terça-feira, fevereiro 08, 2005

Como sei que muitos de vocês são uns preguiçosos, não se esforçam nem para dar três cliques, embora não se cansem de coçar o saco, e nunca irão atrás do Papalagui, fiz a pesquisa e aqui lhes apresento trechos do texto do samoano catados no site http://urbi.ubi.pt/ (não acessem, não tem graça - eu disse NÃO acessem!!!).
Segundo rápida busca na Internet, o livro O Papalagui é a descrição da civilização européia feita por Tuiavii, chefe de uma tribo samoana, reproduzida pelo alemão Erich Scheurmann e publicado em 1920. É um texto muito cultuado por comunidades alternativas e que recomenda-se ler paralelamente aos escritos antropológicos de Levi-Strauss. Em tempo: há dúvidas quanto ao fato de o relato ser mesmo de um samoano. Mas isso não interessa.

"O Papalagui (homem branco) é pobre porque vive obcecado pelas coisas, sem as quais já não consegue viver. Quando do dorso da tartaruga faz uma ferramenta que alisa os cabelos (...) o Papalagui ainda faz uma pele para a ferramenta e para esta pele faz um pequeno baú e para o pequeno baú faz outro grande; tudo ele coloca em peles e baús. Tem baús para as tangas, para as roupas de cima e de baixo, para os panos com que se enxuga, com que limpa a boca, e outros panos mais; baús para as peles que põe nas mãos e para as peles que põe nos pés, para o metal redondo e para o papel pesado, para as provisões de boca e para o livro sagrado, para tudo mesmo. Ele faz muitas coisas, quando apenas uma é suficiente.
(...)
Destruindo, onde quer que vá, as coisas do Grande Espírito (a natureza), o Papalagui com sua própria força pretende dar vida, novamente, àquilo que matou.
(...)
É difícil para Papalagui não pensar. É difícil viver com todas as partes do corpo ao mesmo tempo. É comum ele viver só com a cabeça enquanto todos sentidos dormem profundamente. Por exemplo, quando o belo sol brilha, o Papalagui pensa imediatamente: ´Como o sol brilha agora, que beleza!´ E continua pensando: ´Como o sol está brilhando, como está bonito!´ Isto está errado, inteiramente errado, absurdo, porque o melhor é não pensar em nada quando o sol brilha. O Samoano inteligente estira os membros à luz quente do sol e não pensa em nada. Ele recebe o sol tanto com a cabeça quanto com as mãos, os pés, as coxas, a barriga, todas as partes do corpo. Ele deixa que a pele e os membros pensem por si; e certamente eles também pensam de uma forma diferente da cabeça. (...) Pensa em coisas alegres, é certo, mas sem sorrir; pensa certamente em coisas tristes, mas sem chorar. (...) O Papalagui quase sempre vive em combate perpétuo entre sentidos e seu espírito; ele é um homem dividido em dois pedaços."

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