sexta-feira, dezembro 18, 2009
1) O Grêmio ficará proibido de treinar na Arena?
Não é verdade. O Grêmio poderá treinar sim na Arena, entretanto a
preferência será dado ao Centro de Treinamentos que receberá
investimentos para torná-lo um CT ao nível dos melhores existentes no
Brasil e que terá sinergia com o novo estádio. Grandes clubes do
Brasil e do exterior se utilizam de um CT e não do estádio como
estrutura de treinamento.
2) O Grêmio terá direito à renda do estádio?
Sim. O dinheiro das bilheterias irá para o caixa da empresa gestora da
Arena, administrada em conjunto pelo Grêmio a a construtora OAS. Nos
primeiros sete anos de operação da Arena, o Grêmio receberá a cada ano
um valor de R$ 7 milhões, reajustáveis pela inflação, mais 100% do
resultado operacional da empresa, ou seja, a OAS não ganhará nada com
a exploração do estádio. Mesmo se nenhum torcedor for à Arena e ela
não sediar um evento qualquer, logo não havendo qualquer receita para
a gestora, o Grêmio ainda receberá R$ 7 milhões todos os anos na fase
inicial do contrato. Entre os anos 8 e 20 de execução do contrato, o
Grêmio receberá valores fixos de R$ 14 milhões de reais a cada ano,
também reajustáveis, além de 65% do resultado operacional do estádio
com jogos e eventos. Hoje, o Estádio Olímpico não é usado para shows
musicais, conferências, encontros de empresas, etc, o que acontecerá
na Arena com resultados financeiros em benefício do Grêmio. Se o novo
estádio sediar, por exemplo, show de uma grande banda ou mesmo um
festival de rock, todo os recursos auferidos com a cessão do
equipamento serão revertidos para o Grêmio nos primeiros sete anos do
contrato e 65% nos demais anos até o prazo final de 20 anos, quando
todas as receitas passam novamente a ser do clube. Com o novo estádio,
também, o Grêmio gastará menos do que hoje à medida que não
necessitará de um quadro de funcionários tão grande como o existente
na atualidade para administrar o Olímpico assim como não precisará
efetuar gastos com reformas caras, o que hoje é exigido constantemente
pelo Olímpico que tem mais de 50 anos e sofre acentuada deterioração.
A Arena será, portanto, um estádio muito mais rentável que o Olímpico
para o Grêmio que manterá ainda as suas principais receitas como
direitos de televisionamento, quadro social, exploração da marca e
marketing, etc. O clube passará por um processo de capitalização,
aumento de receitas e redução de despesas.
3) Os sócios terão que pagar para entrar?
Não é verdade que o associado com título patrimonial terá que pagar
mensalidade mais ingresso. Não existe nenhuma previsão no contrato a
respeito nem tampouco há qualquer decisão nesse sentido. A questão dos
associados, que não envolve a empresa OAS, será decidida
exclusivamente pelo Grêmio em discussão com o seu quadro associativo.
A tendência é que o associado com título siga pagando mensalidade,
mantendo o direito de ingressar na Arena sem o pagamento de ingresso.
Caberá ao Grêmio restituir à empresa gestora o valor correspondente ao
ingresso dos seus associados, mas 100% dos resultados da gestora serão
do clube nos primeiros sete anos do contrato e 65% no restante do
período, o que vialibiza a manutenção dos direitos dos associados
patrimoniais.
4) A área do Olímpico vai para a OAS por quantos milhões?
Avaliações independentes do setor imobiliário contratadas pelo Grêmio
indicaram que a área do Olímpico hoje valeria ao redor de R$ 60
milhões, entretanto com a mudança dos índices de construtividade da
área, aprovadas pela Câmara de Vereadores, o valor é muito maior.
Entretanto, esta valorização somente ocorre porque o Grêmio deixará a
área para aproveitamento imobiliário com a mudança para a Arena, sendo
que o atual valor de mercado menor seguiria o mesmo caso o Grêmio
resolva permanecer na Azenha.
5) Quanto valerá a Arena quando passar para o Grêmio, após 20 anos?
A estimativa é de R$ 350 milhões a R$ 400 milhões.
6) Quem decidirá as questões da Arena?
A empresa gestora da Arena terá um conselho de administração formado
por cinco pessoas, sendo três da OAS e dois do Grêmio. O contrato
prevê que o Grêmio terá direito de veto em uma série de pontos da
administração.
7) Quando começam as obras?
A licença de construção deve sair em maio. Se a OAS abrir as linhas de
financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) ou bancos privados, as obras começam em junho.
8) O Grêmio colocará dinheiro na Arena?
Nem um centavo sequer. Do total, 55% são bancados pela OAS (equity) e
45% por financiamentos públicos ou privados captados pela empresa. Se
por qualquer motivo a construtora iniciar a obra e não poder
concluí-la, o contrato prevê ainda um seguro (performance bond) que
indenize o Grêmio que seguiria com o Estádio Olímpico e ainda
receberia a indenização, afinal a área da Azenha somente será entregue
à construtora OAS quando o Grêmio já estiver na Arena.
9) Quando a Arena estará pronta?
Se os prazos forem cumpridos, em dezembro de 2012.
10) Qual será o nome da Arena?
O nome será Arena Grêmio, mas podem ser comercializados os naming
rights do estádio em contrato com elevado valor que garantirá ainda
mais recursos para o Grêmio assim como se dá hoje com alguns dos
principais estádios do mundo.
domingo, novembro 29, 2009
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Rodrigo Moro (Nov/2009)
Rodrigo Moro parecia uma varilha. Era alto e magro. E ainda andava (não se sabe se por mania ou malformação) na ponta dos pés. Sempre. No colégio, o chamavam de bailarina. De onde eu tirei isso? Bom, se não o chamavam, deveriam tê-lo feito. Eu morava no 401 do Torremolinos; ele, no 501. Era meu grande amigo. A mãe dele se chamava Céu. Ou Sol, não lembro. Sul é que não era. O pai trabalhava na Souza Cruz. E era perito. Mil vezes perguntei o que fazia um perito, mil vezes o Rodrigo não soube explicar. Hoje, minha mulher é perita (até mesa de sinuca já periciou). Meu vizinho chegou no prédio, devia ter uns sete anos de idade. Veio com a família de São Paulo. Falava seteinta e torcia pro Curinga. A gente brincava de Comandos (em Ação, claro). Jogava Atari, Master System, MSX, futebol e botão. Não demoramos a integrar o clã da Aurélio Bit, com Marcelinho, Felipe, Dézinho, Kessler, Fernandinho. Um dia saí no tapa com o Rodrigo. Nunca fui bom de briga. Ele me derrubou com um chute no saco. Reclamei: nas bolas não vale! Dããããã, como assim não vale?, deixa de ser mongolão, me disse o irmão do Rodrigo, Serginho, que, por sinal, aos 12 anos já media 1,90m e fazia a barba com gilete. Subi brabo pra minha casa disposto a nunca mais falar com os Moro. Passei seis meses (ou seriam seis semanas?) sem os ver. Louco de saudade e louco de orgulho. Numa tarde, a campainha lá de casa bateu. Abri. Era o Rodrigo, na ponta dos pés, cara de cachorro pidão. Nunca vou esquecer da cena. Ele só me perguntou: vamos brincar de Comandos? Como se a gente nunca tivesse brigado, como se tê-lo à minha porta não me inundasse de alegria, como se a situação não me tirasse um puta peso das costas, apenas respondi: vamos. E brincamos. Por muitos e muitos anos. Até ele se mudar de volta para São Paulo. Isso faz uns 18 anos. Desde então, nunca mais o vi.
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João Pedro (Jan/2009)
João Pedro era ranhento, a cara sempre borrada de preto, mistura de ranho e terra amealhada no pátio de casa, nas caixas de areia, no barranco do Ipa. Andava todo esfarrapado, molambento, de camiseta branca, sempre suja, às vezes rasgada. Tinha tudo para ser uma criança linda, loirinho, bonitinho, mas também não calhava de pentear o cabelo. E era bagaceiro que só.
Morava numa casa rodeada por um baita muro lá na rua Silveiro, altos do morro Santa Tereza. O pátio tinha um cachorrão e mais desafios que um campo de paintball, ao menos lá de baixo, de onde as crianças viam tudo, assim parecia. Na varanda, havia um alvo onde adorávamos jogar dardos, brincadeira de gente grande. Não lembro bem, mas acho que a família dele era meio bagunçada, de uma bagunça comovente. Pelo menos o irmão mais velho, o João Cláudio, colega do Bento, era um cara atrapalhado.
João Pedro estudou comigo na pré-escola. Vivíamos juntos. Até que deixamos o IPA para começar a primeira série. Cada um para o seu lado, paramos de se ver, de se telefonar. Eu fui para o Aplicação e ele não lembro. Só sei que uns anos depois estudou no Instituto de Educação, ao lado do meu colégio. Às vezes passava pelo nosso pátio. Quando o via, eu corria para a tela que cercava a cancha de futebol. Conversávamos como amigos que jamais tinham se separado. Mas não trocávamos telefonemas nem nada.
Nunca esqueci o João Pedro. Quando meu filho nasceu, quis batizá-lo com o nome do meu colega. A Rafa achou melhor não, o guri já ia ter muito sobrenome. Ficou só João mesmo, o único entre todos os nomes do mundo que agradava a nós dois. Há uns anos, o Bento contou-me que uma ex-namorada dele disse que era colega do meu velho companheiro na faculdade de medicina. Deve ser médico, o João Pedro. Decerto já sabe assoar o nariz. Ao menos para entrar na sala de cirurgia.
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Winnie (Jan/2006)
Winnie tinha seis anos e cabelos angelicais. Era um doce de criança, um narizinho de batata misturado com ricos cachinhos louros. Morava com a mãe, a tia e a avó - todas muito insanas e muito bacanas - em um sobrado de classe média em um bairro de classe alta de Niterói. Era prima da minha então namorada Rebeca, com a família de quem passávamos uns dias no litoral carioca.
Foi me ver e Winnie se apaixonou por mim. Acho que com ela aprendi a gostar de crianças. Por causa dela, me dei conta que eu então já era um tio para a piazada. Pela primeira vez, estava mais para pai do que para irmão.
Não lembro bem como ela gostava de mim, as coisas que dizia. Sei que estava sempre às voltas, me convidava para brincar de boneca, pulava no colo, conversava, conversava, conversava e fazia bagunça na praia. Eu a levava para tomar banho de mar, ameaçava deixá-la sozinha no fundão. Ela andava na minha garupa na areia. Eu perguntava sobre bonecas e sobre brinquedos e fazia esforço para educá-la.
De repente, aquela menina, cujo súbito amor por mim impressionou a todos, passou a me odiar. Ódio mortal. Por nada. A família não entendeu. Eu tampouco. Fiquei muito constrangido, porque parecia que eu tinha maltratado o anjinho às escondidas. E não havia jeito de reconquistar a guriazinha. Quando fomos embora e ela tinha de voltar para o seu quarto - de onde temporariamente foi desalojada para dar lugar aos hóspedes - se negou.
- Só volto se alguém passar um aspirador pra tirar vermes deste quarto - disse no seu adorável sotaque carioca, externando todo o nojo que passou a nutrir por mim.
Nunca mais via a Winnie. Final do ano passado, me mostraram uma foto dela na formatura da Rebeca. Uma linda mulher de 16 anos, com um chapéu de caubói, e fazendo pose de sem-vergonha. Adorável e perigosa Winnie.
terça-feira, novembro 17, 2009
Meu filhote completa hoje um ano. No sábado, teve uma experiência inesquecível. Conheceu a linda e adorável Vitória, filha do Garrincha, não o das pernas tortas. Reproduzo aqui o relato de meu primo Paulinho sobre a "amizade" estabelecida pelos anjinhos.
vitoria estava lá no evento. ela nao tinha achado ninguem interessante.
pegou um copinho de musse de chocolate e ficou por ali até o joao chegar.
quando se olharam nos olhos, ele sorriu.
ela sumiu. e voltou com um copinho de musse de chocolate para ele.
muita gente em volta. joao era requisitado.
mas depois deixaram espaço para os dois em volta da cadeira.
ele sorriu de novo para ela.
ela se aproximou.
deu abraço. ele aceitou.
e em uma nova investida, ela, depois do abraço, deu um beijo.
joao foi beijado por vitoria, ali na cadeira, ainda outras vezes mais naquela tarde.
muito fácil, segundo o sebi.
"tem que ser 'predador'.
assim, fácil, nao vai dar..."
Flagrantes:
quarta-feira, outubro 28, 2009
sexta-feira, outubro 23, 2009
quinta-feira, outubro 15, 2009
A propósito: a Cartola - Agência de Conteúdo é a empresa que estou tocando com a Clarissa Barreto. Nos sigam no Twitter: @cartolaconteudo. Ah, em breve nosso site sai do forno.
segunda-feira, outubro 05, 2009
sexta-feira, setembro 25, 2009
terça-feira, setembro 22, 2009
atualizar a quantidade de senhas que eu devo decorar. Agora, descobri
que há MAIS UMA SENHA, de quatro dígitos, só para banco por telefone!
- Chave de acesso para banco por Internet
- Senha da chave de acesso
- Código de cadastramento do computador
- Senha do teclado virtual
- Senha de oito dígitos para Internet
- Senha numérica de seis dígitos de para cartão
- Senha de letras para cartão
- Senha de quatro dígitos para banco por telefone
segunda-feira, setembro 21, 2009
Como não sei se todo mundo leu, vou promover a post o comment da Heloisa, mãe do Aquiles. Vai assim, in natura, mesmo. Antes, aproveito para publicar uma foto fantástica dele e do João, uma relação de amor e ódio. Não se trata de denegrir a imagem do nosso amado ferino, mas só que o entende sabe que tudo isso era amor. E falo sério.
"Oba!!! Progressos com o pequeno João!!! Ainda bem que pode ter sido "teta", heheheheh Tem criancinha dizendo horrores, ahahahah... Progressos com o meu filho de pelúcia, Aquiles, ou melhor Monsenhor Aquiles de Briseida!!! Sabe, já tem 4 meses que estamos morando com o pequeno (digo num modo muito carinhoso), roliço e protuberante lorde! É uma verdadeira e alegre contenda pelo melhor espaço na cama (que ele sempre fica), com a perda de privacidade na hora do banho (agora tenho que tomar banho com a porta abaixo ou ela virá abaixo)... Aquiles faz coisas que até Deus duvida. Ameaça-lo com um velho chinelo já incapaz de provocar dor e pedir para ser agredido impiedosamente com patinhas bem abertas e unhas ultra afiadas, que ele não permite sejam cortadas. Talvez porque ele já sabe que elas causam cortes profundos e dor (como dói)! Gosto de contar as proezas do pequeno lorde! Escreveria um livro! Ah, cotonetes são bons para morder e não para serem usadas dentro dos marisquinhos (orelhas) de um gato e que este gato não seja eu, escreveria o Aquiles. Tenho que confessar que talvez vocês não reconheceriam o pequeno roliço. Virou um grande marginalzinho. Banho??? Só de língua e acima de 30°. Patas branquinhas feito neve? Só se ele caminhar na neve! Mas acho que ele vive feliz do seu jeito "in natura". É claro, dorme na minha cama, hehehehe Ele está muito saudável! Aliás, continua saudável e para mantermos o lordezinho relaxado assim, tenho que pegar a carteira de vacinações dele. Dio Santo, tenho medo de pensar no fatídico dia de levá-lo para ser vacinado. Agredirá médicos, estagiários e telefonista (e eu!!!). Eu sempre o perdoo, afinal, qual mãe não perdoaria um filho um pouquinho excentrico e temperamental. Eu amo o Aquiles e agradeço isso a vocês. Não esqueçam da carteira! Beijos em todos!"
Primeiro, foram os Bocaditos Punta Ballena que aportaram no Porto e conquistaram os Porto-Alegrenses. Mas logo vêm os oportunistas - no mau e no bom sentido, respectivamente: no shopping Iguatemi tem uma banca de um bocadito genérico e imitão produzido na Argentina, que não se deu ao trabalho nem de fazer um novo leiaute para a embalagem: é quase cópia do uruguaio. E a Neugebauer lançou o seu também, com um nome lá que eu não lembro. No próximo café, eu provo para dar o verediCto.
quarta-feira, setembro 09, 2009
quarta-feira, agosto 26, 2009
Telemarketing.
- Boa tarde, Sebastião Ribeiro.
- Olá, Seu Sebastião, meu nome é Tatiane. Faço parte da empresa Angelus. Você conhece?
- Ahn... Deixa eu ver... Funerária???
- Sim, exatamente. Eu estou ligando para lhe oferecer um plano que vai passar mais segurança para o senhor e sua família.
- Ah, é? Como é isso?
- É o seguinte: por apenas R$ 40 por mês o senhor terá um seguro que garante funeral para o senhor, a sua esposa, dois filhos, dois sobrinhos, com todas as despesas pagas.
- Desculpe, não entendi. Como os sobrinhos entraram na história? São dois filhos OU dois sobrinhos ou dois filhos E dois sobrinhos?
- Os dois. Filhos e sobrinhos. E, se ocorre uma fatalidade, terão caixão ou cremação paga, coroa de flores, todo apoio na parte burocrática, de encaminhamento de documentos, túmulo em cemitério. Temos convênios com os melhores cemitérios de Porto Alegre. Santa Casa, São...
- Ah, é? Com túmulo para sempre? Digo, perpétuo?
- Não. Por três anos. Ah, e também temos convênios de atendimento médico.
- Como assim? Tipo plano de saúde? Em qualquer ocasião ou para emergências ligadas às dores da perda.
- É isso mesmo, algum atendimento de emergência nessa hora, com cardiologista, neurologista... Temos convênio com a clínica...
- Ah, bom. Mas, sabe que eu estou achando meio caro. R$ 40 por mês... Se eu colocar isso na poupança, espero que até acontecer (toc, toc, toc) alguma coisa, eu tenha mais condições.
- Mas o senhor veja, pagando R$ 40 por mês, em seis meses, por R$ 240, já teria todos os gastos cobertos em caso de fatalidade.
- Ah, não. Desculpa, mas eu não pretendo morrer daqui a seis meses. Mas muito obrigado. Vou avisar meus amigos sobre o plano.
- Boa tarde. Fique com meu telefone. 3072-3217.
terça-feira, agosto 25, 2009
segunda-feira, agosto 24, 2009
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Mas hoje o que eu quero mesmo é contar que passei o fim-de-semana com a Rafitcha e o Little John em Bento Gonçalves. Na Pousada Don Giovanni (www.dongiovanni.com.br). Nossa, mó amor. Quero voltar muito. Da próxima vez, com amigos. E me hospedar na estrebaria, agora uma cabana, com uma banheira de hidro que dá direto para o potreiro das ovelhas. Vinhedos ao fundo, claro.
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Vou colocar uma fotitas aqui. O link completo para álbum da Web é http://bit.ly/Fg53k.
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Senhora Barp
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Queijos Hmmm Barp
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Quem vai podar?
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O Seu Basso
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Enquanto eles vão olhar
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E eu vou beber
sexta-feira, agosto 07, 2009
quinta-feira, agosto 06, 2009
terça-feira, agosto 04, 2009
quinta-feira, julho 23, 2009
Há duas horas tentando entender e acessar o "gerenciador financeiro" do Banco do Brasil. O troço é tão kafkiano que tem chave de acesso, senha da chave, código de cadastramento do computador, senha do teclado virtual, especificação de 1o ou 2o titular, sem contar número da conta e da agência... São ao todo 39 caracteres para inserir, Diante disso, o home banking Banrisul, com a sua senha de três letras, parece fichinha.
quarta-feira, julho 08, 2009
sexta-feira, junho 26, 2009
"Da próxima vez tenta colocar uma sacola plástica sobre a abertura da privada cuidando para não deixar entrada de ar. Depois, baixa o assento e a tampa e dá descarga. Funciona sem necessidade de ameaças."
Agora já sei. Hoje mesmo vou ameaçar minha privada: "se a senhora resolver entupir de novo, se prepare. Não vou usar hesitar em usar a técnica do sufocamento por saco plástico". Aliás, essa recomendação é tão genial que quase me move a lançar uma cruzada científica como aquela do leite. Lembram que consultei pesquisadores sobre o porquê do leite fervido subir tanto na panela?
quinta-feira, junho 25, 2009
domingo, junho 21, 2009
quarta-feira, junho 17, 2009
terça-feira, junho 09, 2009
segunda-feira, junho 01, 2009
quarta-feira, maio 20, 2009
sábado, maio 16, 2009
"A chuva fez do pó o barro e da tristeza a alegria. Para os açudes a água, para o pasto o verde e para o boi os quilos. Para os rostos o sorriso e para o colono a vida. A estiagem amenizou e a esperança tá renovada. Há quem ainda demore a se esquecer da dor de não ter o que dar aos seus animais. De não poder se lavar bem depois da nuvem de pó. Dos dias que quase faltou o que beber. Mas hoje eles comemoram. O frio que veio junto não assusta. Cedo é tarde e já é hora de voltar para a roça. De plantar, de buscar mudas da árvore que for. Eles querem é mexer na terra. Na terra outra vez encharcada.
Semana passada a felicidade minguou junto com a seca. Não senti sede. Conseguia comprar o que me saciava. Mas conhecer o drama deles ressecava também a alma. Saber que agora estão renovados, com fé e esperança, alivia. Acompanhar o primeiro dia, depois de meses, que o agricultor cavocou a terra atrás de minhocas para voltar a pescar é encorajador. E emocionante. Pra mim e muito mais pra eles. Vi lágrimas nos rostos quando falaram que é bom conseguir dar o que beber a uma vaca. Que é bom voltarem a plantar suas verduras. Que não sentem mais medo de olhar para o lado e verem tudo seco. Que agora estão apressados para se embrenhar no milharal, apanhar o restolho. Pressa para recuperar o tempo que perderam, o tempo de viverem como gostam, de pés descalços, pisando o barro frio. O tempo de sorrirem de novo."
Te cuida, Letícia Duarte!
quinta-feira, maio 07, 2009
São Borja, vens de longe,
de mil seiscentos e oitenta e dois,
do guarani, do jesuíta, do espanhol,
e do domínio português, depois.
Das canções do pastoreio
mesclada à voz dos clarins,
guerreira e xucra nasceste,
glória da pátria,
flor plantada em seus confins.
Noiva do rio Uuruguai,
rumo ao futuro vais,
toda vestida pela flor azul do linho
toda enfeitada pelo ouro dos trigais.
Minha São Borja, terra vermelha como um coração,
berço de dois presidentes,
hoje e pra sempre Capital da Produção.
quarta-feira, maio 06, 2009
sexta-feira, maio 01, 2009
Do Estadão
Até o fim do ano, quem frequenta o Aeroporto Internacional Tom Jobim não ouvirá mais a voz da atriz e locutora Íris Lettieri, que há 32 anos anuncia, com timbre aveludado, as chegadas e partidas de voos no aeroporto. A Infraero decidiu interromper o serviço de alto-falante dos aeroportos do País. O argumento é de que a medida irá reduzir a poluição sonora, provocada pelo elevado número de mensagens nos horários de maior movimento."
terça-feira, abril 28, 2009
segunda-feira, abril 20, 2009
terça-feira, abril 14, 2009
Ah, mas agora que comprei a chinelagem, vou adiante. Vou fazer barraco no Procon, na Anaque, nas Pequenas Causa. Quero R$ 200 pila de volta. Vou mandar email pro Guilherme Paulus, o todo-poderoso presidente da CVC e segundo o jornal em que trabalho um gênio em negociar preços com companhias e operadoras, e dizer que ele não passa de um enganadorzinho. Vou mandar um Telex pro Constantino e dizer que além de suposto assassino, sonegador e comedor de palito, ele é um grande dum ladrãozinho que rouba do povão.
Porque o gente fina aqui se atirou com a massa ignara na MegaPromo e depois viu que o pacote que lhe saiu R$ 1,6 mil podia sair por R$ 1,4 mil em compras diretas no site da Gol e do Hotel. Agora, se é pra ser classe média tem de ser 100% - 100% babaca e 100% barraqueiro. A parte da babaquice eu já fiz.
"Me sinto absolutamente ludibriado pela Gol e pela CVC. Atraído pela MegaPromo que prometia 50% de desconto na passagem aérea da Gol, comprei um pacote envolvendo voo + hotel no RJ (saída 22 de maio de POA e retorno dia 24 de maio). O preço da parte aérea, no computador da atendente CVC era R$ 392. Buscando agora no site Gol vi que o preço comprando direto a passagem seria R$ 337,24. Então, eu pergunto: QUE DESCONTO DE 50% FOI ESSE OFERECIjavascript:void(0)DO NA CHAMADA MEGAPROMO SE A PASSAGEM COMPRADA DIRETO DO SITE É MAIS BARATA, E AINDA TEM A VANTAGEM DE ME DAR 30% DAS MILHAS NO MEU SMILES, O QUE, SEGUNDO A CVC, EU NÃO TENHO DIREITO NO PACOTE QUE COMPREI?"
segunda-feira, abril 13, 2009
Era pra ser uma janta no KOH PEE PEE, que devo pra Rafa porque joguei na Priscila contra o Max, mas o Brasil me decepcionou e eu agora tenho de me submeter à cozinha tailandesa (ai, que sacrifício!). Só que cheguei em casa e estavam minha mulher e meu filho de pijamas, de forma que tivemos de providenciar uma telentrega. Como a lua cintilava e a sexta-feira era Santa, achamos por bem que nada da porcaria do ruim e barato SUSHI DRIVE (este não merecia caps). Para variar, ligamos para o SASHIBURI, não se compara com o SAKURA, mas bem melhor do que a opção econômica. Para comer, sentamos no chão escorados no sofá e pusemos as peças sobre a mesinha de centro da sala. Abrimos uma MOËT & CHANDON, presente dos meus pais, que há meses esperava uma ocasião especial. Instalamos o pequeno João em seu bebê-conforto BURIGOTTO (putz, ainda se fosse CHICCO) sobre o sofá. Para distraí-lo, uma programação especial na nossa telona: o DVD BABY MOZART, da série BABY EINSTEIN. E assim devoramos o combinado. Ao fim, íamos comer a tradicional barra de MILKA, mas devido à solenidade que adquirira o momento abrimos a caixa de bombons DUAS CARAS KOPENHAGEN que estava reservada para hoje. Está aí o meu ideal de felicidade: um sushizinho com champagne em uma noite moderadamente sofisticada ao lado da mulher e do filhote.
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E já que o papo é ideal de felicidade e noites moderadamente sofisticadas, seguimos no sábado. Se tem coisa que me deixa alegre é fazer um churrasquinho. Sou um dos sujeitos mais preguiçosos, mas quando o assunto é preparar uma carninha estou sempre lépido. Adoro a função, desde a compra do carvão até servir o último pedaço de entrecot, limpar os espetos exclusive. Manejar o resfriamento da cerveja (sou fraco nisso), fazer o fogo, servir o aperitivo, sou pura disposição. E quanto mais amigos em volta, melhor. Assim foi a noite de sábado.
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Agora não tenho mais dúvida alguma. Anote aí: a carne certificada ANGUS é melhor e mais macia que a carne certificada HEREFORD. E ponto final. Não digo isso por um único teste. Foram dezenas de experiências até eu ganhar coragem para me posicionar sem medo de errar. Notem que não quero dizer que a carne da raça angus é melhor do que a da raça hereford. Para ser sincero, acho até os hereford mais bonitinhos, aquela carinha branca em um corpo todo marrom é pura simpatia. Até pode ser que a carne de uma raça seja melhor do que a da outra. Mas acho mais provável que o programa de certificação angus tenha um controle de qualidade sobre os animais terminados melhor do que o programa hereford. Atenção: a minha comparação é entre os cortes das duas raças vendidos no Zaffari.
segunda-feira, abril 06, 2009
quinta-feira, março 26, 2009
quarta-feira, março 25, 2009
sábado, março 21, 2009
segunda-feira, março 16, 2009
E mais: tu podes comentar as tuitadas nos comments aqui do blog. Por exemplo, mãe: o que tu achas da ascenção dos dos panos de chão (Scottish Terriers) a cães da moda? E tu, Carioca, o que achas disso?
quarta-feira, março 11, 2009
domingo, março 08, 2009
quinta-feira, março 05, 2009
Ainda que encravado na badalação da Dinarte Ribeiro, o Daimu está sempre entre a cruz e a escada, mas quero falar mesmo é sobre cabeça de peixe. Entre a cruz e a escada porque, do alto de um promontório, brigará sempre para acolher clientes. As pessoas gostam de dar uma espiadinha nos restaurantes que surgem. Mas, se há entre elas e a porta algumas dezenas de degraus, se retraem. Menos por preguiça do que por constrangimento. Ficam com vergonha de desistir da empreitada depois de subirem tanto.
Mas eu realmente recomendo encarar as escadas do Daimu. Feche os olhos, confie e suba. Lá em cima, uma hostess, com sorte ela se chamará Satoko e será muito simpática, lhe dirá:
- Ajumnhgsknnaijêê!
Presumo que seja boa noite ou bem-vindo e respondo:
- Ajumnhgsknnaijêêêêê!
O que obviamente é uma resposta equivocada, caso a saudação seja bem-vindo. Mas adoro japoneses e acho eles tri engraçados e não me importo com a possível gafe. O ambiente do restaurante é bem bacana, super design, sabe? Linhas retas, tons de berinjela e branco, parede trabalhada com tijolinhos irregulares de madeira. Mudérrno e de bom gosto. Mas isso é frescura e estou aqui para falar de... bom, vocês já sabem.
Acontece que dia desses meu cunhado Tiago Ritter teve no Daimu e me jurou, com os dois (e não haveriam de ser três) pés juntos e beijinhos nos fura-bolos em cruz, que tinha uma família de japas traçando uma cabeça de peixe lá.
- Nãããããão! Sério, meu???
E ele jurou de novo daquele jeitinho, de forma que o cabeça oca aqui preencheu a cachola com a idéia fixa de provar o prato. Tem toda uma coisa de ter de ligar antes quando for pedir a iguaria (www.daimu.com.br), acho que para dar um tempo de o chef decapitar o peixinho. Eu não sabia disso, mas tive a sorte de comparecer justo no dia e que aqueles japas tinham novamente passado por lá e traçado quatro cabeças, deixando apenas uma, para quemquemquem? Na mosca: para mim mesmo, Tiãozito, el devorador de cabezas. Juro com pés juntos e beijinhos nos fura-bolos em cruz.
O garçom explicou que a peça, se assim podemos chamar, vinha cozida no shoyu, com alguma coisa de gengibre, açúcar, ervas e temperos secretos do chef. Mandei vir, a um só tempo empolgado e temeroso. Foi com alegria que vi chegar aquela cabecinha de cheia de dentes serrados do Peixe Pargo. Dourada, com um molho escuro reduzido, cheio de frescor do gengibre, adocicado, mas não tanto para borrar por completo o tempero do sal. Umas ciboulettes verdinhas por cima davam o toque final.
- Ei, amigo, dá pra me explicar como se come isso? – perguntei ao garçom, dispensando a formalidade.
- O senhor pode procurar o que houver de carne aí dentro. Se quiser, pode usar a mão também. Eu lhe trago depois um pano úmido quente para limpá-la.
Ah, era tudo o que eu queria ouvir. Dei início à Operação Cabeça de Pargo. Foi muito mais fácil do que se pode imaginar. Incrível o que se pode extrair de carne da peça; uma carne bastante macia, um pouco mais forte do que a do filé, mas não a ponto de causar estranhamento ou deixar algum tipo de catinga – sabe catinga, né? Tipo de ovelha lanuda, peixe estragado...etc? Não, a carne já é adaptada ao paladar mais banal. O único senão pode ser o visual: aquele peixinho ali, com os olhos baços e mareados, um olhar triste e ainda os dentes serrados, ameaça inofensiva. Garotas e rapazes sensíveis podem não gostar.
Mas o melhor de tudo, tenho de admitir, não é nem o sabor convidativo. É a batalha, o desafio de virar e revirar a cabeça, com a ponta dos dedos e os hashis. Traçar bochecha, escamas, língua e miolos (se é que peixes têm línguas e miolos). Comer tudo, incansavelmente, até restarem apenas os ossinhos e cartilagens no prato. E então, a satisfação de ver aquela cabeça estraçalhada, suprema vitória marcada por mãos e beiços lambuzados, resquícios de um adversário totalmente derrotado. Ou quase totalmente. Ali ainda ficaram os olhinhos baços e tristes, testemunhas oculares da devastação, escondendo, lá no fundo, a ameaça de vingança, a regeneração do monstro.
Não, não cometerei esse pecado de novo. Da próxima vez, vou até o fim. Como, ah se como aquelas duas bolinhas viscosas e borrachudas. Ainda que me revirem o estômago. Me aguardem.
quarta-feira, março 04, 2009
terça-feira, março 03, 2009
segunda-feira, março 02, 2009
sexta-feira, fevereiro 20, 2009
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
braços nem pernas. Um dia, Cotoco foi convidado para ir à praia com
seus amigos:
-Mas eu não sei nadar - falou Cotoco.
-Não tem problema, só vamos jogar futebol. Nós cuidamos de você.
-Tá certo,eu vou.
Na praia, depois de muito jogar, os amigos de cotoco foram pra casa e
esqueceram o pobre menino na areia.
Quando a praia já estava esvaziando, e a maré subindo, passou um bêbado passou e viu Cotoco
gritando por socorro.
Ao pegá-lo, colocou-o na água e falou:
-Vá tartaruguinha.Vá.
domingo, fevereiro 15, 2009
quinta-feira, fevereiro 12, 2009
"Hoje 2o dia de Patagonia ja vimos o que eh um GLACIAR, o Perito Moreno. Eh uma coisa gigantesca, um absurdo, da uma ideia muito primitiva, assim era nosso Planeta quando comecou? Uma coisa linda, azul por dentro, o lago verde, as monta nhas em vlta, aquele branco imenso mais branco ainda por causa das nuvens que choviscavam gelado nas bochechas mas nao importa, isso eh lindo demais. Eu e a Cris ate agora nos dando suuuperbem, conseguindo rir nos momentos mais dificeis quando preciso. Amanha vamos para El Chalten onde esta o Fitz Roy, ai faremos um trekking de 3 dias acampando, mas todos dizem q eh barbada, que eh pequeno e cheio de gente aih.Dia 14 partimos para a grande jornada, Torres del Paine, onde caminharemos com as barraca nas costas durante 7 dias, em nome das paisagens mais fantasticas que existem.
Mandem emails vcs tambem, contando as novidades, ok?"
Acho que fui meio bruto na resposta:
"Não mando novidades para ípies. Odeio ípies."
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
domingo, fevereiro 01, 2009
João Pedro era ranhento, a cara sempre borrada de preto, mistura de ranho e terra amealhada no pátio de casa, nas caixas de areia, no barranco do Ipa. Andava todo esfarrapado, molambento, de camiseta branca, sempre suja, às vezes rasgada. Tinha tudo para ser uma criança linda, loirinho, bonitinho, mas também não calhava de pentear o cabelo. E era bagaceiro que só.
Morava numa casa rodeada por um baita muro lá na rua Silveiro, altos do morro Santa Tereza. O pátio tinha um cachorrão e mais desafios que um campo de paintball, ao menos lá de baixo, de onde as crianças viam tudo, assim parecia. Na varanda, havia um alvo onde adorávamos jogar dardos, brincadeira de gente grande. Não lembro bem, mas acho que a família dele era meio bagunçada, de uma bagunça comovente. Pelo menos o irmão mais velho, o João Cláudio, colega do Bento, era um cara atrapalhado.
João Pedro estudou comigo na pré-escola. Vivíamos juntos. Até que deixamos o IPA para começar a primeira série. Cada um para o seu lado, paramos de se ver, de se telefonar. Eu fui para o Aplicação e ele não lembro. Só sei que uns anos depois estudou no Instituto de Educação, ao lado do meu colégio. Às vezes passava pelo nosso pátio. Quando o via, eu corria para a tela que cercava a cancha de futebol. Conversávamos como amigos que jamais tinham se separado. Mas não trocávamos telefonemas nem nada.
Nunca esqueci o João Pedro. Quando meu filho nasceu, quis batizá-lo com o nome do meu colega. A Rafa achou melhor não, o guri já ia ter muito sobrenome. Ficou só João mesmo, o único entre todos os nomes do mundo que agradava a nós dois. Há uns anos, o Bento contou-me que uma ex-namorada dele disse que era colega do meu velho companheiro na faculdade de medicina. Deve ser médico, o João Pedro. Decerto já sabe assoar o nariz. Ao menos para entrar na sala de cirurgia.
P.S.: se alguém sabe dele, comenta aí embaixo.
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O texto acima é o segundo da série perfis. O primeiro saiu em janeiro de 2006 – há três anos! Para quem não lembra, segue:
Winnie
Winnie tinha seis anos e cabelos angelicais. Era um doce de criança, um narizinho de batata misturado com ricos cachinhos louros. Morava com a mãe, a tia e a avó - todas muito insanas e muito bacanas - em um sobrado de classe média em um bairro de classe alta de Niterói. Era prima da minha então namorada Rebeca, com a família de quem passávamos uns dias no litoral carioca.
Foi me ver e Winnie se apaixonou por mim. Acho que com ela aprendi a gostar de crianças. Por causa dela, me dei conta que eu então já era um tio para a piazada. Pela primeira vez, estava mais para pai do que para irmão.
Não lembro bem como ela gostava de mim, as coisas que dizia. Sei que estava sempre às voltas, me convidava para brincar de boneca, pulava no colo, conversava, conversava, conversava e fazia bagunça na praia. Eu a levava para tomar banho de mar, ameaçava deixá-la sozinha no fundão. Ela andava na minha garupa na areia. Eu perguntava sobre bonecas e sobre brinquedos e fazia esforço para educá-la.
De repente, aquela menina, cujo súbito amor por mim impressionou a todos, passou a me odiar. Ódio mortal. Por nada. A família não entendeu. Eu tampouco. Fiquei muito constrangido, porque parecia que eu tinha maltratado o anjinho às escondidas. E não havia jeito de reconquistar a guriazinha. Quando fomos embora e ela tinha de voltar para o seu quarto - de onde temporariamente foi desalojada para dar lugar aos hóspedes - se negou.
- Só volto se alguém passar um aspirador pra tirar vermes deste quarto - disse no seu adorável sotaque carioca, externando todo o nojo que passou a nutrir por mim.
Nunca mais via a Winnie. Final do ano passado, me mostraram uma foto dela na formatura da Rebeca. Uma linda mulher de 16 anos, com um chapéu de caubói, e fazendo pose de sem-vergonha. Adorável e perigosa Winnie.
Com o João, aprendi o real sentido da palavra inocência. Meu filho é a primeira pessoa que conheci totalmente isenta de culpa. Dele, eu tudo relevo, tudo perdoo. Até as ofensas mais ignóbeis, como mijar no papai, lançar um jato de cocô na roupa da mãe ou abrir o berreiro no meio do último capítulo d'A Favorita. Alguém pode dizer: que coisa óbvia! Mas uma coisa é saber como funcionam as coisas; outra é experimentá-las. Certamente a palavra inocência tem um significado diferente para nós, pais e mães, do que para o resto do mundo.
Meu filho não tem culpa de nada. Está com fome? Culpa da mãe, que não ofereceu a teta. Arranhou-se com as prórias unhas? Culpa do pai, que não ficou de olho. Foi picado por mosquitos? Culpa nossa, que não o cobrimos. Creio que é dessa inculpabilidade da criança que advém o sentimento de escravidão na nossa relação com os filhos. Qual o pai que não se surpreendeu ao se ver, pela primeira vez, escravo de uma coisinha de apenas 4 quilos (o João já tem seis) e poucos dias de vida?
No fundo, até isso é culpa nossa.
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Mais uma coisinha: como sei que as gurias são abobadas por mim, mando uma fotita. Pero no se olvidem, chicas: no me acosen. Por ahora soy de mi mamá. Hablamos en unos años. Besitos, Juan.
terça-feira, janeiro 27, 2009
sexta-feira, janeiro 23, 2009
http://br.youtube.com/watch?v=GG55Ze_Dj20
A propósito. O vídeo suscitou uma série de reações controversas. Constrangimento, pena, hilariedade, solidariedade, simpatia. Mas acho que a melhor análise foi a do Tiago Ritter.
"se a gente assiste a um alemao, russo ou japones tentando falar portugues e se atrapalhando todo nas palavras, a gente fica comovido e acha legal o esforço da pessoa em falar o nosso idioma. acha bonitinho. é isso, também, que eu acho dessa entrevista. tá longe de eu morrer de rir. simpatizei mais ainda com o esforço do neguinho que mal sabe falar português, tentando falar o ingrêis. e sim, to meio poliana hoje."
Quer dizer, eu acho que esta manifestação é do Tiago, mas posso ter me atrapalhado em meio às montanhas de e-mails. Até porque as palavras não estão condizendo muito com a pessoa.
sexta-feira, janeiro 16, 2009
Se vocês não sabem, o que eu mais gosto neste mundo é de gente. Por isso, adoro fazer perfis. Segue o de hoje.
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A cruzada por uma pecuária moderna
Sebastião Ribeiro
Se tem algo que tira o veterinário Rafael Saadi do sério é a produtividade da pecuária gaúcha. Descendente de uma das mais tradicionais famílias de fazendeiros do Estado, o proprietário de três estabelecimentos rurais tem dedicado os últimos cinco anos a uma cruzada pessoal para disseminar técnicas que garantam mais eficiência na produção de gado.
_ A produtividade da pecuária gaúcha é de 50 quilos (vivos) por hectare, só que todo mundo tem vergonha de falar isso! Mas tudo bem, nem vamos entrar nessa polêmica. Vamos assumir os números oficiais, que são de 75 quilos por hectare (dados do Programa Juntos para Competir). Nós podemos passar disso para mais de 1 mil quilos por hectare apenas com fertilização do solo, manejo do gado e uso adequado das forrageiras _ brada Saadi, alguns tons de voz acima do que a conversa a dois em seu pequeno escritório na Capital sugere.
Quem conhece o produtor certamente já ouviu esse discurso, repetido sempre em palestras e reuniões de amigos. Recentemente, no entanto, a tese de Saadi ganhou força junto ao governo do Estado. Em entrevista a Zero Hora, o secretário do Desenvolvimento, Mateus Bandeira, citou o produtor rural como exemplo de que a pecuária gaúcha pode evoluir. Estimativa da secretaria, com base em dados da Fundação de Economia Estatística dão conta de que, se a produtividade da pecuária gaúcha quadriplicasse, o impacto positivo no Produto Interno Bruto estadual seria de R$ 12,8 bilhões. A convicção dos técnicos de que esses números são possíveis é reforçada pela experiências de Saadi, já relatadas pelo produtor a um grupo de secretários e membros do primeiro escalão do Palácio Piratini. Em cinco anos, desde que começou um projeto de modernização das técnicas na menor de suas propriedades, a Fazenda Cerquinha, de 530 hectares, em Vacaria, a produtividade saltou de menos de cem quilos de boi por hectare para 583 quilos. Esse resultado é exaltado em palestras que o pecuarista costuma dar em clubes de produtores, sindicatos rurais e outras associações.
_ O meu interesse é incentivar os produtores do Estado a deixar de serem como eu mesmo era, quando preferia comprar campo do vizinho, em vez de investir mais na minha área. Com essa mentalidade, estamos morrendo aos poucos. E todos temos responsabilidade por isso _ desabafa Saadi.
O escritório do produtor rural fica em uma casa modesta de madeira, escondida feito fortaleza atrás de um muro alto com câmera de vigilância. A simplicidade do local contrasta com os modos elegantes e a gravata bem alinhada do encarregado que abre a porta. Postado atrás de um mini laptop e defronte a uma grande televisão, Saadi consulta com frequência o livro que publicou ano passado detalhando o sistema de produção que propõe. Atrás do produtor, um quadro do início do século passado mostra a paisagem da fazenda Três Marias, do avô, em Bom Jesus: um rebanho à beira do açude, tendo um capão de mato com araucárias ao fundo. É a vista da sede da propriedade, a primeira a ter luz elétrica na região, antes mesmo das cidades. O fazendeiro, no entanto, garante que suas propostas não são apenas para a elite rural da qual faz parte.
_ Pelo contrário. São melhores para a pequena propriedade, para os assentamentos de reforma agrária. O pequeno produtor pode usar o dejeto do do suíno ou do frango que cria para fertilizar o solo. E pode semear a pastagem e manejar o gado sozinho _ afirma Saadi.
A convicção de que é possível multiplicar a produtividade gaúcha e chegar aos 1 mil hectares, o produtor tira de suas viagens periódicas ao Exterior. Mesmo quando vai acompanhado da família _ é casado e tem cinco filhas _, Saadi diz aproveitar os roteiros para aprender, visitando fazendas em outros países. Seu modelo ideal é a Nova Zelândia, que teria características semelhantes ao Rio Grande do Sul, e ostenta produtividade de 1 mil quilos de boi por hectare ao ano. Na Fazenda Cerquinha, o produtor pretende chegar a essa marca em 2010.
Saadi fala como um sonhador. Seu sonho ultrapassa as porteiras das próprias terras. Tem algo de transcendental, que fica mais fácil de entender ao se ouvir uma passagem de sua vida.
_ Aos 18 anos, eu tencionava tirar física nuclear nos Estados Unidos. Porque, como homem do campo, quando me deitava na relva à noite e olhava o firmamento, me dava conta da pequenez da gente diante do universo. E o átomo tem as mesmas forças de atração e repulsão do universo. Mas, por pressão da família, terminei tirando medicina veterinária em Porto Alegre.
Se desistiu de lidar com as forças do átomo, Saadi não cansa de desafiar a inércia da pecuária gaúcha. Para muitos, suas propostas não passam de utopia. A diferença é que agora ganham chance de virar realidade e extrapolar as porteiras das fazendas administradas pelo pecuarista. Podem compor um programa estadual de aumento da produtividade da atividade mais tradicional da economia gaúcha, em gestação na Secretaria do Planejamento.