sexta-feira, abril 18, 2008

Tuc-tuc-tuc-tuc. Assim faz o meu bebê. Com o microfone (?!) do aparelho de ecografia ampliado, a Rafaela chegou a ouvir: Pocotó-pocotó-pocotó. Um cavalo galopando. É o coração do meu bebê. Dá para ouvir e ver.
Uma azeitona com um caroço pulsante. Bem maior do que uma ervilha, pelo menos. Meu bebê tem exatos 1,29 cm “da cabeça à nádega”. Francamente! Não consigo entender por que eles medem uma criança da cabeça à bunda. Aliás, não consigo entender como eles conseguem descobrir onde é a cabeça e onde é a bunda. Pra mim, é tudo a mesma azeitona.
Tem gente que chora na primeira eco. Eu não. Digamos que o ambiente não é lá muito inspirador. Entramos em uma sala e uma moça ordenou à Rafa que tirasse a calça – e a calcinha. Todo dia, ela se despe na minha frente. Mas ali, naquele cubículo frio, achei meio estranho. E que coisinha ela ficou quando foi vestida com um saiote de papelão!
Deitada na cama, agora sem a moça, e aguardando a doutora, minha mulher olhou para o lado. Encontrou 30 centímetros de um objeto cilíndrico. Mais parecia uma salsicha parrillera desenrolada. Fina e comprida como a vara do Minhoca – palavras da própria mulher do Minhoca. Uma vara que espia (e ouve).
Passado o choque com as dimensões, seguiu-se uma preocupação mais nobre. Higiênica. Por quantas pererecas teria aquela... ah, deu pra entender, né? A tranqüilidade só veio quando a médica entrou e, em um movimento ágil e certeiro, uns cinco segundos no máximo, encobriu o objeto cilíndrico com uma camisinha.
Foi então que o exame propriamente dito começou. A médica dizia: ali é o embrião, ali a comidinha dele, ali a parede do útero, ali o ovário... E nós: Ahn? Quê? Onde? Ahn? Olha, eu podia dizer que é superfrustrante descobrir que o teu bebê é... uma azeitona disforme. Mas a verdade é que dá um puta orgulho. De saber que a tua mulher é fértil, que o ovário direito está produzindo progesterona, que o útero está dilatado, que o corpo dela está se comportando exatamente como devia até agora. E de saber que tu é capaz de gerar uma vida, porque nada simboliza mais a vida do que aquela minúscula bolinha pulsando, enlouquecidamente. Olha, vou confessar, estou arrepiado neste exato momento. E não é só para encerrar o texto como ele começou, mas passei o dia inteiro ouvindo aquele barulhinho: tu-tuc-tuc-tuc.

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