Então, continuando. O normal, para aquela época, era eu jogar por cima da calça jeans surrada uma camisetinha Zapping, Doc Dog, Sommer, comprada na Quincy, curtinha e apertadinha nos braços. Enfim, uma roupinha de veado dessas que eu usava e às vezes uso. Mas optei por colocar a polo colorida Legacy, também surrada, comprada em Punta, alma castelhana, que representaria melhor meu espírito naquela noite. Sabem como é: as roupas dizem tudo. Não é à toa que eu uso minha Hering branca puída. Por trás da escolha está a vontade de passar a idéia de um homem simples, sem frescura, masculino, despreocupado com a imagem. Enfim, os mesmos motivos que fazem um metrossexual escolher um visual hype ou coisa que o valha. Aliás que que é hype ? Somos todos metrossexuais. Até mesmo - ou principalmente - quando optamos por colocar aquela camiseta encardida da Ediba, da Gráfica Paloti ou do circuito estadual de tênis de 1988. Enfim.
Peguei meu carro às 19h30 - horário de verão - e me mandei para o Muffuleta, o barzinho simpático ao lado do Ossip. Naquele tempo eu não sabia nada sobre o Muffuleta e nem mesmo conhecia sua simpática e bela proprietária - a Déia. Fui lá simplesmente porque lá estava o happy hour eleito. E a noite estava começando bem, porque a função seria com a Maria Paula e sua maravilhosa cunhada, Rafaela. Não que eu fosse conseguir alguma coisa com a guria, até porque ela não era bem uma guria, como eu era um guri, mas uma mulher, 28 anos, vontade manifesta de casar e ter logo um filho. Se bem que, na verdade, isso é só floreio, porque eu não tava nem aí pra idade dela. Na verdade, com a minha moral (odeio quando falam "o meu moral", embora não saiba se está certo ou errado) lá em cima, nem a beleza da mulher nem qualquer coisa me abalariam. De forma que me fiz de normal, tomei suco, e utilizei minha habilidade em deixar os outros à vontade. Num dia em que, desde o despertar da sesta, tudo adquirira um ar mágico, não foi difícil fazê-las falar de amor e sexo. E como eu gosto de falar de sexo com mulheres. Não sei quando isso começou, mas eu amo ouvir putarias de uma boca feminina.
Voltando ao happy hour. Ou melhor: saindo do happy hour. Como o véio tava divertido naquela noite, a Maria Paula e a cunhada aceitaram esticar o programa, saindo do Muffuleta para ir a um sushi. Durante a janta, introduzi uma caipirinhas na mesa e a conversa seguiu no mesmo nível, mas num nível mais elevado. Digo, menos elevado. Rapaz, se o Tiago imaginasse quanta bobagem me contava a sua irmã na segunda conversa que mantínhamos, não sei o que teria acontecido. Acho que nada. Enfim.
Enfim, apesar de toda a intimidade que a cunhada da Maria Puala dava, não abria a guarda. Nenhuma brincadeirinha me envolvendo, nenhum olhar diferente, nenhuma cutucada por baixo da mesa, nada. Tanto nada, que eu já ia desistindo. Mais um pouco e já ficaria sem forças, sem ânimo, esgotado, de tanto representar bom moço para a cunhada. Tanto nada que, quando as gurias quiseram fazer uma terceira escala na programação, indo até a despedida da Telma, eu nem me empolguei. Ali, com a cunhada, me parecia um jogo perdido. Azar era dela.
Continua amanhã.
domingo, novembro 21, 2004
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário