segunda-feira, março 31, 2008

Se eu sei que cafezinho, e ainda mais café com leite, me fazem mal, me deixam com refluxo, me atacam da hérnia de hiato flutuante, por que diabos todo dia eu vou até o bar da redação e insisto:
- Um capuccino sem açúcar, por favor. 

sábado, março 22, 2008

Como eu tenho dito, casar é uma grande diversão. Na hora, eu não sei. Antes, é. Sonhar com lugares paradisíacos para a lua-de-mel, ver belas fotos de outros casórios, escolher os melhores docinhos. Os noivos ingressam em um mundo novo e desconhecido. Eu, por exemplo, costumo dizer que não gosto de música. Não é bem assim, mas a verdade é que nunca reservei tempo para me interessar por isso. E vivo bem sem. Mas, claro, tem alguns sons que me agradam, especialmente os mais antigos. O casamento tem sido um pretexto para eu pensar um pouco em música, o que nunca fiz. Inclusive até estou usando um desses programas de compartilahmento de arquivos de som. Faz 40 minutos que escuto valsas. Porque noivos valsam. Mas o mais bacana é descobrir que os velhos desenhos animados eram todos embalados por música clássica. Tom e Jerry, por exemplo, faziam sua coreografia ao som de valsa. A Grande Valse Brillante, de Chopin (ou esta seria para o Piu-Piu e Frajola? Pica-Pau e Leôncio?). Sabe de uma coisa? Essa história de casamento está mudando minha vida. Vou até comprar um rádio pro meu carro. AM. Só para ouvir a Rádio da Universidade.

quarta-feira, março 19, 2008

Querem acabar com o mais sagrado direito do brasileiro: tomar uma cervejinha no estádio de futebol. Não acredito que vamos abraçar o politicamente correto e aceitar isso pacificamente. Marquemos, marquemos - uma passeata em direção ao Palácio Piratini para pressionar o veto desta aberração aprovada na Assembléia Legislativa, a lei que proíbe bebidas alcoólicas nos estádios. Estarei lá, com uma garrafa de samba, Fanta com cachaça, para gritar:
- Abaixo a ditadura! Abaixo a ditadura (do politicamente correto)!
Eles querem acabar com a torcida no estádio. Por favor: alguém responda: como aguentar os jogos do gauchão senão com a ajuda de uma cervejinha? Ninguém pega mulher gorda e feia sem uma ajuda etílica. Ninguém suporta o nosso ruralito sem ajuda etílica. Pay per view será a única saída.
Sem contar que, nos grandes jogos, nos decisivos, essa injuriante lei aprovada aumentará os casos de morte nos estádios, quase nulos hoje em dia. Pode escrever: se não tiver mais o tiozinho que grita "scretch, ó o scretch" querendo dizer "scotch, ó o scotch" no estádio, muita gente morre do coração. Conheço uns dois velhotes que estavam a morrer de ataque cardíaco em uma final de campeonato e foram salvos pelo Natu Nobilis, tiro certeiro na tensão.
Protestemos. Mandemos mensagens à governadora, aos deputados. Pressionemos o Feijó para fazer valer sua vontade e vetar a lei. Derrubemos a ditadura do politicamente correto.
 
Sábado tomei um café nos fundos da Móca. Cada vez que vou lá saio mais encantado com o lugar. É disparado a loja mais bacana de Porto Alegre. Pra quem não conhece, vende coisas de design e decoração na Dinarte Ribeiro, 155. Faria sucesso em qualquer grande cidade do mundo. Só que fiquei meio assustado de ver pouca gente por lá. Está certo que os artigos são meio caros, mas olhar não custa nada. Enfim, tenho medo que a loja um dia feche por falta de movimento. Por isso inicio uma campanha: visitem a Móca. Comprem na Móca. Ela merece.

sexta-feira, março 14, 2008

Então, com o aval deles, meus parabéns aos protagonistas do texto abaixo, que tem muito de verdade e uma pitadinha de exagero. Parabéns, Rodrigo Lorenzoni e Lidiane, para sempre "aqueles que noivaram no carrinho de golfe".

quinta-feira, março 13, 2008

Tenho um amigo que é meio atrapalhado com estes troços de noivado.
Passa que a irmã dele vai casar em novembro, e ela é mais nova, e sabe como são estas coisas: ele, mais velho, enrolando há anos uma pobre moça e daí vem a sacana da maninha e não só noiva (do verbo noivar!) como marca igreja, salão, lua-de-mel. O que, por óbvio, gerou uma injusta pressão sobre meu camarada e a respectiva dele para que, enfim, ao menos sinalizassem à família e à sociedade e a si mesmos um desejo de união eterna.
O problema é que noivar envolve aquela coisa de alianças. Anéis, para ser mais objetivo. E a troca das jóias normalmete exige uma certa solenidade. A Pati e o Gui, por exemplo. Era Natal, a família reunida, aquela coisa, entrega de presentes, todo mundo louco para pôr as mãos no peru... Um lance meio família Doriana, sabem? Aliás, eu tenho um amigo cujo apelido é Dori... Ops, ele não sabe. Mas, enfim, até o cachorro do casal ia ganhar um mimo do Noel. Por isso mesmo o cãozinho, um shi-tsu, aquele que parece lhasa mas tem a cara achatada de pequenês, apareceu na sala com um laçarote no pescoço. E então, quando a Pati foi ver, o bichinho trazia uma caixinha amarrada na coleira, e dentro da caixinha... Bingo: as alianças! E todos choraram e se emocionaram e são felizes para sempre. Tem também a história do Caetano, que optou pelo tradicional jantarzinho romântico. Papo vai, papo vem, o vinho rolando, e ele começa a mexer no dedinho da moça. Tira, bota, tira, bota, tira, bota - o anel no dedo da guria, claro. Até que, num passe de prestidigitador, troca o anel que a moça usava por uma jóia mais rara, a aliança propriamente dita. Quando ela se dá conta, é aquela comoção! E o final todos sabem: brigaram, se separaram e hoje ele está bem casado com outra menina e até filhote já tem.
Mas estamos aqui para falar do outro amigo, aquele que é meio atrapalhado com estes troços de noivado. Pois bem, retomando: pressionado pelas circunstâncias e embalado pelo amor, ele resolveu agir. Já sabendo das próprias dificuldades, optou pelo básico: viagem a dois para marcar o momento. Mas a verdade é que queria acabar logo com aquilo - a necessidade de planejar alguma coisa bonita o estava enlouquecendo. Tanto que no próprio aeroporto Salgado Filho ele, atormentado, fez a seguinte proposta.
- Amor, vamos acabar logo com esta coisa. Bobagem a gente ter de fazer uma função para noivar. Trocamos aqui mesmo no saguão as alianças e tá tudo feito. Daí a gente já aproveita a viagem relaxados.
A resposta da moça, claro, nós já sabíamos: na na ni na na. E lá se foi o casal para o Rio, em pleno Carnaval, com a única missão de formalizar a união. Para não complicar, a opção foi o jantarzinho básico - de novo ele. Escolheram um restaurante charmoso na Barra da Tijuca. Para chegar lá, até barquinho tiveram de pegar. O lugar não poderia ser melhor para o momento - quer dizer, até podia, Veneza, uma gôndola, um violino... Mas, considerando as circunstâncias, de novo elas, aquele jantarzinho à beira d´água estava ótimo. Ou melhor, estaria ótimo.
Porque, em vez de tranqüilamente pedirem o antepasto, o vinhozinho, o prato principal, a sobremesa e trocarem as alianças, se puseram a debater qual o melhor momento para o ato.
- Antes do couvert - dizia ele.
- Depois da janta - dizia ele.
E o clima foi se desfazendo, se desfazendo, se desfazendo... até que ela entrou em pânico.
- Eu não vou mais. Aqui, no meio deste povo, não vou. Tenho vergonha. Todo mundo vai olhar. Não, não e não.
Pois é. Como vocês podem ver, não é só meu amigo que é atrapalhado com estes troços de noivado. A mulher dele também é. De forma que os dois deixaram o restaurante, literalmente, de mãos abanando. Assim como foram, os dedinhos voltaram para o hotel. Os candidatos a noivos chegaram abatidos e desanimados. Sem saco até para caminhar entre a torre principal do estabelecimento à secundária, onde ficava o quarto do casal. Preferiram usar o carrinho elétrico de golfe, que levava os mais preguiçosos pelo curto trajeto. Sentados no banquinho de trás, os dois olhavam o jardim, quietos. Em absoluto silêncio. Até que, em um rompante, o meu amigo abriu a caixinha com as alianças e enfiou no dedo da noiva. Assim mesmo: enfiou. Quando o negrão que conduzia o carrinho estacionou, o noivo apenas pediu.
- O senhor podia tirar uma foto, por favor? Ahn... Acabamos de noivar.
Prontamente, o motorista atendeu ao pedido e, olhando para as duas alianças, caiu na gargalhada. Meu amigo e a mulher dele agradeceram e subiram ao quarto. Foram dormir o sono pesado do dever cumprido e da felicidade. A foto dos dois no carrinho está hoje num porta-retratos.
Pensando bem, talvez eles nem sejam assim tão atrapalhados com estes troços de noivado.

sexta-feira, março 07, 2008

Alguém pode me explicar como funciona este serviço da TAM?
"Atendimento ao deficiente auditivo: 0800 555.500
 
O noivo é um sujeito onipotente. Quer dizer, ele acha que pode tudo. Megalomaníaco mesmo, vamos confessar. Porque desde cedo, quando se investe da função, percebe a solidariedade das pessoas. Talvez desperte mesmo um sentimento de dó nos outros. O fato é que todo mundo passa a tratar o condenado (à felicidade eterna, claro) melhor.
Fico imaginando no dia da despedida de solteiro, aquelas 20 moças só querendo o noivo, o noivo, o noivo, e o noivo se segurando. Impossível não se achar todo-poderoso. É só se apresentar como o noivo que as portas se abrem. Nas lojas, mesmo, nos restaurantes, nas agências de viagens - nem tanto...
Eu, por exemplo. Um dia entrei numa loja multichiquemarcas do Iguatemi. Estava de chinelo, barba por fazer, camisa rasgada. Só um parêntese: (e a Rafa, que agora sorrateiramente está fazendo das minhas camisetas puídas pano de chão!). Mas, então, eu entrei na loja e disse que era noivo e exigi que me dessem um terno e disse que tinha de ser o mais bonito e bem cortado de todos e pedi aquele Hugo Boss apertadinho de R$ 3,5 mil e fiquei me admirando no espelho. Então, saí do provador, perguntei pra atendente o que ela achava, ouvi uma resposta lacônica e percebi um ar de... sabe puta qando o cara não quer pagar um Martini? Pois é, eu também não sei, não me relaciono com gente assim. Mas, enfim, alguma coisa me diz que puta quando não ganha Martini fica com a cara daquela atendente. 
Pois, então, foi naquele momento que me dei conta que me tinha subido à cabeça este lance de noivo, saca? Eu estava que nem um boleiro que sai dos juniores e no primeiro dia de profissionais já aparece com um Miúra. Definitivamente, não tinha dinheiro para um terno daqueles, mas alguma coisa lá dentro me impulsionara a entrar na loja.
A experiência serviu ao menos para me mostrar que a solidariedade das pessoas - até das atendentes - tem limite. Mas o sentimento de humildade durou pouco, e me despedi da moça cheio de mim mesmo.
- Ahn, obrigado, mas não gostei muito do corte. Queria uma coisa mais naquele estilo da última coleção Armani, sabe? Ah, tu não viu os desfiles? Mas tudo bem, vocês não têm, mas acho que lá em São Paulo eu encontro.   

segunda-feira, março 03, 2008

Sabe adolescente quando está apaixonado? E quando a paixão não é correspondida? E daí o cara fica monotemático, só fala nisso, enlouquece, esquece tudo o mais - inclusive o blógui?
Pois é. Parece eu nessa última semana. Minha cabeça só pensa em uma coisa: onde vou passar a lua-de-mel? Esqueci até da minha noiva, por causa disso. Quase que a Rafa cancela o casamento, após eu ter passado cinco madrugadas seguidas na Internet (e longe da cama) em busca de pacotes de viagem.
Pobres dos meus amigos. Não aguentam mais meus pedidos de conselhos. Têm razão. É uma coisa chata mesmo, meio esnobe, porque tu chega pro cara e pergunta: será que vou pro Caribe, pra Córsega ou pra Grécia? Que tal NY? Paris?
Eu só não enchi tanto o saco dos amigos porque sabiamente resolvi canalizar toda esta minha paixão adolescente para as agentes de viagens. Afinal, são profissionais acostumadas com esse tipo de situação. Será?
Uma delas já saiu da casinha com os meus mil telefonemas e e-mails. Olha só a mensagem que me mandou:

"Bom dia Sebastião,

Para que eu possa estar verificando a melhor opção para a Lua de Mel de vocês é necessário que você centralize a idéia da viagem em apenas um destino.

Não estou conseguindo compreender a sua intenção uma vez que já me solicitastes mais de cinco destinos diferentes sendo, que muitos deles não seguem a mesma linha como no caso dos hotéis "charmosos" no caribe e um hotel "bem simples" em New York!!!

Para esclacer também não temos acesso as operadoras locais, e só conseguimos vender com intermédio de um operador local, o qual tennha representação de tal operadora estrangeira, com isso não temos com vender nenhuma das operadoras que você me passou no último e-mail...

Aguardo seu retorno com a solcitação do que exatamente vocês gostariam para a viagem de Lua de Mel!


Atenciosamente, Fulana de Tal." (sic)