segunda-feira, abril 20, 2020

Os carinhas que previram a pqndemia

Ele estava em um evento no Insituto Nacional de Saúde, onde tinha uns carinhas que pesquisavam saúde pública, projetavam cenários possíveis. Os poucos caras que trabalham com saúde pública global prevêm há muito tempo uma pandemia.
Neste exato momento, tem gente nas universidades, nas Forças Armadas, nos departamentos de inteligência, em laboratórios - carinhas alertando sobre os riscos de bioterrorismo, acidentes biológicos, acidentes e armas nucleares, fúria da natureza decorrente do ambiente degradado...
Esses dias eu falei aqui do meu tio, o Bebê, que era médico da OMS, trabalhou a vida toda com epidemias, mas me oferecia escassas respostas sobre o coronavirus. Uma das poucas certezas que ele tinha era: "estas coisas vão ser cada vez mais frequentes, isso já se sabia".
Eu falei também do livro Demonio no Freezer, que conta um pouco do trabalho dos caras que estudam riscos epidemiológicos e riscos de ataques terroristas com armas biológicas.
Este vírus da varíola, por exemplo. Ele não existe mais na natureza. O homem o eliminou. Mas guarda amostras em pelo menos dois laboratórios: um nos EUA e um na Rússia. E os carinhas há anos discutem se destróem estas amostras ou as mantêm para pesquisas e precaução.
Em 1991 a @opsoms decidiu por eliminar 99,75% de um estoque de 200 milhões de vacinas de varíola, porque a armazenagem consumia U$ 25k por ano (refabricar as vacinas custaria U$ 500 milhões).
Eles não são muitos. Algumas centenas, milhares de pesquisadores que se reúnem talvez uma vez por ano em um congresso global para alertar: "cuidado: a manipulaçãp genética de vírus é muito simples e poderia ser feita por terroristas".
Em cada decisão desta, sentam umas poucas dezenas de picas-das-galáxias da virologia, epidemiologia, saúde e discutem o certo a ser feito, debatem os riscos, etc. E fazem alertas apaixonados sobre riscos que o mundo inteiro preferia ignorar.
Agora mesmo, deve ter um destes picas, pode ser uma geniazinha phd das forças armadas americanas ou um tiozinho que estuda o ebola, dizendo: "cuidado - e se o degelo no ártico expôr antigos corpos humanos reativando vírus mortais dormentes???".
Eles sempre estiveram aí: apresentando papers sobre novos protocolos de segurança, tentando um espaço na mídia, uma agenda com o Presidente ou com o Ministro, uma verba pra que o programa tal não seja descontinuado.
Vez que outra conseguiam alguma atenção. Como nesta visita do @BarackObama ao NHI. De alguma forma aquele líder percebeu que estes carinhas não eram lunáticos, paranóicos, mas sim cientistas - e que o trabalho deles importava.
Eu mesmo, até 100 dias atrás, se visse uma entrevista de um tiozinho alertando para o risco de uma epidemia global, faria 🙄🙄 e trocaria de canal
Mas isso é raro. Num país como o Brasil, em que não damos conta nem das urgências do momento, quem vai se preocupar em projetar e se preparar para um cenário de emergência futura?
Eles eram invisíveis, mas provavelmente estavam em seus congressos falando pra si, dizendo que o mundo precisava reformular sua cadeia de suprimento de EPIs, que o número de leitos de UTI tinha de ser multiplicado, que a qualquer momento um vírus podia aterrorizar o mundo...
E se a gente tivesse ouvido eles, talvez algumas milhares de vidas fossem salvas.
Por isso, vamos para de dizer "ninguém sabia", "não tinha como prever", "é uma fatalidade". Os cientistas sabiam, tentaram nos avisar, e a gente e nossos governantes preferiu ignorar.
Nenhum vírus vai avisar quando irromper. Nenhum terrorista vai avisar antes de tacar aviões num prédio. São Pedro não liga pra avisar do terremoto. Mas a gente tem como prever o risco e estar mais preparado para cada desastre, pandemia, tragédia.
Por fim: estamos dando atenção pros carinhas que fazem previsões sobre consequências do aquecimento global??? Ou estamos fazendo ouvidos moucos e rolling eyes, afinal, tem boleto vencendo amanhã? Então: ESCUTEM 0S CARINHAS!

sexta-feira, abril 17, 2020

Sonho

Hoje eu sonhei com um monte de coisa estranha e amizades antigas. Fui almoçar na Panvel Farmácias e tinha uma galera lá. Um buffetzinho caseiro, ali na esquina da Quintino com a Marquês do Pombal. Feijão, arroz e abacate. Tudo terminou com eu brigando com o  Luis Canabarro Cunha, porque ele não quis me dar uma carona até aqui em casa, bem pertinho. E chovia muito. Fiquei puto. O irritante é que fui dar um soco nele - e vocês sabem como é soco de sonho, né? A gente bate, bate e não pega, dá sempre no ar. Tive que subir a lomba a pé, debaixo de chuva. Daí, já era noite e eu estava no Uruguai. E uns carinhas de Belo Horizonte queriam me assaltar. E eu dizia: ah, mas aqui não é assim, aqui não tem assalto. E eles insistiram. Daí eu comecei a gritar: "pega ladrón, brasileños ladrones!!!", e eles fugiram. Antes de chegar em casa ainda passei na residência de vizinhos. Ali, tive de fechar a edição de um jornal. Era pra ser uma matéria foda: "saiba quem financiou a vinda dos Rolling Stones pro Uruguai". Era dinheiro de crime, coisa grande. Mas a gente não conseguiu apurar e a manchete foi sobre como foi difícil achar ingresso. Fechada a edição, corri pra nossa casinha, onde a Rafa e as crias arrumavam o jardim. Entrem, entrem, ligeiro, tem 3 meninas me perseguindo!, disse. Entramos. Olhei pela janela e elas estava ali, examinado se era minha casa, prontas pra invadir. A tranca não fechava direito. A janela não fechava direito. Rafa, Rafa, me ajuda!!! A Rafa não vinha. Daí acordei.