sexta-feira, maio 08, 2020

Tubarão ou pandemia

Vocês precisam assistir a um filme que é uma parábola incrível do momento de pandemia que estamos vivendo. 

Acho até que foi feito inspirado na Covid19.

Talvez muitos não conheçam. Mas tem no Netflix. 

Chama-se Tubarão. É dirigido por Steven Spielberg.

Em um balneário de veraneio, no início da temporada, aparece um tubarão assassino. A primeira vítima morre. O chefe de polícia manda interditar as praias. Mas o prefeito logo o desautoriza: causar pânico não ajudaria! Foi uma fatalidade.

O prefeito manda abafar a história. Espalha uma notícia falsa de que a vítima morrera destroçada por um motor de barco.

Então, uma criança morre comida pelo tubarão. Todas as autoridades e lideranças da cidade correm para uma assembleia. Um político faz piada com o caso. Todos riem.

Reunidos na assembleia, empresários pressionam o prefeito para não fechar as praias. Os negócios não suportariam um verão sem veranistas. Logo, dependeriam de ajuda do governo.

Apesar dos alertas de perigo, a turba ignara e irascível sai para caçar o tal tubarão. Vão de manada, vários barcos, e voltam com um bichão de dois metros morto. A massa vai ao delírio. Vencemos!

O chefe de polícia continua preocupado. Ele chama um cientista, especialista em tubarões, para explicar o que está acontecendo. O cientista analisa as evidências e diz que o tubarão capturado não é o assassino. É ignorado. Ninguém acredita nele.

No outro dia, a praia está lotada. Mas todo mundo tem medo de entrar no mar. Então, o prefeito começa a botar pilha para seus aliados se banharem. Não havia perigo. Um entra, outro entra... de repente, todos os veranistas estão no mar.

E aí o tubarão aparece. E mata mais um. E depois outro. E outro. E outro. Mata até um cachorro.

Eu não vou contar o resto pra não dar spoiler. Assiste no Netflix. É um filme bem atual. De 1975.

quinta-feira, maio 07, 2020

Pandemia: podia ser pior!

Quer saber o quê? Foi quase sorte que a primeira pandemia de nossas vidas tenha sido esta Covid-19. É horrível, é trágico, mas podia ser bem pior.

O grau de contágio da Covid-19 é menos da metade do que o grau de contágio da varíola (erradicada). E 1/4 do sarampo, por exemplo.

Se levarmos em conta os casos assintomáticos, o novo coronavírus mata menos de 1% dos infectados. A varíola se espalhava mais rapidamente e matava um a cada três! Sim, cerca de 1/3.

Para vocês entenderem: para se espalhar, o coronavírus precisa que, de preferência, alguém espirre ou cuspa falando, que haja outra pessoa perto e que de preferência isso seja em lugar fechado, ou que outra pessoa toque numa maçaneta que foi tocada por um cuspidor...

O vírus da varíola, por exemplo, pode infectar a dezenas de metros de distância: ele sobrevive em partículas tão pequenas que viajam pelo ar como fumaça. Imagine que seu vizinho de baixo fume na janela e você inale a fumaça. Se ele tivesse varíola e atchim, você poderia pegar.

Você pode dizer: ah, mas pra varíola tinha vacina! Dá pra fazer um círculo e controlar...

Aliás, você sabia que a palavra vacina, vem de vaccinia, que vem da vaca🐄? Sim! Em 1796, o inglês Edward Jenner notou que as ordenhadeiras não adoeciam de varíola. Ao pegar em tetas feridas das vacas, elas desenvolviam pústulas na mão, mas não adoeciam gravemente.

Ele viu que quem pegava a "varíola bovina" (causada por um vírus da mesma família) não desenvolvia a doença humana. Injetou o pus de uma ordenhadeira em uma criança, que também desenvolveu algum sintoma leve e logo ficou curada. Voilá: a vaca deu origem à vacina.

Mas nada impede, por exemplo, que se crie uma varíola resistente à vacina. Isso é possível. Nada impede que outro vírus mais mortal e mais contagiante do que a varíola surja de alguma mutação natural e ameace a espécie humana.

Com exceção de meia dúzia de cientistas, os tiozinhos paranóicos, a gente não teve desprendimento pra imaginar e levar a sério e se preparar para um cenário possível - e até provável - como a atual pandemia.

Talvez seja hora de imaginarmos cenários bem mais ameaçadores. E, ainda que lamentando tantas vidas perdidas, agradecer que o alerta veio de maneira mais branda do que poderia..

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Sebastião Ribeiro
Diretor

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