segunda-feira, julho 22, 2019

O PIJAMA

O dia que botei minha cachorra na do Pijama

- Pronto?
- Alô, é do Drummonds Hills?
- Sim, senhora.
- Do canil do Pijama?
- Esse mesmo. É um dos nossos melhores exemplares!
- É o seguinte. Eu tenho uma cadelinha pastor de shedlan também. Tipo mini cólen...
- Shetland! Pastor de Shetland.
- Isso, é que é difícil falar, ainda não me acostumei, mas estou amando a raça.
- Como posso lhe ajudar?
- É que o seguinte. A minha cachorra, a Ive Brussel, ela tem conta no Instagram. E ela fica olhando a internet. E quando aparece foto do Pijama, ela enlouquece!!!
- Hahaha. Não acredito! Entendi. E como podemos lhe ajudar?
- A gente queria cruzar com o Pijama.
- Mas, senhora, não funcio...
- Quando você pode deixar o Pijama aqui? Ouvi que o macho que vai na casa da fêmea, certo?
- Depende. Mas, minha senhora, não funciona assim. 
- Eu pego só uma cria e dou as outras pra você! É mais pra ela cruzar mesmo.
- Não é questão... 
- Eu pago!!
- A sua fêmea tem pedigree?
- Tem. 
- Quem são os pais?
- Sou filha da Dona Alice com o seu Ivo.
- Não. Os pais da sua cachorra. Tem no pedigree, escrito.
- Um minuto... 
- A senhora não quer me enviar por email e falamos posteriormente?
- Capaz... Já está na mão. É Zibelinen, a mãe. 
- Zibeline! É a cor. Como marta.
- Não é a Marta, não. É Zibeline mesmo, a mãe. Essa mesmo.
- Não, zibeline é como sable.
- Sim! Sim! Como a senhora acertou. O pai é o Sable! Ele é bom? Eu sabia que ela era boa! Dá pra cruzar, então? Quando sangrar eu aviso, pra você trazer o Pijama.
- Senhora. Zibeline, marta, sable, isso é cor de pelagem. O nome do pai e da mãe está em cima...
- Ah, sim, mas nomes dos pais eu sei. Nem precisa ver. Ela é filha da Joy com o Negão.
- Preciso os nomes do Pedigree. Estão acima da cor da pelagem. É só ler ali.
- Ah, sim. O pai é... Deixa ver... Mina da Mata Black Diamond. E a mãe Estrada da Mata Gates of Va... Ah, não sei dizer isto aqui!
- Conheço os canis. São bons, mas não podemos cruzar. Ok, senhora?
- Eu pago! R$ 5 mil?
- Não é questão. Senhora, o Pijama é um dos nossos melhores cães. Todos os cruzamentos dele são muito bem pensados. Estudados. Ele deve cruzar com as melhores fêmeas. Se nascerem filhos dele e forem animais fora do padrão, desvaloriza nosso cão... E a sua cachorrinha, por exemplo...
- Vai dizer que tem defeito???
- Não é questão de defeito. Mas, por exemplo, eu acabei de ver no Instagram. Ela tem o rabo torto, e isso tira ponto.
- Ponto?
- O Pijama vai a exposições. Se um filho dele chegar com rabo torto numa exposição, vão achar que ele não é bom reprodutor.
- Hmmm. Entendi. E se a gente registrar na Cinobras? Ouvi falar que daí meio que não vale, né?
- Hahhaa. Não é bem assim. Mas não. Podemos até ver outro macho para reproduzir, já que a senhora parece estar estudando e interessada na raça mesmo.
- Nem pensar. Ela quer o Pijama! Já sei, tive uma ideia: a gente nem registra, ninguém fica sabendo. Eles cruzam, eu fico com os filhotes, a senhora finge que nem viu. Ou que foi sem querer. Que a cachorrinha apareceu aí, entrou no canil, o Pijama aproveitou e... Enfim, e cruzou.
- Senhora, não. Tampouco temos interesse em aumentarmos a população de pastores de shetland não registrada. Isso foge do controle. Daqui a pouco vai ter shelties no Meyer, na Tijuca, em todo canto, e nossas crias vão ser cada vez menos valorizadas. Sabe como é: aumenta a oferta... Não. Definitivamente, não.
- Nem se eu pagar? R$ 5 mil e ainda deixo a ração pros dias que ela ficar aí. 
- E a gente nem falou dos exames todos que exigimos de cada matriz....
- A Ive é super saudável. Nunca teve lombriga, girardia lamblis.
- Giardia lamblia!!!
- Isso, nunca teve, nem berne.
- Não é isso que quis dizer. Senhora, não dá. Não podemos realizar este cruzamento. Não é não, OK?
- Ah, é assim? Vocês são muito metidos a besta! E quer saber? Ouvi falar que vem aí o Tropical Shelten, e em uns 10 anos estes cachorros peludões tipo o Pijama nem vão valer nada! Vão ser desprezados!!!
- Tropical o quê??? Que é isso??? A senhora saiu da linha!
- Quer saber! Vou cruzar com o Brownie que faz agiliten! Garanto que o Pijama não pula nem cabo de vassoura!!!
- Agility!!!
- Isso. Agility. Tchau!
- Obrigado pela preferência, senhora. Boa tarde!


quinta-feira, julho 18, 2019

Tropical Sheltie

- Oi! É um lassie bebê?
- Isto! 
- Nossa, sempre quis ter. Mas não acho na OLX.
- Procure por Tropical Sheltie, Mini Cóllen Brasileiro ou MCB.
- Boa... Vou tentar...Linda cor... Como chama?
- Ah, obrigado. A Ive é Zibeline Mogno.
- Lindo... Minha amiga tem um pastor de cheddar. É igual, não?
- Shetland. Pastor de Shetland que diz. Mas são raças diferentes. O TS é como a evolução do Shetland. E foi a primeira raça do mundo com book de registro na Focinhobras.
- Que legal! E também tem daquela cor merlen?
- Merle não é bem cor... Mas no TS a gente tem, sim, azulado. Chamamos de mármore. Tem o TS mármore puro e o mármore canela.
- Isso. Mármore Canela! Muito lindo, já vi no Instagram. Será que tem na OLX?
- Deve ter, deve ter, mas recomendo ir pra Jundiaí num sábado. Tem muitos canis lá. Vai pela Bandeirantes, já começa a ver os outdoors dos canis. Para num Frango Assado e já te indicam um criador.
- Boa! Obrigado.
- De nada. Saudações tropicais.

segunda-feira, junho 10, 2019

Breve Inventário Mnêmico dos meus Colegas de Cultural

Devo ter entrado lá com uns 10 anos. E só saí com uns 17. Mais ou menos umas 450 aulas, em conta de bar... O diálogo da primeira, nunca esqueci. 
- Whats your name?
- My name is Julia. Julia Burns.
- Hello, Julia, I'm ___________. Nice to meet you.
- Nice to meet you too.
Foi minha dinda que me levou à primeira aula. Pra me ensinar a andar de lotação. Depois, ia sozinho, me achando homenzinho. Outros tempos... (quando eu tinha seis anos de idade, um psiquiatra xingou minha mãe porque não me deixava dar a volta na quadra desacompanhado).
De tantos anos de Cultural - na Riachuelo e em Petrópolis - guardo um diploma perdido numa gaveta, um inglês de me virar por aí e memórias rotas. Devo ter tido uns 200 colegas. E consigo recordar de menos de 10 nomes, além de informações e imagens perdidas na mente, sem nenhuma garantia de correspondência com a realidade. 
É nestas que me apego para iniciar este breve Inventário Mnêmico de Meus Colegas de Cultural, os quais 'lembro' com muito carinho.

Abrão
Era chinês. Quer dizer, taiwanês. Quer dizer, não sei. Com certeza, asiático. Mas se chamava Abrão. E tinha um irmão. Estudava no Rosário. Sempre que pergunto pra um rosariense se o conheceu, respondem que não faz sentido o cara ser taiwanês e se chamar Abrão.

Ananias
Não era esse o nome, mas assim o chamávamos. Referência a um personagem dos trapalhões, anãozinho. Ananias era baixinho. E inteligente - campeão de xadrez do colégio Rosário. Dedicava-se mais que qualquer colega ao inglês. Já nasceu com o sonho de se tornar diplomata. Espero que tenha conseguido.

"SRG"
Deste não lembro o nome. Talvez fosse Rafael. Vamos chamá-lo de Super Raça Gremista - porque era apaixonado integrante da organizada. Vivia fardado com a camiseta da torcida. Tinha cabelos longos e loiros. Última vez que o vi foi há quase 20 anos, no Rocky Point de Atlântida. Grande papo.

"Irmãos Wright"
Aos 14 anos, já eram aviadores. Ou queriam ser. Viviam no circuito do Aeroclube de Porto Alegre. Eram bonitos. Educados. E irmãos. Pensando bem, não sei se eram um ou dois. Se efetivamente eram dois, o mais velho era mais camarada. Espero que tenha(m) se tornado piloto(s).

Aretusa
Desta lembro mais do nome do que da pessoa. Mas era loira. Bem loira. Oxigenada, talvez. Tinha um corpanzil. Deve ter botado peito antes das outras meninas. Eu e um colega gostávamos de se referir a ela como "Aertuuuuudo a ver". Era sonoro.

Juliana Ribeiro
Tida como metida e antipática em alguns círculos torrenses, era um mimo em sala de aula. Doce de pessoa e risonha. Fez comigo English Through Pop Music. My name is Lucca. I live on the second floor. How can we dance when our earth is turning? Linda de dar inveja nas inimigas. É das poucas que ainda acompanho no Face e com quem cruzo vez que outra. Segue linda e é dona de uma confecção de moda em couro.

Jorja
Grande nome! Esta também era bonita Porém, um pouco mais miúda. Não era muito da zoeira. Mas como só lembro de pessoas boas, devia ser uma boa pessoa. A última vez que a encontrei foi há uns 10 anos no Country Club. Acho que a reconheceria hoje. Se ela sorrisse, sim, que tinha belos dentes. 

PG
Este era filho de juiz. Desembargador, até, talvez. Ou então, promotor. Procurador, quem sabe. Enfim, gente importante da Justiça. Morava nos altos da Duque, em um baita apê antigo e com vista para o Guaíba. Fizemos um trabalho de grupo na casa dele, mas isso não faz sentido, porque não havia tema de casa no Cultural... Quanto mais em grupo. Creio que se parecia com o Paulo Germano da ZH, por isso o identifico assim agora. 

Rodrigo Lorenzoni
Também conhecido como Urninha. Meu grande amigo de infância e até os dias de hoje. Vivemos grandes momentos no Aplicação, no Ribs ou no Cord, mas não lembro de nenhum no Cultural. Só tenho a impressão de que foi meu colega por um semestre, talvez no da Aretusa, embora isso não faça muito sentido. É veterinário, empreendedor e foi presidente do CRMV. 

Marcos
Ruivo flamejante, tinha cabelos lisos e em formato de cogumelo. Morava na Almirante de Abreu, bem pertinho da minha casa. Devia ir de lotação Rio Branco também. Nos cruzávamos seguidamente. Tinha um cão Akita. Akitas não são muito afetivos. 

Espero lembrar de outros com o tempo... E ir editando o post. Se quiser marcar colegas que fizeram Cultura, use os comentários :)
 

 
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Sebastião Ribeiro
Diretor

Cartola - Agência de Conteúdo
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