Com o João, aprendi o real sentido da palavra inocência. Meu filho é a primeira pessoa que conheci totalmente isenta de culpa. Dele, eu tudo relevo, tudo perdoo. Até as ofensas mais ignóbeis, como mijar no papai, lançar um jato de cocô na roupa da mãe ou abrir o berreiro no meio do último capítulo d'A Favorita. Alguém pode dizer: que coisa óbvia! Mas uma coisa é saber como funcionam as coisas; outra é experimentá-las. Certamente a palavra inocência tem um significado diferente para nós, pais e mães, do que para o resto do mundo.
Meu filho não tem culpa de nada. Está com fome? Culpa da mãe, que não ofereceu a teta. Arranhou-se com as prórias unhas? Culpa do pai, que não ficou de olho. Foi picado por mosquitos? Culpa nossa, que não o cobrimos. Creio que é dessa inculpabilidade da criança que advém o sentimento de escravidão na nossa relação com os filhos. Qual o pai que não se surpreendeu ao se ver, pela primeira vez, escravo de uma coisinha de apenas 4 quilos (o João já tem seis) e poucos dias de vida?
No fundo, até isso é culpa nossa.
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