domingo, maio 30, 2004

Como resposta ao último post, a Rafaela acabou de me dizer que, no pré-escolar, tinha o Denis, que a beijava na boca. Grrrrrr !

sábado, maio 29, 2004

Esses dias disse aqui que há rostos que não conseguimos esquecer. Pois bem: também há cheiros que marcam. Posso sentir agora mesmo o perfume que exalava dos cabelos recém lavados das minhas colegas do pré-escolar, quando fazíamos fila para entrar na sala de aula do IPA. Guardei pra sempre este aroma e só pude senti-lo novamente ano retrasado. Uma amiga do Caras Novas, a Camila Saccomori, usava - e ainda usa - o mesmo shampoo que minhas coleguinhas. Mais recentemente, meu cachorro passou a vir da pet-shop com o mesmo cheiro. Não, não estou dizendo que a Camila e o Barbosa usem o mesmo shampoo ou estejam tendo um caso; apenas que usam produtos com a mesma essência. Exatamente a que perfumava os cabelos da Karina, a garota por quem eu era apaixonado. Uma guria que não faço idéia de quem seja, onde esteja, não recordo se loura, ruiva ou morena, e sequer conseguiria reconhecê-la na foto da turminha que descansa numa gaveta do meu quarto. Dela, só lembro do cheiro dos cabelos. E de que gostava do Mariano - não de mim.


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A propósito: estaria esta essência que perfumava minhas coleguinhas voltando à moda, junto com esta onda de anos 80 ???

sexta-feira, maio 28, 2004

Não consigo desgrudar do meu novo telefone celular. Ele é lindo. Pra começar é azul - azul da cor do mar de Cabo Frio. Quando a gente aperta uma tecla qualquer, o aparelho todo se ilumina. É como se um mergulhador tivesse aceso uma lanterna no fundo do oceano. Não resisto à tentação de apagar as luzes do recinto, só para ver o meu brinquedo brilhar. Só isso já bastaria para me encantar. Mas há mais.
A cada minuto, levo-o até o nariz, para sentir seu cheiro. Cheiro de video-game novo, recém tirado da caixa. Lembra de quando você ganhou o SuperNes ou o Megadrive ? Pois é...
Pra completar, o meu celular pesa menos do que uma maçã, não tem um arranhão sequer e é macio como tronco de goiabeira. Não canso de esfregá-lo no rosto. Ele desliza, faz carinho na pele. Meu telefone novo é demais. Ah, se tudo isso não fosse passageiro...
Mas é. Eu sei: daqui a uma semana ele estará arranhado, opaco e desbotado. E não passará de um celular. Nada além de um celular. Mais um celular, como outro qualquer, que, um dia, vai parar no fundo de uma gaveta qualquer. Sem linha, sem dono, sem vida.


(impressão minha ou está meio gay este texto ? bom, estou tranquilo, já passei dos 24).

quinta-feira, maio 27, 2004

palavras:

Não há palavra mais careta do que "careta".
Não há palavra menos bacana do que "bacana".
E "tira", que só significa guarda, policial, no cinema ! Nunca foi pronunciada com este sentido senão por um dublador.
Só em telejornal "cerca" não divide territórios, mas
disfarça o fato de nós, jornalistas, não sabermos ao certo um número qualquer.
"Ei, psiu!" eu só ouvi da boca de um colega do País de Galles, que aprendeu a falar português lendo gibis.
Na vida real e na linguagem natural, ninguém é "derrotado"; todo mundo perde.

quarta-feira, maio 26, 2004

Uma breve e direta troca de e-mails desfez a dúvida.

Tião: Vc é assessor da Unisinos ?
Carpinejar: Sim, é minha identidade secreta. Trabalho como jornalista na Unisinos.

Pra completar, o poeta me ligou, disse que achou engraçado o relato que fiz sobre ele e ainda o postou o meu texto no seu blógui - www.carpinejar.blogger.com.br. Fiquei tri faceiro. Bacana, né ?

segunda-feira, maio 24, 2004

Fui pentear o cabelo agora e tive uma atitude absolutamente ridícula. Me olhei no espelho para ver se havia alguma coisa diferente. Vocês sabem, 25 anos... Vai que sempre que se faz 25 anos alguma coisa muda, algo misterioso que só quem já fez 25 anos sabe e percebe, algo tão fantástico que nunca alguém que tem mais de 25 anos jamais contou para um menor. Bobagem. Tudo igual. Droga !

domingo, maio 23, 2004


Reminiscências

Jogar bola no IPA e voltar para casa suado, cortando caminho pelo jardim de um prédio, no tempo em que os prédios não tinham grades, e abrir uma torneira nesse mesmo jardim, a água jorrando fresca na língua, aquele gosto de cano, de metal, escorregando pela goela, e depois enfiar a nuca, quente, debaixo do jato, frio, descer a lomba molhado, até chegar na minha rua, no tempo em que a minha rua era a nossa rua, a mesma rua de hoje, mas diferente.

quarta-feira, maio 19, 2004

São 03h44. Foi agora há pouco. Prestei bem atenção em como tudo aconteceu: Primeiro, um uivou; logo, foi imitado por outro; a seguir, um terceiro latiu. A partir daí, já não consegui distinguir nada. Todos os cães da zona estavam latindo ao mesmo tempo. Durou um minuto. Aterrador.

Era véspera de páscoa. Eu e o Bento já éramos bem grandinhos, mas não conseguíamos dormir, ansiosos que estávamos com a velha história do lebrão que vem, durante a madrugada, esconder os ninhos com ovos de chocolate. Foi quando um cão latiu. Em seguida, todos os cães estavam latindo. E então todos os animais da fazenda começaram a berrar: gansos, vacas, cavalos, galinhas. Au, mu, có, tudo ao mesmo tempo, uma confusão de onomatopéias. Juro. Aterrorisante. Até hoje hesito em afirmar que não acredito em lebrão da páscoa.
Há rostos que marcam. Tem caras que vemos constantemente e, numa situação inesperada, não conseguimos recordar. Tem faces que vemos uma única vez e jamais esquecemos. Posso lembrar de várias agora (suas imagens estão aqui, nítidas, na minha memória). Uma dessas é a de um assessor de imprensa da Unisinos, um rapaz com rosto anguloso, quase em forma de triângulo, traços fortes, muito osso, muita pele e, fundamentalmente, olhos caídos, daqueles que se esquecem de acompanhar a boca em um sorriso. Uma composição tão singular que atrai para si todas as atenções de um ambiente (mesmo que o seu pobre portador pareça clamar pelo contrário). Por diversas vezes, ao fazer a tal reportagem na Universidade, desviei-me do assunto da pauta para mirar o semblante soturno do assessor. Não conseguia não pensar no que haveria por trás daquela face. Quem seria aquela pessoa ? Certamente, com aquele ombro caído, aquele ar sombrio, um jornalista incapaz de fazer uma pergunta em uma coletiva ou mesmo interpelar um entrevistado qualquer; mais um infeliz recém-formado na própria Unisinos, filho de professor, que encontrou na assessoria da Universidade um belo esconderijo. Teria ele coragem de publicar um relise ? Aqueles ombros encolhidos respondiam: não, definitivamente, não !
Pois dias depois voltei a ver o mesmo rosto, pasmem !, na Zero Hora, na contra-capa do caderno Cultura. Dizia na legenda que se tratava do poeta Fabrício Carpinejar, que, por sinal, assinava o artigo. Mas aquilo era impossível ! Como um poeta, um escritor dos mais gabaritados, pode ser assessor da Unisinos ? Não pode. Não tenho nenhum preconceito com assessores; pelo contrário: já fiz assessoria e adoro o ofício. Mas, enfim, um poeta é um poeta, um escritor é um escritor, jamais também um assessor, de modo que cheguei à conclusão de que eu estava enganado. Dias depois, cheguei na TV e peguei a pauta. De novo, na Unisinos. O contato: Fabrício Carpinejar. Burras, imbecis, idiotas, inguinorantes, estas produtoras ! Acaso não sabem que Fabrício Carpinejar é o poeta, o escritor ? Até que me veio uma luz e descobri o que se passara. Claro, que burro eu fui... O assessor da Unisinos é irmão gêmeo do Fabrício Carpinejar, e elas, de tanto ouvir o nome do poeta, confundiram-se. Bom, neste dia o assessor não apareceu e eu fiquei sem a resposta. Fui pesquisar: Fabrício Carpinejar é poeta e jornalista, mora em São Leopoldo, eu vi bem a foto em ZH, vi outras fotos também e elas realmente parecem ser do assessor de imprensa da Unisinos. E apesar de todos esses indícios, estou eu aqui, com medo de postar esta história, todo receoso de estar dizendo uma bobagem... Mas, enfim, Fabrício Carpinejar - o grande poeta, o louvado escritor, tem um blog - assim como eu e a Samara Felippo. Então, se ele tem um blog, também pode ser assessor de imprensa, né ? Se eu estiver errado, que me desmintam !

terça-feira, maio 18, 2004

Sobre a morte do promotor Marcelo Kuffner. Acho que os brigadianos que presenciaram o assassinato têm culpa. Era dever legal deles, ao atender a ocorrência, estar preparados para conter um possível rompante do motorista/policial/assassino bêbado.
Sobre fraudes no Totobola. Acho que o Estado tem culpa. Ora, segundo contou o dono da loteria, sem ser desmentido, auditores da Lotergs presenciavam cada sorteio para garantir a lisura do processo. Anos e anos fazendo a mesma coisa e nunca identificaram a fragilidade da máquina ? E nós pagando esta gente para isso.
Ainda sobre o Totobola. Embora a máquina pudesse ser manipulada, não estou convencido da existência efetiva de fraude. Falta uma explicação coerente sobre como isso acontecia.
Curtas

Um
Todos os dias vai à padaria com o seu cão. Come uns quantos croissants recheados de goiabada e dá outros tantos pro beagle, que já não consegue caminhar, de tão gordo que está.

Dois
Levantaram-se ligeiro e, apressados, enfiaram a camisinha na gaveta e a roupa no corpo. Suados, resfolegando, atenderam à porta.
- Estudaram, crianças ? - perguntou a mãe.
- Sim, bastante. - responderam.

Tres
Ela tinha sempre o corpo fervendo; ele, sempre gelado. Quando se encontravam debaixo das cobertas, passavam a noite assim:
- Minha brasinha !
- Meu gelinho !
- Minha brasinha !
- Meu gelinho !
- Minnha brasinha !
...

sábado, maio 15, 2004

Está ultrapassada a frase "o Orkut é o Ossip da Internet", atribuida à Jajá. Ontem, o Rodrigo resumiu bem uma anotação que lhe fiz e cunhou uma mais atual: "o Orkut é a Balonê da Internet". É que, como a festa anos 80, o site de relacionamentos começou reunindo publicitários e jornalistas. Agora, é refúgio também de advogados, administradores e dentistas. Eclético que sou, vejo minha friend list em franca ascenção (não, Fabiano, não estou me gabando disto). E fico feliz de reencontrar na rede figuras desaparecidas da minha vida.

sexta-feira, maio 14, 2004

O negrinho, a gente deve deixar amadurecer por pelo menos 24 horas, para que se forme aquela crosta e ele fique crocante por fora e cremoso por dentro.

quinta-feira, maio 13, 2004

No mundo perfeito, você dorme pela manhã, lê e usa o computador à tarde, bebe e joga conversa fora à noite, faz sexo de madrugada e come sempre que tiver vontade.
Momento auto-ajuda.

Faça uma lista de coisas pendentes na sua vida - tarefas simples, que precisam ser feitas, mas alguma força oculta parece impedi-lo de executá-las imediatamente, como marcar hora no dentista, escrever para aquele amigo que fez aniversário e você esqueceu, cortar o cabelo, revisar o carro... Num rompante, ao terminar de ler este post, mexa-se e faça a que estiver a mão. Risque-a da lista. Esforce-se para, gradualmente, ir riscando as outras. Funcionou ? Comigo não.

quarta-feira, maio 12, 2004

Cheguei a chamar o jornalista do NYTimes de "correspondentezinho de merda", de tão irritado com a notícia que ele criou sobre a relação do Lula com o álcool. Isso que eu era até "amigo" do cara, com quem bati altos papos lá na Farsul, quando de sua passagem por aqui para fazer uma matéria sobre o MST. Mas, convenhamos, o Ministério da Justiça expulsar o jornalista do país foi uma atitude arbitrária, ditatorial, repugnante, ignominiosa e que, com certeza, vai pegar muito mal para o governo. Ora, eu achei equivocada a matéria do cara, a maioria das pessoas achou o mesmo, mas temos de admitir que o assunto já havia ao menos sido abordado, com outro viés - o do mau exemplo -, por colunistas em alguns dos maiores jornais e revistas do país. Se ele passou dos limites, que seja julgado. Pela justiça, pela Associação Brasileira de Imprensa, pelos órgãos competentes. Mas o governo se sentir desrespeitado e cassar o visto do profissional direto, isso é absurdo ! Ataque abominável à liberdade de imprensa. Ficou chato. Parece que qualquer correspondente que fale mal do governo está na mira, agora.

segunda-feira, maio 10, 2004

A Maria Paula relembrou aqui, num comment, a história contada pelo Ronaldo Nunes, da RBS, durante o Caras Novas. É o seguinte:

Estava aquele burburinho no hall de entrada do hotel que concentrava os jornalistas brasileiros que cobriam a Copa do Mundo. Um monte de machos conversando, fazendo algazarra, até que cruza a global Ana Paula Padrão, nariz, peitos e bunda arrebitados, como sempre. A passagem seria triunfal, caso um gaiato, sotaque nordestino carregado, voz clara, não tivesse tascado esta:
- Xihh, aí vem a inventora...
Fez-se o silêncio e todos voltaram suas atenções para o engraçadinho, esperando o complemento.
- Esta aí acha que inventou a buceta !
O hotel explodiu em gargalhadas.

domingo, maio 09, 2004

Agora inventaram que o Lula bebe. Só porque o Diogo Mainardi escreveu um artigo sobre o mau exemplo que ele estava dando em recepções, vem NYTimes dizer que a bebida está atrapalhando a forma como o presidente governa o Brasil. Que coisa irritante isso. Deixa o cara beber, porra! Eu bebo, tu bebes, nós bebemos, ele bebe. Um correspondentezinho de merda inventa uma notícia, baseado em fonte nenhuma, para fazer um factóide e eu não duvido que amanhã minhas ações estejam mais desvalorizadas do que já estão, só por causa disso.

sexta-feira, maio 07, 2004

Voltando ao livro Quintessence. Segue a lista de algumas das 65 coisas (perfeitas, absolutas) descritas pelos autores:
O Martini, a bola de borracha Spalding, a sopa de tomate Campell´s, o piano Steinway, o cigarro Camel, a botinha cano alto Keds, a bolacha Negresco, a Mont Blac, a mola-maluca, o saco de supermercado de papel marrom (supimpa, este), a Harley Davidson ElectarGlide, o Zippo, o protetor Coopertone, o balão da Goodyear, o Frisbeee, o cão Bull Terrier, o Banco Imobiliário, a Budweiser, o Ray Ban, o fusca, o chocolate Hersheys Kiss, o cartão American Express, o chocolate m&m´s, a Aspirina Bayer, a camisa pólo da Lacoste, o pó para bebê Johnson´s, o canivete suíço, a calça Levi´s 501 (perfeita, Cássia), a Coca, o lenço Kleenex, o catchup Heinz, a caixa Tupperware, a champagne Dom Perrignon e outras coisas que só americanos conhecem.
É incrível, mas a força que encerra a foto do saco de papel no livro é arrebatadora. A quintessência da quintessência.

terça-feira, maio 04, 2004

Quarta-feira, 22hs, no canal 7, vai ao ar o TVE Repórter que fiz sobre inventores.
Adoro coisas, lugares, pessoas absolutas. No futebol, Pelé, Maradona, Romário. Por isso, instigado pelo ensaio do Sérgio Augusto de Andrade na Bravo de abril, mandei vir, pela Amazon, o livro "Quintessence. The quality of having ´it´", de Betty Cornfeld e Owen Edwards. Ele traz uma lista de coisas quintessenciais, perfeitas, absolutas. Segundo os próprios autores, faz parte desse rol tudo aquilo que tem a misteriosa capacidade de ser exatamente o que deveria ser, que se parece como um desenho de criança. O cigarro Camel, a bolacha Negresco, a moto Harley Davidson, o óculos Ray Ban, o Fusca, a Aspirina, a Coca Cola, o lenço Cleenex... - estão todos no livro. O texto fala de cada artigo carinhosa e poeticamente. É fascinante mesmo olhar ao nosso redor, observar a quantidade de bugiganga que nos cerca, e se dar conta de que algumas, poucas, são perfeitas, não podem sequer ser aperfeiçoadas, possuem uma aura própria, não enjoam jamais. O Atari, o falecido Milk Shake do Ribs, o Chica-Bom com embalagem de papel, o Fox Terrier (o livro fala no Bull Terrier, mas peça para uma criança desenhar um cão, observe as placas proibindo a entrada de cães, e comprove), a Maizena, o lápis Faber castel n.o 2, a caneta Bic, o Hipoglós, o estojo de pano xadrez... Me ajudem na lista ?

segunda-feira, maio 03, 2004

Domésticas 1
Faça um furo, mínimo, na parte de baixo, na bundinha, do caqui. Dê um chupão, forte, no lugar. Sinta a polpa vir, de uma vez, rasgando a casca, esgaçando o buraquinho e enchendo a boca. Imagine a Fernanda Lima fazendo o mesmo.

Domésticas 2
Para abrir a caixa de longavida, faça um corte mínimo no biquinho dela. A seguir, aperte-a com força. Observe o filete de leite jorrando e levante a embalagem o mais alto e longe do copo o possível. Valorize a contradição entre o esforço empreendido e a lentidão com que o recipiente é preenchido. Tente fazer o máximo de espuma. E depois tome o leite como se ele tivesse recém saído da teta da vaca.

Domésticas 3
Venha aqui em casa provar o mel do pau que meu pai trouxe dos campos nativos do Itacurubi. Ah: antes de qualquer comment, por favor, sem trocadilhos e brincadeirinhas. "Mel de pau: mel de abelha silvestre, cuja colméia é feita em oco de pau." (Fonte: Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, de Zeno e Rui Cardoso Nunes.)