Posso lhe ajudar? O que o senhor quer? É um presente? Para quem? Temos estas bermudas, uma beleza. Ah, o senhor só quer olhar? Então olha esta camiseta, que malha! O senhor sabe que aqui só trabalhamos com coisa de primeira... Argh, que asco, que náusea!
Eu compro só para me livrar do cara e chegar logo ao balcão, onde invariavelmente há uma mulher, Sensação na caixa de bombons, que me permite respirar. Mas mesmo aí o lobão chato, sapato de bico quadrado, sempre volta para perguntar se eu tenho certeza de que não quero mais nada, quem sabe aquela pólo.
Agora, alguém me explica: por que os caras acham que homens vendem melhor do que mulheres? Imagina entrar numa Brooksfield, Via Veneto, Homem e ter uma loira peituda para te atender. As vendas triplicariam. Uma gostosa dizendo “o senhor está muito elegante com esta gravata”, mesmo que seja mentira, é o suficiente para colocar qualquer macho no chão, no vermelho. Nas revendas de automóveis, as moças já são quase maioria, por que nas lojas de roupas o império é dos peludos, chatos e sebosos?
Ontem, eu queria comprar uma camiseta na Hering do Praia de Belas. Antes de entrar, pela vitrina, conferi o time de atendentes. Dois barbados e três mocinhas. Vocês podem achar que é mentira, folclore pro blógui, mas passei cinco vezes em frente à loja antes de entrar, esperando um momento em que os dois estivessem ocupados e elas de mão abanando.
Por isso eu amo comprar roupinhas para a Rafa. Nestas lojas de meninas, há sempre muitas atendentes queridas dispostas a te ajudar. E na grande maioria das vezes te deixando à vontade, relaxado para meter a mão nas araras, fazer pré-seleções antes de consultá-las. Depois, elas vêm sorridentes e saltitantes e faceiras para te dar opiniões, explicar como funcionam os tamanhos femininos, que roupa combina com peitinho, que roupa combina com peitão. E então o legal é reunir três, quatro delas e formar uma comissão para escolher a roupinha mais legal para a tua amada. Com alguma sorte, uma se oferece para provar – e elas adoram provar – e veste uma duas, três das tuas escolhas. E fica aquela galinhagem gostosa, a gente paga com gosto e volta pra casa com a sensação de que a vida vale a pena.

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