domingo, dezembro 14, 2025


Shelties Brasil: em comum, nossos pequenos pastores

Por @sebribeiro

Darwin não se debruçou sobre as Ilhas de Shetland, muito menos sobre seus pequenos pastores - mas bem poderia: era britânico e estudava cães. Preferiu as tropicais Ilhas Galápagos para entender a evolução das espécies. Tivesse voltado para o Norte da Escócia chegaria às mesmas conclusões.

No Arquipélago de Shetland, os invernos são longos e os verões, fugazes. Chega a fazer zero grau nos meses mais gelados. E a sensação térmica? Bem abaixo de zero. Porque venta barbaridade! O território das ilhas é pequeno, as encostas são íngremes, o terreno é pedregoso e as gramíneas, ralas.

Sem fartura de alimentos, sobrevivem apenas os animais de pequeno porte. Foi assim que por ali se desenvolveram pôneis e pequenas ovelhas. E para cuidar delas? Pequenos pastores! Eles deviam ser ágeis para tocar o rebanho e também barulhentos, para afastar outros animais das plantações de grãos voltados ao consumo humano - agora você entende o 'volume' do latido do seu sheltie? 

Tão perfeitos eram estes pequenos pastores, que no século XIX baleeiros passaram a levar exemplares para a Grã-Bretanha (imagino que os pastores devem ter babado e vomitado à beça nos barcos), onde foram cruzados com collies e outras raças. Em 1909 tínhamos, enfim, na Inglaterra, o primeiro Pastor-de-Shetland registrado.

Passam-se 109 anos. Já temos Internet, Facebook, WhatsApp. Tem sheltie por todo o mundo. Até na Indonésia! Até no Brasil! Estamos em dezembro de 2018. Aqui nos trópicos, o 'zapzap' é a onda do momento. Pelas redes sociais e mensagens, começam a aparecer convites para que os tutores de shelties entrem em um novo grupo: Shelties Brasil. A mãe do Max e da Kiara achou que seria legal, foi lá e fez!

Para participar, bastava ter um sheltie... Não importa cor, credo, classe social ou sotaque. Somos 256 participantes, com muitas diferenças, mas uma semelhança fundamental: o amor ilimitado pelos nossos pequenos pastores. É desse amor que brotaram novas chances de vida para cãezinhos como o Luigi, Amelie, Amêndoa, Bóris, Zara, Dhara, Gael e novas famílias para Eddy, Sam e Maya.

Juntos, a gente resgata, faz aumigo-secreto, organiza lindos encontros, cria bandanas e agendas; aprende e ensina a dar banho, pentear, educar, alimentar, passear, garantir saúde e bem-estar para nossos cãezinhos; troca infinitas fotos - e tem vezes que um simples jpg de um aumigo basta para transformar o tédio de uma tarde modorrenta em sorriso e esperança.

Mas juntos fazemos muito mais. A gente fala de Joico, Game of Thrones, Quenga, Cachaça e troca receitas Mastershelties. Dividimos nossos amores, humores, ansiedades e alegrias. Vibramos com as conquistas de cada um - e sofremos com as dores. Sentimos falta de quem nunca abraçamos. E descobrimos que amigo também é aquele que acolhe com um sticker, emoji ou lambeijo virtual.

O grupo dá tão certo, que não falta gente que acredita em conspiração Tropical Sheltie ou algoritmos para selecionar participantes. Bobagem! Funciona assim: entra todo mundo; fica quem ama tanto seu sheltie a ponto de resistir a 2 mil mensagens por dia (se for um dia normal...). 

Em resumo, o Shelties Brasil é a maior experiência darwinista da Internet brasileira, e a gente faz parte dela!

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