quinta-feira, março 29, 2012



A Dieta do Bolo

Como assim, vocês ainda não sabem, gurias? Deu até no Blógui do Tião e tudo! É mais in do que a dieta do óleo de côco e superior a todas as outras dietas da moda ever - dieta da lua, dieta do tipo sanguíneo, dieta do butiá, dieta da USP, dieta dos chipirones, dieta dos pontos...
Então, meninas, a última é a DIETA DO BOLO! Provavelmente a mais revolucionária depois da do Dr. Atkins. Foi formulada pela equipe de nutrição do Hospital Moinhos de Vento, aperfeiçoada pelo jornalista e eterno gordo Sebastião Ribeiro, e recentemente ganhou o mundo ao ser adotada pela Angelina Jolie e pela Kim Kardashian, que já a batizaram na América - a do Norte - de Cake Diet.

Primórdios e funcionamento original
No café da manhã, pessoa come dois pães borrachudos, de 50g cada, com uma fatia de presunto, outra de queijo, um tablete de margarina tão rançosa que ninguém ousaria ingerir, um tablete de geleia Ritter que nem McGyver conseguiria abrir e café com leite. Frio, claro. No almoço, um peito de frango ou um bife tão secos que rasgam o esôfago, uma porção de arroz, uma de legumes, uma canja de galinha sem sal e sem galinha.
Desse jeito, pode imaginar, chega determinado momento vespertino em que pessoa já está desesperada, deitada na cama de um hospital, tendo um mini-AVC, sem direito nem aos prazeres da gastronomia. É aí que acontece a mágica. Prestenção, este é o cerne da dieta. Merece Enter duplo e parágrafo único.

Quatro da tarde. É quando a enfermeira chega com a bandeja e, no prato, o sujeito se depara com a melhor, mais bela e maior fatia de bolo que jamais teria coragem de comer em situação de dieta, acompanhada de um acolhedor cafezinho com leite. Em resumo, é o grande momento do dia. O instante em que o paciente para e pensa: vale a pena viver. Mas atenção: para que a dieta dê certo o bolo tem de ser saboreado da seguinte maneira: um imenso naco que enche a boca e dá sensação de saciedade e plenitude, uma mini mordidinha para fazer render, um imenso naco que enche a boca e dá sensação de saciedade e plenitude, um imenso naco que enche a boca e dá sensação de saciedade e plenitude, uma mini mordidinha para fazer render, um imenso naco - ops, acabou.

Até o jantar, viver é rememorar o prazer do lanche da tarde. Quando chega enfim a janta e você se depara com algo como o almoço acrescido de um iogurte Batavo para guardar de ceia, recomeça o calvário, a espera pelas 16h do dia seguinte.
Ah, já ia esquecendo, importante: os exercícios! Que exercícios, rapaz? Eu estou na cama há 19 dias e nem banho de pé consigo tomar. Ainda assim, já perdi 5 quilos com a Dieta do Bolo. Estou magérrimo, podem imaginar!!! Afinal, só faltam mais 18 quilos.

Aperfeiçoamento e formação atual
Agora, você que é normal, anota aí a Dieta do Bolo já aperfeiçoada pelo Tião. Funciona bem para p’ssoa gorda.

DIETA DO BOLO
Café da manhã:
- Uma fatia de pão light com presunto e queijo e outra com um pouquinho de geleia; café.
ou
- Duas fatias de pão Scwharstztssbrostszs com fatias de ricota e pingos de mel.

Lanche da manhã
- Uma frutinha básica, baby.

Almoço
- Um ou dois bifes, legumes e salada à vontade, uma porção de carboidrato, tipo arroz ou batata assada (pode substituir por duas POLENTAS FRITAS que sobraram do galeto de domingo).
- De sobremesa, Café do Mercado moído e passado na hora e uma barrinha (não te emociona, é um quarto do pacote) de Kit-Kat. Sim, pode vibrar: a Dieta do Bolo tem Kit-Kat!

Lanche
- Um bolo mármore ou uma cuca de uva (elas devem estar estonteantes com esta safra) comprados na Confeitaria Max. A fatia deve ser quase gigante, mas não tanto (equivale a duas fatias de pequenas a médias). Tomar com café com leite. E esse lance da confeitaria aí é só se você não tem uma esposa querida e doceira, como eu, tá?

Lanche II
- Maçã. Da Mônica, né gente? Daquelas bem pequetitas. Tá, pode ser uns bagos de uva ou a melhor fruta do mundo: figo (neste caso, dois, porque é impossível comer só um)!!!

Jantar
-Uma refeição congelada pronta Brubins ou whatever de até 550 calorias.

Ceia
- Um figo ou um Activia, para seu intestino funcionar bonitinho, que nem o da Patrícia Travassos.

Madrugada
- Uma fatia imensa daquele bolo da tarde (só em sonho, ok?)

quinta-feira, março 01, 2012

  

Estou jogado na rede da varanda - era no tempo em que as casas tinham varanda. Domingo, com certeza, o último de fevereiro ou o primeiro de março. Só se ouve o rugido abafado do mar e as pauladas nas tábuas de madeira. São os vizinhos colocando os tampos nas janelas. O último vai na porta. Se ninguém vier na Páscoa, será uma gestação de nove meses de mofo e escuridão até a casa ver a luz do sol de novo. Sim, há a caseira que, supõe-se, abre tudo uma vez por mês, mas a frase ficou melhor sem ela...

De nada adianta pedalar até os amigos. Quem não se foi para fugir do espetáculo, está arrumando as malas. Resta-me a rede e a varanda da casa do tio Paulo no último dia do verão de Torres. Não foram um nem dois domingos assim. Alguns, para ser bem preciso. Por que eu permanecia? Por que sempre a última carona, o último ônibus? Como se algo ainda pudesse acontecer. Algo...

Não me movo. Não há saída de emergência. Fecho os olhos. Cada martelada nos tampos, uma fincada no estômago. Dói. Então me concentro. Inspiro a maresia. Curto como se fosse a derradeira tomada de ar, e alguma será.

Eu fico até o último 'vamos Sebastião', até a buzina que anuncia a morte, até o bus das onze. Eu fico porque preciso.

Amanhã tem aula. E, até lá, tudo menos o Fantástico.