terça-feira, abril 29, 2008

Fui um bravo. Resisti o quanto pude. Por cinco vezes me vi no centro da arena, cara a cara com o leão. Como Júlio César, fui, vi e venci. Mas neste ano foi diferente. Cheguei a mirar a fera olho no olho. Mas ela rugiu alto demais, esbugalhou os olhos, rangiu os dentes. Eu fiz menção de atacar, mas a voz da prudência me segurou. Dei as costas e me retirei da arena. Estou velho. Abri mão de fazer o imposto de renda por conta própria. Desta vez, vou atrasar, pagar multa e contratar um contador.   
 

sexta-feira, abril 25, 2008

Segue um concorrente do Linha Burra. Feito pelo meu amigo Paulinho, o Bibelô, e colegas dele. Acessem: www.futebolemdestaque.wordpress.com

terça-feira, abril 22, 2008

“Putaquiupariu, e o futebol?”

Foi mais ou menos assim. Terça-feira, dia do futebolzinho da turma, eu estava dando um tempo na Zero Hora para ir direto para a quadra, quando a Rafa liga. Ela sempre liga.
- Gordo, tu tá sentado?
- Ahn... Que tu quer?
- Tou grávida.
Neste momento, é bom que vocês entendam que a Rafa sempre ficava grávida. A cada ciclo que atrasava, engravidava. De fazer teste e tudo. Um dia sem a menstruação, e já queria ir pra farmácia comprar palitinho. Portanto, nenhuma novidade até aqui. Mas resolvi averiguar.
- Como? Explica.
- Eu tou muito nervosa. Eu tou aqui no escritório. Eu comprei um teste de farmácia. Deu dois risquinhos azuis. Um tá mais fraco que o outro, mas na bula diz que se dá dois risquinhos é que ta grávida.
A primeira reação foi físico-química. Senti um vazio no estômago; uma espécie de frio que se espraiou até a ponta dos dedos dos pés e das mãos. Instantes depois, pude elaborar um pensamento:
- Putaquiupariu, e o futebol? Tou fodido, tenho de ir ver a Rafa. Não vou conseguir jogar. Vai faltar um. Os guris vão me matar.
A questão neste momento era prática. Eu tinha de ver a Rafa. Era como se ela estivesse muito doente, e precisando de apoio. Ordenei que se dirigisse para casa e me esperasse. Antes de desligar, ela disse:
- Não podemos contar pra ninguém. Só depois do teste de sangue.
- Claro, claro! Tou correndo pra casa. Te amo. Beijo.
Desliguei o telefone, olhei para o meu lado e enxerguei a Isabel. Então vomitei:
- Isabel tenho que te contar uma coisa não conta pra ninguém a Rafa tá grávida acabou de descobrir foi um exame de farmácia diz que é 99% de certeza.
A Isa ficou faceira. Eu comecei a refletir sobre como me sentia. Com certeza, muito mais feliz do que triste; muito mais assustado do que alegre; sem dúvidas, muito eufórico e orgulhoso de ser um bom reprodutor.
Assim, rumei para casa. De carro, mas a jato. Minha preocupação voltou a ser o estado da Rafa e o futebol. Eu realmente queria jogar. Nossa peladinha de terça à noite é um dos raros momentos de prazer garantido. Mas, agora eu era pai. Pai. Tinha compromissos de pai. E, se a Rafa precisasse, eu ficaria com ela.
Cheguei no apartamento louco para vê-la. Ela abriu a porta e eu a abracei. Com força, mais pela necessidade de mostrar que estava ali do que por emoção incontida. Fiz um interrogatório sobre as circunstâncias do exame e então tomei coragem para dizer que eu queria ir ao futebol, mas não admitia, em hipótese alguma, que ela ficasse sozinha. Era como se instantaneamente ela tivesse se tornado um cristalzinho muito frágil. Tanto que, quando a deixei na casa da mãe dela, antes de seguir para o jogo, subi com o carro na calçada para não haver risco de minha mamãe ser atropelada. Parece pouco, mas eu nunca tinha feito isso antes.
Na ida para o futebol, tive de ligar para a Isabel. Eu tinha de falar. O jogo foi bom, apenas que às vezes eu parava no meio da quadra e pensava: meu, que viagem, eu vou ser pai, que coisa mais nonsense. Ao fim da partida, eu estava absolutamente eufórico. Tomei uma cerveja e voltei para levar a Rafa até a casa dos meus pais, onde fomos recebidos com muitos beijos e champanhas Cave Geisse para o brinde. Entrementes, o Alô Panvel entregou mais um exame que apontou dois riscos.
Acordei-me no outro dia incrédulo. Uma mijada num palito era totalmente insuficiente para me convencer da paternidade. Enquanto a Rafa fazia mil planos para o bebê, eu passei o dia ansioso, esperando o resultado do exame. Por volta das 17h, entrei eu mesmo no site do laboratório Weinmann. O resultado, vocês conhecem tanto quanto eu.
Quando o vi, lá na Zero Hora, chamei imediatamente a Isabel e pedi que convocasse a turma para um brinde no bar da redação. Todos ficaram muito alegres com a notícia e até Totosinho foi chamado.
De tudo, o que mais me surpreendeu é que eu fiquei muito menos nervoso do que esperava. Ando mais é faceiro mesmo. Acho que, na verdade, eu estou muito mais preparado para ser pai do que pensava. Ou não.

sexta-feira, abril 18, 2008

Tuc-tuc-tuc-tuc. Assim faz o meu bebê. Com o microfone (?!) do aparelho de ecografia ampliado, a Rafaela chegou a ouvir: Pocotó-pocotó-pocotó. Um cavalo galopando. É o coração do meu bebê. Dá para ouvir e ver.
Uma azeitona com um caroço pulsante. Bem maior do que uma ervilha, pelo menos. Meu bebê tem exatos 1,29 cm “da cabeça à nádega”. Francamente! Não consigo entender por que eles medem uma criança da cabeça à bunda. Aliás, não consigo entender como eles conseguem descobrir onde é a cabeça e onde é a bunda. Pra mim, é tudo a mesma azeitona.
Tem gente que chora na primeira eco. Eu não. Digamos que o ambiente não é lá muito inspirador. Entramos em uma sala e uma moça ordenou à Rafa que tirasse a calça – e a calcinha. Todo dia, ela se despe na minha frente. Mas ali, naquele cubículo frio, achei meio estranho. E que coisinha ela ficou quando foi vestida com um saiote de papelão!
Deitada na cama, agora sem a moça, e aguardando a doutora, minha mulher olhou para o lado. Encontrou 30 centímetros de um objeto cilíndrico. Mais parecia uma salsicha parrillera desenrolada. Fina e comprida como a vara do Minhoca – palavras da própria mulher do Minhoca. Uma vara que espia (e ouve).
Passado o choque com as dimensões, seguiu-se uma preocupação mais nobre. Higiênica. Por quantas pererecas teria aquela... ah, deu pra entender, né? A tranqüilidade só veio quando a médica entrou e, em um movimento ágil e certeiro, uns cinco segundos no máximo, encobriu o objeto cilíndrico com uma camisinha.
Foi então que o exame propriamente dito começou. A médica dizia: ali é o embrião, ali a comidinha dele, ali a parede do útero, ali o ovário... E nós: Ahn? Quê? Onde? Ahn? Olha, eu podia dizer que é superfrustrante descobrir que o teu bebê é... uma azeitona disforme. Mas a verdade é que dá um puta orgulho. De saber que a tua mulher é fértil, que o ovário direito está produzindo progesterona, que o útero está dilatado, que o corpo dela está se comportando exatamente como devia até agora. E de saber que tu é capaz de gerar uma vida, porque nada simboliza mais a vida do que aquela minúscula bolinha pulsando, enlouquecidamente. Olha, vou confessar, estou arrepiado neste exato momento. E não é só para encerrar o texto como ele começou, mas passei o dia inteiro ouvindo aquele barulhinho: tu-tuc-tuc-tuc.

domingo, abril 13, 2008

Após a falência da Revista Dois Pontos, por falta de patrocinadores, Sérgio Margarida se viu perdido no mundo. Na última terça-feira, em tentativa desesperada, o irreverente crítico gastronômico ligou-me pedindo para publicar seus textos em meu blógui. É com muita honra que o recebo como colunista - o primeiro deste espaço. Lá vai sua primeira colaboração:

Kati

Comprar carne ovina é uma loteria. Não importa se tem marca, é vendida em butique, faz parte de programa de abate controlado: há sempre o risco de o corte vir catinguento.
Sabe catinga? Aquele cheiro de barba de bode impregnado? Um gosto que causa náusea e instantânea contração nos músculos da face (e do abdôme)? E cuja sensação retorna a cada expirada? Pois é, tem bagual que adora, acha que é coisa de macho. Margarida detesta. Está certo, Margarida fala de si na terceira pessoa, e isso não é lá muito abonador, mas nem por isso deve-se desqualificar sua opinião.
Conversando com quem sabe ou quem diz que sabe, chega-se a três explicações com relação às origens da catinga _ aliás, ensina o Aurélio, termo com origem na palavra guarani kati, ou "cheiro forte". Para alguns, a kati poderia ser causada pela idade avançada do animal (oveia véia), pela raça ou pelo mau procedimento na hora do abate.
De início, Margarida colocou em xeque a questão da idade. A carne ovina mais catinguenta que já comeu foi um filezinho de cordeiro ao molho de mostarda. Prato lindo, receita tentadora e uma kati absolutamente desproporcional à delicadeza do corte. O problema era que a carne era de "marca", de "cordeiro mamão": como podia então ter aquele gosto repelente? Foi então que um criador amigo, adepto da teses que envolvem idade e raça, respondeu:
- Rapaz, eles dizem que é cordeiro. Eu sei que não é, porque eles oferecem para comprar meus bichos e da redondeza. E embarcam de qualquer idade e de qualquer raça. Tem oveia véia, eles compram.
A diferença de gosto entre as raças é uma explicação que sempre agradou a Margarida. Este colunista freqüentou o campo ao longo de toda sua vida. Lembra-se da kati da carne servida na fazenda do avô lá pela década de 80, quando se criavam raças específica para produção de lã. E sabe como o cheiro ruim desapareceu totalmente após a migração para a raça texel, voltada à produção de carne. A melhor paleta assada que Margarida já comeu - daquelas macias, suaves e ca-ra-me-la-das - foi de um animal suffolk criado (tipo carne) na Cabanha Picumã, de Butiá, do Rogério Silva, um veterinário muito gentil e que, aliás, tinha um carneiro megasuperultraresistente a vermes na propriedade, mas isso é outra história.
Quem defende a tese da forma de carnear é o marido da Letícia Picoli, outra veterinária querida totalmente apaixonada (e especializada) por ovinos. Pois o cara, cujo nome eu não lembro, com a chancela da mulher, diz que o problema é quando o carneador encosta a carne na lã. Se isso acontecer, com o perdão da expressão, fodeu. Essa, aliás, é uma tese antiga, mas Margarida não acredita muito nela, não. Duvida que nos grandes frigoríficos haja processos múltiplos de abate, e ainda assim a carne oriunda deles sai às vezes com kati, às vezes sem.
É essa inconstância odorífera ou gustativa, vamos assim chamar, que faz com que tanta gente não goste da carne ovina, que é a melhor que há entre as vermelhas (quando está boa). E que, por fim, limita o mercado e até os preços do produto. Afinal, não é todo mundo que aceita arriscar. Da parte de Margarida, continuará apostando na loteria, porque acha que uma costelinha de cordeiro boa compensa outras mil com kati.

quarta-feira, abril 09, 2008

Enquanto eu só me preocupo com o meu bebê e a mamãe dele, e dedico menos tempo a esse blógui do qeu ele merece, estando devendo inclusive um relato do momento em que fiquei sabendo que seria papai e outro relato acerca da saga do Santi com o Aedes Aegipty, saboreiem o nome desta magistrada, com todas as suas sonoras e recombinantes sílabas: Kétlin Carla Pasa Casagrande.

 

quinta-feira, abril 03, 2008

Weinmann Laboratório
Pac.: Rafaela Ritter dos Santos
Dra. Ana Lúcia Letti Müller

Gonadotrofina coriônica - beta
Método: quimioluminescência
Valores de referência:
homens: < 25 mU/mL
gestantes > 25 mU/mL
resultado: > 10.000 mU/mL

quarta-feira, abril 02, 2008

O filho...
...e o pai. (sim, Barbosa procriou.)



terça-feira, abril 01, 2008

Com certeza sairei deste casamento pronto para assumir a diretoria de uma operadora de turismo. Posso indicar as melhores hospedagens em alguns dos principais destinos românticos do mundo. Comecemos com uma palhinha da Riviera Maya, no litoral mexicano, envolvendo Playa del Carmen e Tulum. Sempre na linha dos hotéis pequenos e sofisticados (ou nem tanto). Para alguns, hotéis boutique ou hotéis de charme. Desfrute estas opções de beira de praia. 
 
 
Tem também os fora da orla. Quem precisar, é só pedir.